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Passageiros querem o essencial, mas se ligam sim nos detalhes


Um asseio com mais carinho e capricho pode fazer a diferença no dia de um usuário de transporte coletivo

ADAMO BAZANI

Colaboraram Yuri Sena e Vinícius de Oliveira

AO FIM DO TEXTO, VÍDEO COM AS PALAVRAS DOS PROFISSIONAIS RESPONSÁVEIS PELO TRABALHO NO ÔNIBUS QUE CHAMOU A ATENÇÃO E DE UM ESPECIALISTA EM ESTÉTICA AUTOMOTIVA, ROBSON KRESSE, QUE DIZ QUE SIM: É POSSÍVEL, BARATO E RÁPIDO DEIXAR UM ÔNIBUS BRILHANDO COMO CARRO PARTICULAR E FAZER DO PASSAGEIRO, UM CLIENTE

Claro que qualquer usuário do transporte coletivo quer, precisa e merece o essencial: segurança, pontualidade, frequência, tarifa adequada, funcionários educados, veículos conservados, viagens rápidas…

Mas parece que no dia a dia da correria dos transportes, apesar do discurso, as empresas de transportes, sejam de ônibus e trilhos, esquecem que COMO CLIENTES, os passageiros se ligam também nos detalhes. Aquele tipo de cuidado que, sem o qual, o serviço vai ser prestado de todo o jeito. Mas se tiver esta atenção, o passageiro vai se sentir prestigiado, conquistado e pode fazer a diferença no dia de uma pessoa: rodas e calotas limpas; pneus brilhando; cantinhos de portas, de janelas, de bancos sem aquela poeirinha antiga acumulada; nenhuma lâmpada queimada; lataria com bom polimento sem aqueles risquinhos….

Parece que não, mas tudo isso é importante.

Claro, às vezes o ônibus, trem ou metrô sujam ou riscam na hora e nem dá tempo de recolher… mas o passageiro sabe diferenciar o que é aquele salgadinho que uma criança acabou de deixar cair no chão e aquela poeira de meses nos frisos da janela.

Na última quarta-feira, 21 de maio de 2025, aconteceu um fato curioso com este repórter de mobilidade que sempre defendeu que os detalhes fazem a diferença e não podem ser esquecidos.

Indo para um tratamento de saúde, me deparei com um ônibus de reforço de horário de pico, já até velho… 14 anos nas costas, dentro da tolerância prolongada por causa da transição de contrato da Área 5 (ex-EMTU) e sistema integrado BRT-ABC, Corredor ABD e linhas fora de corredor: Ano 2011, prestes a ser baixado, sem ar-condicionado, defasado tecnologicamente falando e que já deveria até estar se aposentando… o Apache Vip 2, da NEXT Mobilidade, comprado ainda na época da Viação ABC, que também passou pela Publix, surge já para ser recolhido de seu reforço na Rua Gamboa com a Rua Juazeiro, no bairro Paraíso em Santo André (SP), indo para a garagem.

Rodas… pintadinhas e limpinhas;

Lataria… pelos anos de rodagem, em ótimo estado, sem grandes riscos, boa pintura, sem manchas de diesel perto do tanque, sem desbotados;

Vidros limpos, sem manchas, sem escorridos;

Lâmpadas sem nada queimado, desde a sinalização (que por lei não poderia mesmo) até os pontinhos do LED de letreiros e luminárias, por exemplo

Claro, os passageiros precisariam de ônibus mais novos… A empresa tem vários bem mais novos, comprados zero km recentemente, inclusive; mas este especificamente estava de reforço. Precisa ser aposentado, trocado e os usuários merecem novas tecnologias e conforto.

Mas os 14 anos nas costas não tiraram a fato de a conservação estar em dia e os detalhes chamaram a atenção da funcionária deste estabelecimento de saúde que ao ver o ônibus, sem entender de modelos e nem saber do ano de fabricação e nem nada disso, espontaneamente disse, na sua simplicidade: “Olha que ônibus bonito. Olha a roda dele no meio. Tá limpinho né. Os que eu uso poderiam estar assim” 

Os ônibus da linha que a faxineira Maria Francisco José, de Santo André mesmo, usa todos os dias são bem mais novos, alguns têm até ar-condicionado, em quatro opções de linhas municipais… Mas parecem mais velhos do que são de verdade.

Sujos nos cantos, vidros manchados e lataria já com muitos riscos e manchas amarelas nas áreas mais claras. Fora as rodas, no miolo, sempre com marcas de óleo…

Claro que um ônibus de 14 anos precisa estar se aposentando…mas não é sobre isso a reflexão neste texto. Entendam:

Se um veículo “velho assim”, deu boa impressão, imagina um novo?

E pior que na mesma empresa existem novos, de outras garagens do grupo, inclusive de ônibus com maior categoria e porte, como os do Corredor ABD, que não estavam com o mesmo asseio…

Para prestigiar que põe a mão na massa, o Diário do Transporte foi atrás e descobriu a equipe que cuidou do velho Apache Vip 2 (a geração atual é Vip 5)prefixo 81.141, Mercedes-Benz OF1722M (motor Euro 3 de emissão de poluentes – a geração atual é Euro 6 já)

O pessoal deu o recado e falou que realmente os passageiros se ligam nos detalhes mesmo.

O Diário do Transporte também ouviu o especialista em estética automotivo, Robson Kresse, que falou da importância do asseio em veículos grandes e que, apesar de ser trabalhoso, deixar um ônibus com bom aspecto, não é bicho de sete cabeças.

A empresa precisa dar descanso a este ônibus, tá na hora, mas nada tira o mérito da equipe e da boa conservação do veículo, que não foi deixado de lado só por ser velhinho

Veja o vídeo:

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes





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