Publicado em: 1 de agosto de 2025
Em entrevista exclusiva ao Diário do Transporte, Claudio Souza explica como a joint venture entre Águia Branca e Grupo JCA aposta em tecnologia, baixo custo e atendimento integral ao passageiro para se diferenciar no mercado
ALEXANDRE PELEGI
Fruto de uma joint venture entre os grupos Águia Branca e JCA, a BusCo chega ao mercado rodoviário com a proposta de unir tecnologia, eficiência e preços competitivos, oferecendo ao passageiro uma experiência que vai além da simples venda de passagens. Com R$ 50 milhões de investimento e uma plataforma desenvolvida com foco em inteligência artificial, a empresa estreia suas primeiras rotas interestaduais e projeta atingir R$ 100 milhões em GMV no primeiro ano. Em entrevista exclusiva ao Diário do Transporte, Claudio Souza, CEO da BusCo, falou sobre os diferenciais da plataforma, os planos de expansão e a aposta em um atendimento integral ao cliente.
Entrevista
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): A BusCo nasceu como uma joint venture entre dois gigantes do transporte rodoviário, a Águia Branca e o Grupo JCA. Mas a proposta parece ir além de um simples marketplace. Qual é, afinal, o modelo de negócio?
Claudio Souza (BusCo): O que a gente não é: não somos um marketplace. Nosso modelo se baseia em parcerias diretas com as viações, fechando rotas específicas e atuando como canal digital de vendas. Cuidamos de toda a jornada do cliente – desde a compra da passagem até o desembarque – e queremos ir além: no futuro, também queremos facilitar a mobilidade no destino, oferecendo opções de transporte local ou passeios turísticos.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): Então, a plataforma vai além da venda, assumindo a responsabilidade total pela experiência de viagem?
Claudio Souza (BusCo): Exatamente. Se houver qualquer problema durante a viagem, é com a BusCo que o cliente fala. Acompanhamos a jornada em tempo real, garantindo comunicação direta e rápida solução de eventuais problemas junto às viações parceiras. Isso nos diferencia muito dos marketplaces tradicionais, que deixam o passageiro no meio do caminho entre a plataforma e a empresa operadora.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): A BusCo nasce como uma mobitech low cost. Como conciliar preço competitivo com qualidade?
Claudio Souza (BusCo): Nossa proposta de low cost não é apenas reduzir preço, mas ganhar eficiência. A tecnologia permite oferecer tarifas mais acessíveis sem comprometer a qualidade ou a segurança. Queremos ser estratégicos tanto para o passageiro quanto para as viações, ajudando na precificação e na definição de produtos adequados a cada público.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): Quais são as metas para o primeiro ano de operação?
Claudio Souza (BusCo): Começamos o projeto em dezembro, lançamos a plataforma em maio e já vendemos tanto por parceiros como a ClickBus quanto pelo nosso site. O objetivo é atingir R$ 100 milhões de GMV no primeiro ano, operando inicialmente com 40 ônibus em 13 rotas, incluindo trechos como São Paulo–Vitória, BH–São Paulo, Rio–BH, São Paulo–Curitiba e São Paulo–Florianópolis.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): Há planos de expansão para além das viações sócias da joint venture?
Claudio Souza (BusCo): Sem dúvida. Queremos ter contratos com mais viações em todo o Brasil, sempre respeitando a regulação da ANTT. A ambição é nacional: queremos que a BusCo seja reconhecida como um padrão de inovação no setor.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): A tecnologia é um dos pilares da empresa. O que já está implantado e o que vem por aí?
Claudio Souza (BusCo): Desde o início, investimos em uma plataforma AI first, com inteligência artificial em praticamente todos os processos – do marketing digital ao atendimento ao cliente. Em poucos meses, criamos um sistema robusto e estável. Nossa meta é lançar novidades a cada dois meses, como buscas por voz, compra conversacional via WhatsApp ou ChatGPT, integração com outros modais e até funcionalidades como o “assento mulher”, para aumentar a segurança das passageiras.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): A identidade visual da BusCo será facilmente reconhecida nas ruas?
Claudio Souza (BusCo): Queremos ter o máximo de ônibus possíveis com a nossa marca, reforçando a identidade da plataforma. Trabalhamos junto às viações para viabilizar isso, equilibrando interesses comerciais e a visibilidade da marca.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): Quais diferenciais a BusCo aposta para conquistar e fidelizar passageiros?
Claudio Souza (BusCo): O acompanhamento integral da jornada é nosso grande diferencial. O cliente recebe atualizações desde a compra até a chegada ao destino, incluindo avisos sobre embarque, paradas e horários de chegada. Se algo der errado, ele fala diretamente com a BusCo, que resolve a questão junto à viação. Além disso, estudamos parcerias para oferecer benefícios extras durante a viagem e opções de mobilidade no destino final.
Alexandre Pelegi (Diário do Transporte): Para concluir, qual é a ambição da BusCo a médio e longo prazo?
Claudio Souza (BusCo): Queremos ser referência em tecnologia, atendimento e eficiência no transporte rodoviário brasileiro, sempre crescendo com responsabilidade. A meta é estabilizar nossas operações e rotas iniciais, medir o NPS de cada trecho e cada parceiro, e só então expandir para novos mercados e frotas. Acreditamos que, com tecnologia e foco no cliente, podemos transformar a experiência de viajar de ônibus no Brasil.
Contexto
A BusCo estreia em um momento de retomada do transporte rodoviário de passageiros no país, marcado pela digitalização das vendas e pela abertura de novos mercados após o fim da limitação de autorizações da ANTT. A entrada de um projeto capitaneado por dois dos maiores grupos do setor – Águia Branca e JCA – reforça o movimento de modernização do serviço interestadual, com foco em eficiência, competitividade e experiência do usuário. Ao aliar tecnologia de ponta, preços acessíveis e atendimento integral, a BusCo busca se consolidar como um novo padrão no mercado e ampliar as opções para quem viaja de ônibus no Brasil.
Plataforma AI First – que coloca a inteligência artificial no centro de suas operações e estratégias
GMV – sigla em inglês para Volume Bruto de Mercadoria, métrica que representa o valor total das vendas de produtos ou serviços em um determinado período, geralmente em plataformas de comércio eletrônico ou marketplaces
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes