Publicado em: 15 de maio de 2025
Viação teve problemas com a ENEL para a ligação de energia na garagem, mas serviço já foi feito. Veículos sem rodar estão na conta dos R$ 300 milhões que Mercedes-Benz diz que entregou, mas não havia recebido da prefeitura. SPTrans diz que não há atrasos
ADAMO BAZANI
OUÇA:
Ao Diário do Transporte, o diretor da Mobibrasil, Manoel Marinho, anunciou com exclusividade que, ainda neste ano de 2025, a empresa que atua na zona Sul da capital paulista, terá uma frota total de 100 ônibus elétricos, dos quais, 50 para as linhas cobertas pela garagem do Jabaquara e outro 50 para a garagem da região da Estrada do Alvarenga.
A viação diz que há 17 coletivos deste tipo parados atualmente porque a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema de linhas da cidade, não libera os recursos necessários para o pagamento ao fabricante. A gestora da prefeitura nega atrasos e diz que recebeu o pedido da empresa para a inclusão dos veículos recentemente, que os trâmites de análise previstos em lei estão no prazo e logo dará a resposta para a viação (VEJA A ÍNTEGRA AO FINAL).
Estes ônibus fazem parte da conta dos R$ 300 milhões que Mercedes-Benz diz que se referem a veículos que já entregou, mas não havia recebido ainda da prefeitura.
Na ocasião, em abril, como mostrou em primeira mão o Diário do Transporte, o vice-presidente da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, gravou à reportagem que os débitos se arrastavam por vários meses e propôs até mudança na forma de financiamento. Atualmente, o dinheiro só é pago depois de o ônibus ter sido liberado para operar. Ocorre que os coletivos não podiam rodar porque a ENEL não fazia as adequações na rede elétrica de distribuição.
O executivo da Mercedes-Benz propôs que os recursos fossem liberados para cada etapa do ônibus elétrico. Se o fabricante entregasse, receberia. Se a empresa pagasse ao fabricante, receberia e se a ENEL ligasse a rede, receberia. Hoje, se um elo da cadeia falha, impedindo a circulação dos ônibus, todos os outros não recebem, mesmo fazendo sua parte.
O prefeito Ricardo Nunes recusou a proposta do vice-presidente da Mercedes-Benz. Segundo Nunes, o dinheiro, obtido pela prefeitura por linhas de financiamento é público e, como tal, só pode remunerar ônibus que estejam de fato prestando serviços à população e não apenas parados integrados ao patrimônio das viações.
Relembre:
A Mobibrasil foi uma das que ficaram com ônibus parados sem poder funcionar pelo fato de a ENEL não ter providenciado adequações na rede de distribuição a ligação para a garagem do Jabaquara, que chegou a ter 33 veículos sem rodar.
Após o Diário do Transporte ter mostrado a situação, o caso repercutiu e a ENEL concluiu os serviços.
Relembre:
Segundo Marinho, a frota da Mobibrasil já conta com 50 veículos elétricos: 13 já operam e 20 estão prestes a entrar em funcionamento, além destes 17 cuja liberação de dinheiro não foi concluída.
Apesar da queixa da Mobibrasil, o tom do diretor da empresa é de entusiasmo, elogiando a eletrificação, chamando-a de importantíssima para a humanidade.
“Oi Adamo, com relação a nossa frota elétrica a gente tem 13 carros em operação, tem 20 carros que estão entrando essa semana, perfazendo o total de 33 carros em operação de frota elétrica e mais 17 que estão em processo de subvenção junto a SPTrans e o BNDES, que até o final do mês também entrarão em operação, então perfazendo o total de 50 carros, ou seja, próximo a 10% da nossa frota. A previsão é que no segundo semestre, a gente adquira também mais 50 carros para a operação da garagem de Alvarenga. Então é fundamental esses carros elétricos, é um processo que a gente analisa, é importantíssimo tanto para a cidade quanto para o país, então eu acho que nós estamos fazendo parte de uma mudança da matriz energética, importantíssimo para a humanidade” Então esse é o número, até o final do ano a gente tem mais 50 carros, perfazendo o total aí de 100 carros da nossa frota.. – disse
Os ônibus que virão são da marca Mercedes-Benz (modelo eO500 U – piso baixo elétrico) com carroceria da Caio (eMillennium), do tipo padron de dois eixos.
OUTRO LADO:
Em nota ao Diário do Transporte, a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora da prefeitura, negou atrasos e pendências na liberação de recursos. Segundo a gestora, o pedido da Mobibrasil sobre os recursos dos 17 ônibus está dentro do prazo para as análises.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e da SPTrans, informa que não há qualquer atraso ou pendência financeira relacionada à aquisição de ônibus elétricos. A SPTrans recebeu a solicitação para a inclusão de 17 novos ônibus da Mobibrasil e está realizando as análises pertinentes, além de acompanhar o trâmite junto à Secretaria da Fazenda para a liberação dos valores com os bancos financiadores. A Mobibrasil já opera com 13 ônibus elétricos e teve autorização concedida para outros 20. Agora, a concessionária deverá providenciar o licenciamento e emplacamento para esses coletivos, permitindo a inclusão deles no sistema municipal de transporte público.
RECURSOS INTERNACIONAIS E ELETRIFICAÇÃO ATRASADA:
Nesta segunda-feira, 12 de maio de 2025, a Prefeitura de São Paulo anunciou que BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) liberou um financiamento de R$ 1,4 bilhão (US$ 248,3 milhões) para a compra de ônibus elétricos.
O recebimento do dinheiro já estava previsto dentro das estimativas de R$ 6 bilhões em linhas de crédito obtidas pela prefeitura para a eletrificação da frota.
sobre os recursos liberados nesta segunda-feira, 12 de maio de 2025, a prefeitura de São Paulo reafirmou a promessa de que até o fim de 2028 serão implantados na cidade 2,2 mil ônibus menos poluentes, o que incluiu outros modelos, como biometano (gás obtido da decomposição de resíduos) e GNV (Gás Natural Veicular).
A meta é inferior aos 2,6 mil ônibus elétricos prometidos em 2021 até o fim de 2024. Atualmente, são apenas 527 ônibus elétricos a bateria de uma frota total de 13 mil coletivos municipais.
Como desde 17 de outubro de 2022, as viações não podem comprar modelos a óleo diesel 0 km, a frota atual envelhece e a SPTrans (São Paulo Transporte) aumentou de 10 anos para 13 anos a idade máxima permitida dos veículos, o que resulta em coletivos mais velhos, menos confortáveis (sem ar-condicionado, por exemplo) e que tendem a quebrar mais.
O principal motivo para o não cumprimento da meta, segundo a prefeitura e as viações, é que a distribuidora de energia ENEL não fez as ligações necessárias nas garagens e também não aumentou a rede de tensão dos bairros, elevando de baixa tensão para média ou alta tensão.
Em alguns casos, se 50 ônibus ou mais carregarem ao mesmo tempo, pode cair a energia dos bairros. Por causo disso, há cerca de 80 ônibus elétricos na cidade, parados sem poder operar.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes