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Morre Antônio Vicente de Albuquerque Souza e Silva, considerado “pai do trólebus genuinamente brasileiro” e atuante no transporte menos poluente


Especialistas em mobilidade elétrica, como Marcos Galesi e José Antônio do Nascimento prestam homenagens e contam um pouco da carreira do engenheiro que atual para o desenvolvimento de modelos como Ciferal Amazona Trólebus e atuou em projetos pela Eletra Industrial

ADAMO BAZANI

Morreu nesta sexta-feira, 06 de junho de 2025, em São Paulo (SP), o engenheiro Antonio Vicente Albuquerque Souza e Silva.

Segundo o consultor em Mobilidade Elétrica e Sustentável, José Antonio do Nascimento, ao Diário do Transporte, Vicente de Albuquerque pode ser considerado um dos “pais do trólebus genuinamente brasileiro” por ter atuado no desenvolvimento da primeira unidade que usou  tecnologia nacional integral, o Ciferal Amazonas, que fez parte do chamado projeto Sistran, do engenheiro e secretário de transportes, Adriano Murgel Branco, na capital paulista, na gestão do prefeito Olavo Setúbal, no fim dos anos de 1970.

“O Vicente já vinha doente há pelo menos dois anos, com altos e baixos, teve uma complicação hoje e não resistiu. Foi meu mentor, professor e acima de tudo meu amigo…. Tudo o que sei sobre mobilidade elétrica aprendi com ele” – contou

O especialista em mobilidade elétrica e tecnólogo em transportes, Marcos Galesi, destacou ao Diário do Transporte também que Vicente de Albuquerque atuou em outros projetos considerados inovadores, para suas respetivas épocas no segmento, como a modernização dos 200 trólebus herdados da antiga CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), e pela aquisição de 37 novos trólebus para a empresa Eletrobus, também da cidade de São Paulo.

“Para quem acredita num transporte mais sustentável, mais respeitoso ao meio ambiente, ao ser humano, à vida, Antonio Vicente de Albuquerque Souza e Silva pode ser considerado um herói. Antes mesmo de a eletromobilidade ser a palavra de ordem, ele foi um dos que lutaram contra tudo e todos que tentavam impedir os avanços nesta área” – disse Galesi.

Na Eletra Industrial, de São Bernardo do Campo, no início dos anos 2000, Antonio Vicente de Albuquerque Souza e Silva transformou seis trólebus em ônibus híbridos (elétrico-diesel), e coordenou a fabricação de mais 15 veículos híbridos de 15 metros pelo consórcio Marcopolo/Tutto/Eletra, que ficaram conhecidos como os “Paulistão”.

Como mostrou o Diário do Transporte, a Eletra hoje lidera a atual fase da eletrificação do transporte público em São Paulo e nacional, respondendo pela maior parte dos ônibus elétricos com baterias do País.

Relembre:

EXCLUSIVO com ENTREVISTA e VÍDEO: Veja relação completa de quais os modelos de ônibus elétricos mais vendidos do Brasil. Eletra/Caio lidera o mercado nacional, aponta ABVE para o Diário do Transporte – ABC é destaque no País

Galesi preparou para o Diário do Transporte um perfil e uma homenagem ao engenheiro

Homenagem Póstuma a Antonio Vicente de Albuquerque Souza e Silva

1939 – 2025

É com profundo pesar que nos despedimos, neste dia 6 de junho de 2025, do engenheiro Antonio Vicente de Albuquerque Souza e Silva — um dos grandes pioneiros da engenharia eletrônica e da mobilidade elétrica no Brasil.

Graduado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1961 e mestre pela State University of New York, Antonio Vicente construiu uma trajetória marcada pela inovação, visão estratégica e um compromisso inabalável com o transporte sustentável. Sua atuação na área de automação eletrônica de processos elétricos e industriais foi determinante para o avanço tecnológico de sistemas de tração elétrica no país.

À frente da MANVEL – Manufatura e Manutenção de Veículos Elétricos, foi idealizador e coordenador de projetos que mudaram os rumos do transporte coletivo. Entre seus marcos históricos está o desenvolvimento do primeiro trólebus brasileiro, com sistema de tração em corrente alternada e tecnologia vetorial.

Sua atuação foi fundamental no Projeto Sistran, ao lado do engenheiro (in memoriam) Adriano Murgel Branco, então diretor de Trólebus da CMTC. Implantado em 1978, o projeto previa a modernização e ampliação da rede de trólebus paulistana com 1.280 novos veículos e 280 km adicionais de rede elétrica. A nova geração de trólebus foi fabricada pelos consórcios Ciferal/Engesa/Tectronic e Marcopolo/Engesa/Tectronic, totalizando 200 veículos, com a contribuição decisiva de Antonio Vicente na parte tecnológica.

Em 1996, foi responsável pela reforma e modernização dos 200 trólebus herdados da antiga CMTC e pela aquisição de 37 novos trólebus para a empresa Eletrobus. Também liderou a fabricação do primeiro trólebus biarticulado com sistema de redundância entre os motores, conhecido como o “Fura-Fila”, que circularia em canaletas segregadas — um projeto de alta complexidade e visão futurista.

No ano de 2002, por meio da Eletra Industrial, transformou 6 trólebus em ônibus híbridos (elétrico-diesel), e coordenou a fabricação de mais 15 veículos híbridos de 15 metros pelo consórcio Marcopolo/Tutto/Eletra, que ficaram conhecidos como os “Paulistão”. Esses veículos marcaram uma nova fase na busca por tecnologias limpas no transporte coletivo urbano.

Engenheiro, visionário, mentor e exemplo de ética profissional, Antonio Vicente deixa um legado vivo nas ruas e corredores de São Paulo, por onde transitam diariamente os frutos de sua inteligência e dedicação. Sua contribuição foi – e continuará sendo – essencial para a consolidação da mobilidade elétrica como caminho para um futuro mais sustentável.

 Nossos sentimentos à família, amigos e colegas de profissão. Que seu nome siga iluminando o caminho daqueles que trabalham por um transporte público melhor e mais limpo.

Descanse em paz, Engenheiro Antonio Vicente.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Marcos Galesi e José Antônio do Nascimento





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