Publicado em: 20 de junho de 2025
Com a marca “BRT Amazônia”, grupo de transporte do ABC paulista vai assumir corredor de ônibus rápidos que ligará Belém, Ananindeua e Marituba; ainda em obras, sistema tem início parcial previsto até o fim de 2025
ALEXANDRE PELEGI
A Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará (Artran/PA) homologou a concessão do serviço do BRT Metropolitano da Região Metropolitana de Belém à iniciativa privada. A empresa responsável por planejar, operar e controlar o sistema será a BRT Amazônia S.A., uma subsidiária da Next Mobilidade, após o encerramento do processo licitatório.
A Next Mobilidade é uma empresa do Grupo SBC (Sistema de Transporte Coletivo Urbano de São Bernardo do Campo), criada como parte da Sociedade de Propósito Específico (SPE) ABC Sistema com o propósito de gerenciar e operar o transporte público metropolitano no ABC Paulista. A empresa já possui experiência na área, tendo assumido a operação de linhas que antes eram da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e de outras empresas como Viação São Camilo, Viação Riacho Grande, Viação Triangulo e Viação Imigrantes, além de operar o Corredor ABD.
O sistema de transporte BRT Metropolitano de Belém foi concebido para conectar as cidades de Belém, Ananindeua e Marituba através de corredores exclusivos para ônibus e estações padronizadas. Além da operação dos veículos, a concessionária terá a responsabilidade pela gestão do sistema de bilhetagem, controle por GPS, painéis informativos e atendimento aos usuários. A Artran, por sua vez, manterá a fiscalização e regulação do serviço, enquanto o Governo do Pará conservará a titularidade da infraestrutura.
A BRT Amazônia S.A. assumirá agora as etapas finais de planejamento operacional, a adaptação da infraestrutura, a implantação dos sistemas de controle, o treinamento das equipes e a integração tarifária. O objetivo primordial é agilizar o deslocamento de cerca de 2 milhões de habitantes na região. O projeto visa melhorar a mobilidade de forma moderna, sustentável e integrada para a Grande Belém, especialmente considerando o evento da COP 30.
As obras do BRT Metropolitano estão em andamento nos primeiros 10,8 km da rodovia BR-316, entre o túnel do Entroncamento, em Belém, e a área próxima à rodovia PA-483, em Marituba, desde janeiro de 2019. Inicialmente prevista para agosto de 2020, a implantação sofreu atrasos e teve seu cronograma revisado. A previsão atual do governo estadual é que os primeiros corredores comecem a operar em fase experimental até dezembro de 2025, com o funcionamento integral estimado para 2026. O novo prazo de término das obras está previsto para julho de 2025.
A estrutura do BRT Metropolitano inclui:
– Um trecho de 10,8 km da BR-316.
– Terminais de integração.
– 26 estações de passageiros (13 em cada sentido). Fontes também mencionam 13 estações de embarque e desembarque.
– 13 passarelas para pedestres.
– 4 túneis de acesso.
– Um Centro de Controle Operacional (CCO) na avenida Augusto Montenegro.
– Pistas com três faixas por sentido, sendo uma exclusiva para o BRT.
– Duas ciclovias (uma em cada sentido).
– Dois passeios para circulação de pedestres, faixa de piso tátil e rampas de acessibilidade.
A frota será composta por 265 ônibus, sendo 225 a diesel com motor Euro 6 e 40 ônibus elétricos, todos equipados com ar-condicionado, Wi-Fi e tomadas.
O investimento total estimado para o projeto é de R$ 561 milhões, financiado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) via Programa Ação Metrópole e pelo Governo do Pará (Orçamento Geral do Estado). Desse valor, R$ 368,7 milhões são provenientes de financiamento com a Caixa Econômica Federal, por meio do FGTS, para a aquisição dos ônibus. O andamento geral da obra estava em 74% em abril de 2025.
A construção começou com a Odebrecht em janeiro de 2019, que venceu a primeira licitação por R$ 384 milhões, mas a empreiteira deixou a obra em agosto de 2021. A construção foi retomada em outubro de 2021 pelo Consórcio Mobilidade Grande Belém. O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) é o gestor da obra.
A Eletra está fornecendo 40 ônibus elétricos para o BRT de Belém, no Pará, que serão utilizados no evento COP30 em novembro de 2025. Esses ônibus fazem parte de um contrato maior do governo do Pará para adquirir 265 veículos para o Sistema BRT Metropolitano. Os ônibus elétricos da Eletra possuem 12,1 metros de comprimento, capacidade para 75 passageiros (incluindo um cadeirante) e autonomia de até 250 km.
A Eletra, parte do grupo que controla a Next Mobilidade, é a fabricante dos ônibus elétricos, incluindo os trólebus, que a empresa utiliza em suas operações, especialmente no Corredor ABD, na Grande Sâo Paulo. O grupo do setor do transporte público pertence à família Setti Braga.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes