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muito mais que assunto de Polícia, mas de prioridade ao transporte público


Quando se fala que o transporte coletivo deve ser encarado com mais zero pelas autoridades, o debate vai além de corredores de ônibus e subsídios. É sobre o cidadão, sobre o ser humano, sem demagogia

ADAMO BAZANI

É necessário priorizar o transporte público coletivo.

A frase parece ter virado já um mantra que é utilizado por pessoas que realmente desejam isso, mas também por oportunistas de plantão que querem sempre ficar bem nos holofotes.

Quando é empregada, logo o que vem na cabeça é a necessidade crônica das cidades em priorizar, no espaço urbano, investimentos em infraestrutura que deixem os deslocamentos em meios coletivos mais eficientes, rápidos, ambientalmente corretos e atraentes. Assim, como também mostra a urgência da criação de formas de financiamento que não só custeiem os serviços de ônibus, trens e metrôs, mas que os tornem viáveis para modernizações e justos do ponto de vista financeiro, inclusive deixando mais baratos para o usuário final, mas, ao mesmo tempo, permitindo um retorno maior a quem investe.

A onda de ataques a ônibus no Estado de São Paulo, que registra desde 12 de junho de 2025, mais de mil coletivos vandalizados, expõe que priorizar o transporte público coletivo vai além de infraestrutura e formas de financiamento.

É colocar o cidadão, o ser humano, realmente no centro das atenções e das decisões das autoridades.

Quem vêm superficialmente e de forma até mesquinha, pode pensar que se trata apenas de um assunto de Polícia. Claro que a questão da segurança pública é fundamental porque se trata de uma “externalidade” que afeta o serviço.

Mas vai além e percebi isso na cobertura prática que quero dividir rapidamente com vocês.

As mais recentes semanas tenho dedicado não somente horas de trabalho, mas a vida para informar bem, com isenção, rapidez e precisão tudo o que ocorre, dando a máxima atenção a cada caso, vídeos, imagens que chegam.

Tudo para, acima de tudo contribuir para que a questão se resolva, trazendo dados a apurações que acabem, de certa maneira, ajudando a sociedade e as autoridades. Há dias não sei o que é dormir mais de duas ou três horas por noite. Às vezes, o cansaço e até a incompreensão desanimam.

Mas penso que naquele ônibus atingido está um ser humano, uma pessoa que pode ser meu pai, minha mãe, eu mesmo. Isso sem hipocrisia ou demagogia. Chama-se humanidade.

Modestamente, fomos nós, do Diário do Transporte, que pautamos a mídia em geral, colegas de imprensa batalhadores como nós, em busca das informações.

O resultado foram citações, créditos em imagens e até entrevistas. Não que não nos importemos com isso, pelo contrário. Para um site “segmentado e de porte financeiro e estrutural” pequeno, esta exposição é importante sob diversos aspectos. Mas, é sobre ver que um trabalho e até um amor pelo setor de transportes dão frutos. É o jornalismo em sua essência, o que quer ser útil para a vida das pessoas.

Novamente, sem pedantismo e sem hipocrisia: não vi o assunto como uma “mera cobertura”, mas como uma missão.

O Diário do Transporte foi veículo de comunicação pioneiro a noticiar, ainda na noite de 12 de junho de 2025, considerada a data de início da onda de ataques, a relatar os primeiros atos de vandalismo. Eu ia já descansar, eram quase 23h, quando fiz algo que um jornalista que quer ter vida social não deve fazer jamais: dar uma última “olhadinha” no celular. E tinha mensagem: uma fonte relatando oito ônibus vandalizados de uma só vez na zona Leste da capital paulista. Para mim já era uma pauta. Fiz as checagens com as autoridades, confirmei e, 00h10, publiquei, sem muita expectativa, afinal, o horário era avançado. Que nada! Não se passaram 15 minutos da publicação, o celular não parava: fotos, vídeos, mensagens….quando vi, já eram mais de 20 ônibus atacados na cidade de São Paulo. Claro que percebi que não era nada normal. Não dormi um minuto sequer.

No dia 13, as coisas aparentemente tinham entrado na normalidade, até que dia 14 de junho de 2025, o surto de novo, com um agravante: fontes do ABC Paulista, de cidades vizinhas da capital, começaram a fazer relatos semelhantes também. O que parecia ser uma noite atípica, mostrou-se ser algo anormal que não mais parou até então.

Após insistências de publicações no Diário do Transporte, colegas de imprensa começaram a me procurar e veicular o assunto também. As autoridades, dias depois, tiveram de fazer uma entrevista coletiva… “para não falarem nada”, mas ao menos tiveram de dar a cara para bater.

Toda a situação serviu para mostrar que o transporte coletivo é exposto a realidades da vida cotidiana, que vão além do simples debate frio de “precisamos de mais corredores ou subsídios”.  Mas que precisa ser foco das atenções em tudo: financiamento, infraestrutura, segurança, imagem junto a sociedade, valorização do trabalho das empresas e dos profissionais….enfim, quando o transporte coletivo recebe prioridade, é o cidadão, o SER HUMANO que se torna prioridade.

As ligações das empresas de ônibus, de motoristas, cobradores, fiscais e passageiros, relatando fatos ou querendo mais detalhes das publicações reforçam que nossa luta tem um objetivo e podemos dizer ao setor de forma transparente: Continue SEMPRE CONTANDO COM O JORNALISMO DO DIÁRIO DO TRANSPORTE.

*ADAMO BAZANI, JORNALISTA ESPECIALIZADO EM TRANSPORTES – MTB- 31521*

*Editor-chefe do Diário do Transporte*





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