Publicado em: 16 de agosto de 2025
Média atual na capital paulista está em 3,7 casos. Antes da onda de ataques, era de 3,2, mas no pico, chegou a 12,9 ocorrências diárias, com cerca de 50 em menos de 24 horas em algumas ocasiões
ADAMO BAZANI
A média de depredações a ônibus na cidade de São Paulo voltou praticamente ao habitual de antes da onda de ataques que trouxe medo para passageiros e trabalhadores dos transportes da capital paulista, além de prejuízos de cerca de R$ 30 milhões para as empresas de ônibus.
Desde 12 de junho de 2025, cerca de 1,2 mil coletivos foram atacados com pedradas ou bolas de gude e esferas metálicas na Grande São Paulo, considerando capital, cidades vizinhas e intermunicipais metropolitano, além do litoral. Destes, quase 650 apenas no sistema municipal da capital paulista, gerenciado pela SPTrans (São Paulo Transporte), da prefeitura.
Segundo a Secretaria de Segurança Urbana da cidade de São Paulo, a média do mês de junho todo ficou em nove casos por dia. De 12 a 30 de junho, a média diária foi de 10,3 veículos vandalizados. Em julho, a média foi de 12,9 casos por dia. Em agosto, até esta sexta-feira, dia 15,a média diária ficou em 3,7 casos. Entre 1º de janeiro e 11 de junho, a média ficou em 3,2 casos de vandalismo por dia.
A situação só não é de maior tranquilidade porque ainda não houve respostas por parte da Polícia Civil sobre as reais motivações do crescimento exponencial de ocorrências entre meados de junho e o mês de julho e nem prisões de eventuais mandantes, emborra haja linhas de investigação, sendo que a mais provável, pelo menos até agora, é que a insatisfação de algumas companhias, algumas acusadas de possível ligação com o crime organizado, com o rompimento de contratos.
A volta aos patamares habituais se deu, pelo menos cronologicamente, ocorreu após a prefeitura colocar 200 agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para andar dentro dos ônibus nas linhas e vias onde mais ocorreram os ataques, além de percorrer corredores e garagens.
A partir de 25 de julho de 2025, cerca de 200 GCMs começaram a atuar dentro dos coletivos.
Ainda de acordo com a pasta, oito ocorrências foram registradas pela GCM e 12 pessoas conduzidas aos Distritos Policiais.
O Diário do Transporte questionou a prefeitura quem banca custos para estes consertos e reposições de peças.
Segundo a administração municipal, este gasto é de responsabilidade das empresas de ônibus e não sai dos subsídios ao sistema.
Mas na prática, quem paga é o passageiro, uma vez que é dinheiro de investimento que deixa de ser feito em melhorias, fora o tempo que o ônibus tem de ficar sem circulação e ser substituído, geralmente, por um modelo mais antigo e menos confortável. Além disso, certamente os empresários devem incluir na próxima recomposição do valor da tarifa uma pressão a mais na negociação com a prefeitura.
INÍCIO DA ONDA DE ATAQUES FOI NA MESMA DATA DE PORTARIA SOBRE TRANSFERÊNCIA DE CONTRATOS DE EMPRESAS DE ÔNIBUS:
Exatamente no dia 12 de junho de 2025, ocorreu a assinatura de uma portaria da Prefeitura de São Paulo para permitir a transferência de contratos da operadora Transwolff, investigada por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). A empresa nega envolvimento. A Polícia confirmou que esta é uma das linhas de investigação, mas sem nenhuma conclusão.
A prisão considerada até o momento mais importante pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais), da Polícia Civil, foi noticiada pelo Diário do Transporte: Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, foi preso após investigações em 22 de julho de 2025. No dia seguinte, o irmão de dele, Sérgio, de 56 anos, que foi delatado por Edson, se entregou e foi preso também. A Polícia tinha mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a Polícia, o funcionário público do Estado confessou 18 ataques, sendo um deles na capital, que resultou numa criança de 10 anos ferida, e a maior parte, 16 casos, ocorreu no ABC Paulista.
Aos policiais, Campolongo disse que a motivação não teria nada a ver com transportes e que suas ações seriam em protesto contra a situação do País. A Polícia não acreditou.
No mesmo dia da prisão, o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, em entrevista coletiva, disse que as hipóteses de desafios por jogos online na internet e disputas no sindicato dos trabalhadores tinham sido praticamente descartada.
Veja a resposta na íntegra da prefeitura de São Paulo:
A média do mês de junho todo ficou em 9 casos por dia. De 12 a 30 de junho a média diária foi de 10,3 veículos vandalizados. Em julho, a média foi de 12,9 casos por dia. Em agosto, até ontem (15/8), a média diária ficou em 3,7 casos. Entre 1º de janeiro e 11 de junho, a média ficou em 3,2 casos de vandalismo por dia. É importante ressaltar que os números correspondem à totalidade dos atos de vandalismo informados pelas concessionárias à SPTrans, independente da motivação do ato ou da extensão do dano causado ao veículo. As operadoras são responsáveis pela manutenção e reparo dos veículos, incluindo seus custos.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reafirma que, desde 25 de julho, um efetivo de 200 agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) está mobilizado para reforçar a segurança no transporte público municipal. As equipes atuam dentro dos ônibus em áreas com registros de vandalismo, dando apoio na saída das garagens e ao longo do trajeto das linhas que, por razões estratégicas, não serão divulgadas. A corporação também intensificou o patrulhamento das vias mais afetadas por esse tipo de ocorrência, com a utilização de 50 viaturas dedicadas às rondas preventivas. Desde o início da operação, 8 ocorrências foram registradas e 12 pessoas conduzidas aos Distritos Policiais
LIDERANÇAS DOS TRANSPORTES FALAM QUE PREOCUPAÇÃO É NACIONAL DO SETOR, APESAR DE OS CASOS TEREM SIDO REGISTRADOS EM SÃO PAULO E DESTACAM A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DO DIÁRIO DO TRANSPORTE AO NOTICIAR O “HARDNEWS” E O FACTUAL
O diretor executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Francisco Christovam, conversou em 06 de agosto de 2025, com o Diário do Transporte e a Rádio ABC e disse que, apesar de os casos, nesse momento ocorrerem em São Paulo, a preocupação é nacional, tratando-se de um problema de segurança pública que afeta o desempenho dos transportes. Muito mais que isso, de acordo com Christovam, são as vidas colocadas em risco.
As empresas cobram mais segurança. O representante das companhias diz que, além de serem ataques a ônibus, tratam-se de ataques aos cidadãos, e que os responsáveis precisam ser severamente punidos dentro da lei.
Relembre:
Em artigo, ainda de meados de julho e enviado ao Diário do Transporte, o presidente da Fetpsp, federação que reúne as viações no Estado de São Paulo, Mauro Herszkowicz, também disse que, em contatos com empresários de outros estados, a preocupação pé nacional também, porque nada garante que ondas semelhantes possam ocorrer em diferentes partes do País.
Segundo o dirigente, a falta de respostas das autoridades de Segurança Pública é uma das principais aflições das companhias de transportes e, acima de tudo, quem está na linha de frente: passageiros e trabalhadores do setor.
Relembre:
MESMO COM “VOLTA A QUASE NORMALIDADE”, SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA PERSISTE
Houve uma queda no número de ocorrências diárias. Nos picos de ataque, em junho, alguns dias registraram até mais de 50 ônibus depredados em menos de 24 horas.
Após uma série de prisões e da exposição dos casos, o total começou a cair e hoje se aproxima da média diária de “vandalismo atual” que os transportes sofrem.
Mas, além de estar ainda ligeiramente maior, a falta de esclarecimento por parte da Polícia Civil acerca das motivações das ondas de depredações são elementos que fazem com que até o momento, mesmo com a volta a quase normalidade, a sensação de insegurança continue.
A prisão considerada até o momento mais importante pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais), da Polícia Civil, foi noticiada pelo Diário do Transporte: Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, foi preso após investigações em 22 de julho de 2025. No dia seguinte, o irmão de dele, Sérgio, de 56 anos, que foi delatado por Edson, se entregou e foi preso também. A Polícia tinha mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a Polícia, o funcionário público do Estado confessou 18 ataques, sendo um deles na capital, que resultou numa criança de 10 anos ferida, e a maior parte, 16 casos, ocorreu no ABC Paulista.
Aos policiais, Campolongo disse que a motivação não teria nada a ver com transportes e que suas ações seriam em protesto contra a situação do País. A Polícia não acreditou.
No mesmo dia da prisão, o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, em entrevista coletiva, disse que as hipóteses de desafios por jogos online na internet e disputas no sindicato dos trabalhadores tinham sido praticamente descartada.
OUÇA – COMPLETO: Polícia descarta “jogos de desafios pela internet” como motivação da onda de ataques a ônibus, minimiza possibilidade de disputa sindical e reforça hipótese de empresas
Considerada pela Polícia como início da onda de ataques, 12 de junho de 2025, é a mesma data em que o secretário de transportes da cidade, Celso Caldeira, assinou uma portaria que criou um Grupo de Trabalho que transfere o contrato da empresa Transwolff, investigada por suposta ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para outra companhia, a Sancetur, da família de Nabil Abi Chedid, do interior de São Paulo. A tese considerada pela Polícia reforça a apuração feita pelo Diário do Transporte.
Veja aqui:
PCC, Onda de Ataques a Ônibus, Transwolff e Sancetur: depredações em massa começam no mesmo dia em que prefeitura assina despacho que viabiliza transferência de contratos – VEJA DOCUMENTO
O Deic, oficialmente, por meio do diretor do Departamento, Ronaldo Sayeg, disse que sim, esta é uma das linhas de investigações, o descontentamento de empresas supostamente coordenadas por pessoas que teriam ligação com o crime organizado, mas que ainda não é possível fazer uma relação entre a maior parte dos casos e os atos administrativos sobre contratos.
Nesta semana, policiais do Deic que atuam nas investigações reforçaram que esta é ainda uma das principais teses.
EXTERNALIDADES E NÃO SÃO “CASINHOS”: Artigo do Diário do Transporte de 04 de agosto der 2025, reportou a importância do jornalismo factual (hardnews) na cobertura dos interesses do setor de transportes, debateu justamente as externalidades, destacando que, ao relatar casos que parecem “pequenos” e “isolados”, com responsabilidade, a mídia, principalmente a especializada, ajuda a construir entendimentos e soluções para situações mais amplas. Os ataques estão neste contexto.
Relembre:
LIDERANÇAS DOS TRANSPORTES FALAM QUE PREOCUPAÇÃO É NACIONAL DO SETOR, APESAR DE OS CASOS TEREM SIDO REGISTRADOS EM SÃO PAULO E DESTACAM A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DO DIÁRIO DO TRANSPORTE AO NOTICIAR O “HARDNEWS” E O FACTUAL
O diretor executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Francisco Christovam, conversou em 06 de agosto de 2025, com o Diário do Transporte e a Rádio ABC e disse que, apesar de os casos, nesse momento ocorrerem em São Paulo, a preocupação é nacional, tratando-se de um problema de segurança pública que afeta o desempenho dos transportes. Muito mais que isso, de acordo com Christovam, são as vidas colocadas em risco.
As empresas cobram mais segurança. O representante das companhias diz que, além de serem ataques a ônibus, tratam-se de ataques aos cidadãos, e que os responsáveis precisam ser severamente punidos dentro da lei.
Relembre:
Em artigo, ainda de meados de julho e enviado ao Diário do Transporte, o presidente da Fetpsp, federação que reúne as viações no Estado de São Paulo, Mauro Herszkowicz, também disse que, em contatos com empresários de outros estados, a preocupação pé nacional também, porque nada garante que ondas semelhantes possam ocorrer em diferentes partes do País.
Segundo o dirigente, a falta de respostas das autoridades de Segurança Pública é uma das principais aflições das companhias de transportes e, acima de tudo, quem está na linha de frente: passageiros e trabalhadores do setor.
Relembre:
INÍCIO DA ONDA DE ATAQUES FOI NA MESMA DATA DE PORTARIA SOBRE TRANSFERÊNCIA DE CONTRATOS DE EMPRESAS DE ÔNIBUS:
Exatamente no dia 12 de junho de 2025, ocorreu a assinatura de uma portaria da Prefeitura de São Paulo para permitir a transferência de contratos da operadora Transwolff, investigada por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). A empresa nega envolvimento. A Polícia confirmou que esta é uma das linhas de investigação, mas sem nenhuma conclusão.
A prisão considerada até o momento mais importante pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais), da Polícia Civil, foi noticiada pelo Diário do Transporte: Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, foi preso após investigações em 22 de julho de 2025. No dia seguinte, o irmão de dele, Sérgio, de 56 anos, que foi delatado por Edson, se entregou e foi preso também. A Polícia tinha mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a Polícia, o funcionário público do Estado confessou 18 ataques, sendo um deles na capital, que resultou numa criança de 10 anos ferida, e a maior parte, 16 casos, ocorreu no ABC Paulista.
Aos policiais, Campolongo disse que a motivação não teria nada a ver com transportes e que suas ações seriam em protesto contra a situação do País. A Polícia não acreditou.
No mesmo dia da prisão, o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, em entrevista coletiva, disse que as hipóteses de desafios por jogos online na internet e disputas no sindicato dos trabalhadores tinham sido praticamente descartada.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes01