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‘Diogo Jota mudou Portugal’, ‘Não aliviava’ e ‘Alicerce’: o relato de brasileiros que viram ‘nascer’ o craque do Liverpool


Diogo Jota não foi somente um craque do Liverpool e da seleção portuguesa como também um ‘divisor de águas’ em seu clube formador, o Paços de Ferreira. Pelo tradicional clube do país, dividiu o vestiário com vários brasileiros, e três deles – o ex-goleiro Rafael Defendi e os ex-zagueiros Rodrigo Galo e Flávio Boaventura – concordam que ele mudou a história da equipe, de Portugal como país formador e que era exemplar fora de campo.

A ESPN entrevistou os atletas e ouviu os relatos de quem presenciou o nascimento de uma estrela na equipe. Ele levou o time sub-19 a um patamar que nunca havia alcançado antes e teve uma ascensão meteórica que logo o levou para o Porto e, depois, ao Liverpool, onde viveu seu auge até o triste acidente desta quinta-feira (3) que vitimou ele e seu irmão, o atacante André Silva.

Quando tinha 30 anos, Rafael Defendi soube que um jovem da base do Paços de Ferreira iria treinar com a equipe profissional do Paços de Ferreira, carregando, muito cedo, um legado histórico na equipe junior. “(Ele fez) uma coisa que a formação do Paços nunca tinha vivenciado, que foi brigar pelos primeiros lugares”, contou o antigo goleiro.

De fato, a performance com o time sub-19 era arrasadora: 14 gols em 15 jogos e, como relembrado pelo atleta, briga no topo dos campeonatos de base. Os primeiros passos com os ‘adultos’ foi na temporada de 2014/15 e não demorou muito para ele virar titular.

Na primeira divisão portuguesa daquele ano, o Paços de Ferreira tinha um desempenho sólido para as pretensões do clube e brigava ferrenhamente pela classificação, à época, para a Europa League. Iniciar em um time consolidado é difícil para qualquer jovem, mas a tarefa não parece ter sido tão desafiadora para Diogo Jota.

Depois de sair do banco em cinco partidas, e corresponder, ele já foi recompensado com a titularidade em um jogo contra o Arouca. Desde então, não deixou mais os 11 iniciais e, em sua temporada de estreia, já anotou dois gols e duas assistências.

Quem convivia com ele já enxergava uma joia para o futuro, e mesmo demonstrando talento, conseguiu surpreender os veteranos em pouco tempo. “O Paços via potencial nele, mas era para potencializar”, relembra Rafael Defendi. “Ele era um cara super dedicado, super exigente com ele mesmo. Então, era fato que ia acontecer o mais rápido possível”.

A sensação foi a mesma de Rodrigo Galo. As primeiras atuações de Diogo Jota chamaram a atenção do ex-lateral, que destacou a importância do técnico Paulo Fonseca, ex-Milan e hoje no Lyon, na evolução do atacante.

“Ele subiu mais da metade para o final da temporada, começou a treinar com a gente e no fim da temporada fez alguns jogos como titular. Já fez uns dois e chamou a atenção do pessoal. O Paulo Fonseca já era um treinador muito bom e viu que podia trabalhar bem o Jota, que era a esperança do Paços de Ferreira”

Esperança essa que se tornou realidade no ano seguinte: Diogo Jota fez 14 gols, deu cinco assistências e levou o Paços Ferreira ao sétimo lugar em um campeonato em que o clube não costumava aparecer entre os ponteiros. De lá, o resto é história. O atacante foi contratado pelo Atlético de Madrid, emprestado ao Porto, passou pelo Wolverhampton para, enfim, consagrar-se como um dos melhores do mundo no Liverpool.

Se é possível falar que houve um ‘antes e depois’ de Diogo Jota no Paços de Ferreira, Rafael Defendi não teve dúvida. “Acho que teve sim”, afirmou. “Teve um impacto gigante na formação, que começou a investir mais na capacitação de atletas” – e por que não, também, mudou Portugal. “Hoje, o país é uma vitrine gigante”.

“O Paços de Ferreira cresceu muito e uma das coisas que fez o Paços de Ferreira crescer foi a venda do Diogo Jota para o Porto”, reforçou o ex-zagueiro Flávio Boaventura.

A postura fora de campo também foi unanimidade entre os brasileiros entrevistados pela ESPN. O ex-goleiro foi além do que ele trouxe ao futebol e afirmou que o legado foi tanto técnico quanto de dar um exemplo “familiar”.

“Eu gosto pelo o que ele foi fora do campo. Mesmo jovem, estava com a mesma namorada e tinha casado recentemente…. acho que isso que é importante: a construção do alicerce, da nossa base, que são nossa família e nossos amigos, nossa base. Ele foi muito isso em todos os sentidos”, contou Rafael Defendi.

E como em qualquer time, não poderia faltar a ‘resenha’ no treinos. “Eu ia para a bola e tinha o hábito de gritar muito, ver se o atacante saía da bola, e ele nunca saía. Às vezes chutava minha mão, minha cabeça. Não tinha alívio! Ele também não me aliviava, então não podia deixar barato”, brincou, relembrando o dia a dia com o craque.

Quem também não aliviava para Diogo Jota era Flávio Boaventura. O ex-zagueiro lembrou dos embates que tinha com o atacante durante os treinamentos e chegou a comparar o português com Finazzi, ex-Corinthians.

“Ele era um menino diferente. Quando começou a jogar, sabe aquele cara que é predestinado? Que a bola bate na canela e entra? Eu falei “esse menino vai dar bom jogador”. Eu comentava com os outros brasileiros que estavam no Paços de Ferreira na época que ele tinha o estilo do Finazzi, caneleira grande, meio desengonçado. E ele perguntava quem era Finazzi. A gente mostrou uns vídeos para ele e aí quando a gente falava Finazzi ele já olhava”, contou.

“Mas a gente via que ele tinha alguma coisa diferente. Ele tinha força. Quando foi treinar com a gente, ele ganhava dividida de mim. Aí os companheiros tiravam sarro. Teve um período que eu comecei a chegar mais forte nele, chegava firme para não ser zoado”, finalizou Boaventura.

São histórias que ficarão marcadas na memória de quem teve a oportunidade de dividir o dia a dia com Diogo Jota.



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