Publicado em: 19 de julho de 2025
Prefeitura esclarece que, mesmo com o novo valor, a tarifa praticada representa apenas cerca de 60% da tarifa técnica do sistema, que atualmente está em R$ 11,67
ALEXANDRE PELEGI
A partir da 0h deste sábado, 19 de agosto, o transporte coletivo municipal de Gravataí (RS), cidade com 265 mil habitantes, passou a ter uma nova tarifa, que agora custa R$ 7,40. Este reajuste ocorre dias após o aumento da tarifa intermunicipal, que é de responsabilidade do governo do Estado.
A prefeitura da cidade do interior gaúcho esclarece que, mesmo com o novo valor, a tarifa praticada representa apenas cerca de 60% da tarifa técnica do sistema, que atualmente está em R$ 11,67. A diferença é coberta pelo Programa Municipal de Reestruturação e Qualificação do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros – Procoletivo, um programa de subsídio criado em 2022 para garantir a modicidade tarifária e a sustentabilidade do serviço. Segundo a prefeitura, sem esse aporte financeiro municipal, o acesso de grande parte da população ao transporte público seria inviabilizado.
Desafios e contexto do aumento
O aumento da tarifa ocorre em um cenário desafiador para o transporte coletivo, diz a administração do município em nota oficial. Após os impactos da pandemia de covid-19, a prefeitura de Gravataí, por meio do Procoletivo, restabeleceu a oferta total de viagens e horários. A estratégia visava reconquistar usuários que migraram para outros meios de transporte, como carros, motos e aplicativos. No entanto, apesar dos esforços, o número de passageiros pagantes segue diminuindo, o que compromete o equilíbrio econômico-financeiro da operação. Em maio de 2019, antes da pandemia, havia 358.611 passagens pagantes, número que caiu para 255.892 no mesmo período deste ano, uma redução de quase 30%.
Outro fator agravante é a ausência de repasses do Governo Federal para os sistemas de transporte público urbano desde o fim da pandemia, o que obriga os municípios a arcarem sozinhos com os custos crescentes do sistema. Cerca de 40% dos passageiros do sistema de Gravataí não pagam tarifa, uma gratuidade garantida por leis para idosos, estudantes e pessoas com deficiência.
Qualidade do serviço e próximos passos
Apesar dos desafios financeiros, Gravataí mantém um dos sistemas mais modernos da região metropolitana, garante a prefeitura. A frota municipal conta com 68 veículos, realizando 3.060 viagens mensais, sendo que aproximadamente 50% dos ônibus têm até três anos de uso e são equipados com ar-condicionado. O sistema também oferece monitoramento por GPS, integração tarifária com ônibus intermunicipais e bilhetagem digital, proporcionando mais praticidade, transparência e segurança aos usuários.
O sistema de transporte coletivo de Gravataí opera sob um modelo de rede universalizada, com tarifa única para todos os usuários, independentemente da distância percorrida. Essa característica, combinada à grande extensão territorial do município, exige a operação de diversas linhas com longos percursos e baixa taxa de ocupação. Essa configuração impacta diretamente no desempenho operacional do sistema, reduzindo o índice de passageiros por quilômetro (IPK), que caiu de 0,99 em maio de 2019 para 0,80 em maio de 2025, impactando diretamente o custo da tarifa.
Para planejar um novo modelo mais eficiente e moderno, a prefeitura de Gravataí contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que está desenvolvendo estudos técnicos para a reestruturação do sistema. Esses estudos incluem a revisão de linhas, tipos de veículos, metas de eficiência e melhorias no controle e na prestação do serviço. O contrato atual de concessão do transporte coletivo de Gravataí vigora até o primeiro semestre de 2026.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes
