Publicado em: 5 de junho de 2025
Braço da Hexing, gigante mundial especializada em energia, desenvolveu a criação de uma microrrede que turbina a eletricidade que a garagem já recebe
FÁTIMA MESQUITA, ESPECIAL PARA O DIÁRIO DO TRANSPORTE
Os ônibus elétricos estão aos poucos conquistando o mercado, mas muitas viações do transporte urbano ainda encontram problemas com o fornecimento da eletricidade para as suas garagens. Para isso, a Livoltek desenvolveu uma solução interessante: a criação de uma microrrede que turbina a energia que a garagem já recebe.
Microrredes
A microrrede é uma pequena rede geradora de energia e que, no caso de uma garagem de ônibus, é um sistema on-grid, conectado ao SIN, o Sistema Integrado Nacional. Ela serve tanto como backup no caso de falhas e apagões quanto como um booster da energia que chega normalmente a um endereço. Se o que a concessionária de eletricidade não entrega o suficiente para carregar os ônibus, a microrrede faz essa complementação.
Em geral, essa microrrede conta com a geração de energia por um sistema solar ou eólico, além de um banco de baterias. E esse conjunto todo mantém um fluxo constante e automático de eletricidade, colocando um ponto final no drama da intermitência. Ou seja, “Sempre haverá eletricidade para o carregamento dos ônibus e o funcionamento geral da garagem. E de uma maneira segura, confiável e autônoma”, explica Filipe Costa engenheiro que atua como Gerente de suporte técnico da Livoltek.
BESS
Um dos componentes fundamentais de uma microrrede é o BESS e Iberê Oliveira, engenheiro especialista em Microrredes da Livoltek dá a definição: “BESS significa Battery Energy Storage System ou, em português, sistema de armazenamento de energia em baterias. O BESS surgiu depois que o preço das baterias de lítio caiu bastante, viabilizando a criação de um sistema que vem já com as baterias, conversores de tensão, sistemas de segurança, ar-condicionado interno, iluminação e vários sensores. Tudo reunido e gerenciado por um software de maneira automática. Sem dor de cabeça para a empresa de ônibus”.
No caso de uma garagem, o BESS chega na forma de um contêiner de 20 ou 40 pés e que pode pesar até 40 toneladas. Lá dentro, o coração é formado por um pack de grandes baterias de 100 kg cada. O número total delas varia, como detalha Iberê Oliveira: “Tudo depende do quilowatt-hora (kWh) que o projeto exige. A gente está trabalhando num projeto de 1,6 kWh, por exemplo, que vai ter umas 138 baterias. Mas cabe muito mais bateria num contêiner. “
Mas se o coração do BESS são as baterias, o cérebro é o software da Livoltek que vigia o andamento da operação, automatizando todo o processo e garantindo que o fornecimento elétrico ocorra de maneira ininterrupta, integrada e sem percalços.
Funcionamento e manutenção
O BESS pode até conter baterias de meia-vida que já foram usadas em veículos e passaram por um processo semelhante a um recondicionamento, mas a Livoltek trabalha com baterias novas com 6 ou 8 mil ciclos.
“Como é que esses ciclos funcionam? Se eu usar até 90% da energia da bateria em um dia, eu estou fazendo uso de um ciclo por dia. Se as minhas baterias são de 6 mil ciclos, isso quer dizer que elas vão ter mais ou menos 13 anos de usabilidade na minha garagem. Eu só preciso fazer é uma boa manutenção, checando o parâmetro de temperatura das células, dando uns apertos de parafuso aqui e ali, checando como está o ponto de aquecimento, se o sistema de refrigeração está funcionando legal. Coisas simples assim” esclarece o Gerente de suporte técnico da Livoltek, Filipe Costa.
Costa acrescenta ainda que o forte da Livoltek é fornecer soluções completas e que incluem até mesmo dois anos de manutenção e treinamento da equipe da viação: “A gente está falando de sistemas de um mega, dois megas, coisa grande. Então, o cliente deve ter um eletricista na casa, gente capaz de absorver bem o treinamento. Porque a manutenção não é nenhum bicho de sete cabeças nem dá muito trabalho, mas tem que ter curso NR10, tem que ter um conhecimento básico para exercer essa função. “
Cobertura completa
A Livoltek é um braço da Hexing, uma gigante mundial fundada em 1992 e especializada em energia que soma 27 subsidiárias e 15 fábricas espalhadas pelo mundo – duas delas, inclusive, bem aqui no Brasil, em Fortaleza e Manaus.
“A gente tem uma expertise muito boa para trabalhar nesse meio, temos mais de mil funcionários só no Brasil. Temos também esse domínio da tecnologia que vem da China, onde eles sempre investem muito em pesquisa e desenvolvimento. Hexing tem, então, uma capacidade produtiva que se reflete em custo imbatível. E é por tudo isso que a gente consegue fornecer uma solução completa, de acordo com a necessidade do cliente, e que vai desde a microrrede, o BESS até o próprio carregador do veículo. Tudo compatível, bem ajustado, atuando em conjunto” destaca o engenheiro de Microrredes da Livoltek, Iberê Oliveira .
E o Filipe Costa arremata: “Vamos começar agora a fabricação de baterias de até 7,5 quilowatts mais ou menos por pack e dos racks menores na planta da Livoltek em Manaus. O plano do grupo é iniciar no final de 2026 para 2027 a produção em Manaus de baterias para contêiner com até dois megas, juntamente com a parte de subestações”.
Fátima Mesquita é jornalista e escritora, e consultora da ANTP