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BNDES apresenta mapeamento para expansão da mobilidade urbana em 21 regiões metropolitanas durante Seminário da NTU


Estudo projeta investimentos de mais de R$ 500 bilhões e prevê quase dobrar a capacidade do transporte público de alta e média capacidade no Brasil

ALEXANDRE PELEGI/ALEXANDRE ASQUINI 

(Parceria de cobertura conjunta Diário do Transporte e Revista Technibus)

Nesta terça-feira, 12 de agosto de 2025 em Brasília, o Seminário Nacional NTU foi palco para a apresentação, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dos dados preliminares do mapeamento para a expansão da mobilidade urbana em 21 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes.

O levantamento, desenvolvido em parceria com o Ministério das Cidades no âmbito do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), identificou cerca de 400 projetos de transporte público coletivo de média e alta capacidade. Deste total, 194 foram considerados prioritários, com potencial de execução a curto e médio prazo, exigindo investimentos superiores a R$ 500 bilhões.

Segundo o BNDES, a execução desses projetos permitirá quase dobrar a capacidade da rede nacional de transporte público de alta e média capacidade, ampliando a cobertura, a eficiência e a atratividade do transporte coletivo — com foco especial em populações de baixa renda.

Avanços na Grande São Paulo

Os dados apresentados se somam às informações divulgadas em julho pelo Diário do Transporte, que destacam as metas para a Região Metropolitana de São Paulo até 2054: expansão de 563 km da rede de transporte coletivo de média e alta capacidade, elevando o total de 746 km para 1.309 km.

A projeção prevê aumento da população atendida dentro de um raio de 1 km de estações e paradas de sistemas estruturantes (PNT) de 22,1% para 49,6%, e do índice RTR (habitantes por quilômetro de rede) de 36 para 64. Entre as obras já financiadas, estão a Linha 6-Laranja do Metrô, com R$ 12,3 bilhões, e a primeira fase da expansão da Linha 2-Verde, com R$ 2,4 bilhões.

Próximos passos

A conclusão do estudo nacional está prevista para setembro de 2025, com o objetivo de viabilizar um primeiro pacote de projetos já em 2026. A expectativa é que a consolidação das propostas permita acelerar a implementação de novos corredores, sistemas sobre trilhos e redes integradas, contribuindo para transformar o transporte público em uma alternativa mais eficiente e competitiva frente ao transporte individual.

Sessão e debates no Seminário da NTU

A apresentação central da sessão foi feita por Cleverson Aroeira, especialista da Área de Soluções para Cidades do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES.

Participaram dos debates Fabio Damasceno, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Transporte e Mobilidade (Consetram) e secretário de mobilidade e infraestrutura do governo do Espírito Santo; Wagner Colombini Martins, CEO da Logit Engenharia e Consultoria; e Marcos Daniel Souza dos Santos, diretor de regulação da mobilidade e trânsito urbano do Ministério das Cidades.

Os trabalhos foram moderados por Armando Guerra Júnior, membro do Conselho Diretor da NTU e presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Semove). Ele ressaltou a urgência de frear a perda de passageiros no transporte coletivo — uma queda de até 60% em algumas regiões nos últimos dez anos — e destacou que o modelo atual precisa de uma reestruturação.

A motorização individual, a pandemia, a violência urbana e o crescimento dos aplicativos contribuíram para a evasão. O passageiro quer um transporte eficiente, seguro e com qualidade”, afirmou Guerra Júnior, salientando a importância da reestruturação do setor para haver a recuperação da demanda.

Aspectos principais

Cleverson Aroeira destacou a importância da construção coletiva do estudo sobre as 21 regiões metropolitanas, esforço que envolveu estados, municípios e entidades do setor. Ele frisou que o estudo não se limita à análise de obras, mas busca estruturar soluções para os gargalos do setor, incluindo governança metropolitana, financiamento, subsídios, integração modal e tarifária, e prioridade operacional.

O estudo partiu de uma base de mais de 400 projetos mapeados em diferentes estágios de planejamento. Após confrontar esses dados com estimativas de demanda projetadas para as próximas três décadas, o BNDES selecionou 194 propostas com potencial real de viabilidade. Entre os critérios utilizados, destacam-se corredores com demanda superior a 40 mil passageiros por dia ou 5 mil por hora/pico.

As cidades contempladas foram ativamente envolvidas no processo. Em algumas regiões metropolitanas, os projetos originais foram revistos com base em sugestões locais.

“Em Vitória, por exemplo, a equipe do secretário Fabio Damasceno discutiu detalhadamente a expansão da rede de sistemas de BRT, alinhando as expectativas regionais com as diretrizes do estudo nacional”, disse Aroeira.

Acesso à mobilidade

Além de avaliar a viabilidade técnica e econômica dos projetos, o estudo inclui um diagnóstico sobre a desigualdade no acesso à mobilidade. A meta é priorizar eixos de transporte que beneficiem populações historicamente excluídas.

Simulações mostraram que, com uma combinação de redes ampliadas, tarifas acessíveis e medidas operacionais (como corredores com livre fluxo nos semáforos), o transporte coletivo poderia dobrar sua participação na divisão modal em cidades como Brasília, Florianópolis e Rio de Janeiro.

Fichas técnicas e transparência

Um dos diferenciais do projeto é a criação de fichas detalhadas para cada um dos 194 projetos identificados, com informações sobre impacto socioambiental, estimativa de demanda, custos e fontes de financiamento.

A expectativa do BNDES é concluir o estudo até setembro de 2025 e estruturar um primeiro pacote de projetos a ser viabilizado já em 2026. Segundo Aroeira, os documentos serão disponibilizados ao público no site do banco (www.bndes.gov.br/enmu), garantindo transparência e espaço para contribuições da sociedade civil e de outros atores do setor.

Com esse mapeamento, o BNDES espera não apenas destravar investimentos, mas também requalificar o transporte coletivo como uma opção viável, rápida e inclusiva.

“Trazer de volta o passageiro para o transporte público é o nosso principal desafio. E isso só será possível com redes bem planejadas, operação eficiente e tarifa justa”, concluiu o representante do banco.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes e Alexandre Asquini, da Revista Technibus





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