Publicado em: 16 de julho de 2025
Em relação a violência, terça-feira (15) foi um dos piores dias, com criança ferida e ações sequenciais em vias de grande movimento em plena luz do dia
ADAMO BAZANI
A SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora das linhas municipais da capital paulista, em resposta ao Diário do Transporte, atualizou na manhã desta quarta-feira, 16 de julho de 2025, o número de ataques a ônibus desde 12 de junho de 2025, quando começou a onda de depredações: 466 só na capital; 36 na terça (15). No Estado, foram mais de 750
Em relação a violência, terça-feira (15) foi um dos piores dias, com criança ferida e ações sequenciais em vias de grande movimento em plena luz do dia.
Veja cobertura:
A cidade de São Paulo e a região metropolitana tiveram um dos dias mais violentos em relação aos ataques contra ônibus, nesta terça-feira, 15 de julho de 2025.
Foram cerca de 50 coletivos depredados em menos de 24 horas, considerando os diferentes sistemas de transportes, entre municipais da capital paulista (SPTrans), metropolitanos intermunicipais e Corredor ABD (Artesp, ex-EMTU) e municipais de cidades vizinhas da capital, como Diadema, Osasco, Itapevi e Cotia. No caso mais grave, na Avenida João Jorge Saad, na zona Sudoeste, um menino de 10 anos de idade que estava num ônibus da empresa Alfa Rodobus, ficou ferido com estilhaços de vidro. O garoto foi levado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e foi liberado. Uma mulher que estava num ônibus do Corredor ABD, da NEXT Mobilidade, outro passageiro, num veículo municipal da capital paulista, da empresa MobiBrasil, também sofreram ferimentos no surto de ataques desta terça-feira (15).
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) da capital paulista deteve dois adolescentes suspeitos de ataques, com pedras nas mochilas, também na tarde desta terça-feira (15). Eles foram conduzidos para o Distrito Policial de número 96, na região do Brooklin, zona Sul.
Somente no sistema SPTrans (municipal de São Paulo), foram 26 coletivos, apenas na parte da tarde, em especial na zona Sul, em vias como Avenida Cupecê e Avenida Vereador José Diniz, e a Oeste, como Rodovia Raposo Tavares. Pela manhã, já houve outros registros, elevando para ao menos 458 ônibus desde 12 de junho de 2025. *Em todo o Estado de São Paulo, o acumulado já passa de 750*. Do Corredor ABD, apenas na tarde desta terça-feira (15), a empresa NEXT Mobilidade relatou ao *Diário do Transporte* pelo menos seis coletivos depredados. *Contanto desde o início da onda de depredações, apenas este grupo empresarial (NEXT Mobilidade – metropolitano e BR 7 Mobilidade – municipal de São Bernardo do Campo), teve cerca de 100 ônibus vandalizados, o que significa quase 20% de toda a frota*.
O Diário do Transporte recebeu em primeira mão os relatos iniciais dos crimes que ocorreram de forma sequencial em diferentes regiões da capital paulista e da região metropolitana entre o fim da manhã e ao longo da tarde. Tudo ocorreu praticamente de forma simultânea, como se fosse um surto.
*ADAMO BAZANI, JORNALISTA ESPECIALIZADO EM TRANSPORTES – MTB- 31521*
*Diário do Transporte*
GAROTO FERIDO:
O menino Nicolas, de 10 anos, foi atingido por estilhaços de um vidro do ônibus atacado onde ele estava. O caso ocorreu na Avenida Jorge João Saad, na região do Morumbi, e envolveu um ônibus da empresa Alfa Rodobus, que fazia a linha 746H-10 Jardim Jaqueline / Santo Amaro.
Imagens feitas do ônibus depois do ataque mostram vidros de ao menos duas janelas atingidos, um no meio completamente quebrado, na região da área reservada para fixação de cadeira de rodas ou permanência de cão guia e outro vidro trincado.
O garoto foi medicado e liberado em seguida, sem riscos.
Os usuários ainda relataram que os coletivos foram atingidos por bolinhas de gude, quando passavam pelo local.
Outros ônibus da mesma empresa também foram vandalizados nas imediações.
O Diário do Transporte também recebeu relatos de ônibus depredados nesta terça-feira na rodovia Raposo Tavares em veículos como da Transppass. Na Avenida 23 de Maio, na região central, também foi atingido um ônibus da empresa Viação Metrópole Paulista, da base operacional que vai para a zona Sul.
Ocorreram atentados em vias como Vicente Rao, João de Lucca e Av. Cupecê com veículos da A2, Grajaú e NEXT Mobilidade.
Em Osasco, na Grande São Paulo, na região da Avenida dos Autonomistas também ocorreram ataques com ao menos cinco ônibus danificados. Casos em Cotia, Itapevi e Diadema marcaram a tarde.
Ainda na parte da tarde, seis coletivos da NEXT Mobilidade foram depredados no Corredor ABD, que faz a ligação entre
Mais cedo, houve depredações na Radial Leste, com ônibus da empresa Viação Metrópole Paulista sendo atingidos.
Considerando todos no Estado, como os municipais der São Paulo, os intermunicipais metropolitanos, os do litoral paulista e os municipais das cidades vizinhas da capital, já são mais de 750.
Em nota ao Diário do Transporte, a SPTrans (São Paulo Transporte) informou que apenas na capital paulista foram registrados 26 ataques:
“A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações. Desde o 12 de junho, as empresas operadoras relataram que 458 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados, sendo 26 na tarde desta terça-feira (15). Os atos aconteceram de forma distribuída por todas as regiões da cidade.
A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais. Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada.”
Já a Prefeitura de Diadema (SP) informou que houve um caso registrado nesta terça-feira (15):
“Em resposta a sua solicitação, a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Diadema informa que registrou uma ocorrência de vandalismo a ônibus da linha municipal no início da tarde desta terça-feira (15/07). O veículo da linha 35D (Terminal Diadema Centro – Jardim Luso), foi atingido por uma pedra na avenida Presidente Kennedy, próximo ao Terminal Metropolitano, na região central. Não houve vítimas.
Com esta ocorrência, a Prefeitura registra dois casos de ataques a ônibus municipais neste mês. O primeiro foi em 4 de julho, na Avenida Alda, em veículo da linha 31D (Terminal Diadema Centro – Vila Paulina), no trecho que passa pelo município de São Paulo. O vidro do letreiro foi quebrado, sem registro de vítimas.”
Confira também o comunicado da Prefeitura de Osasco sobre a onda de vandalismos:
“Até esta terça-feira, 15 de julho, o município de Osasco registrou 19 ocorrências envolvendo ônibus apedrejados. Os ataques aconteceram em diferentes pontos da cidade e, até o momento, não há registro de vítimas.”
LINHAS DE INVESTIGAÇÃO:
A Polícia Civil considera três como principais
– DESAFIOS DA INTERNET: Tese de motivação por jogos online e desafios entre jovens não foi descartada, mas perde força com o avançar das apurações, números de casos e características das ações;
– CRIME ORGANIZADO E REAÇÃO DE EMPRESAS: A insatisfação de empresas com supostas ligações com o crime organizado e que perderam os contratos passa a ser investigada com maior rigor. O 8Diário do Transporte* divulgou documento que, para investigadores, pode ser peça-chave nesta linha de apuração. As depredações em massa começam no mesmo dia em que prefeitura de São Paulo assinou despacho que viabiliza transferência de contratos entre a Transwolff, empresa que foi alvo de operação do MP (Ministério Público) por suspeita de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e a Sanceutr (companhia selecionada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes para assumir no lugar). A Polícia Civil de São Paulo investiga se há alguma relação entre os fatos, mas ocorrências onde não há nenhuma relação com as duas empresas ainda colocam em dúvida se esta seria uma das motivações. O ABC Paulista, por exemplo, é um dos principais palcos dos ataques e não têm ligação direta com esta transferência.
Os policiais não descartam que esta sim pode ser uma das motivações entre várias, já que, regionalmente, oportunistas podem ter aproveitado o início da “onda” para fazer os seus acertos locais. Ou pior; um recado do crime organizado de demonstração de força com a seguinte mensagem: não mexa com nossos interesses locais que o Estado todo pode pagar. Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes