Publicado em: 16 de agosto de 2025
Sindicato aponta condições de trabalho insustentáveis; Prefeitura e empresa afirmam negociar ajustes no sistema
ALEXANDRE PELEGI
O transporte coletivo de Ponta Grossa, município localizado na região dos Campos Gerais do Paraná e com aproximadamente 358 mil habitantes, pode parar já na próxima segunda-feira, 18 de agosto de 2025, caso não avancem as negociações entre motoristas, Prefeitura e Viação Campos Gerais (VCG), concessionária responsável pelo sistema. A paralisação foi anunciada pelo presidente do Sindicato dos Motoristas, Cobradores e Trabalhadores em Empresas de Transportes Coletivos (Sintropas), Luiz Carlos de Oliveira, o “Luizão”.
Segundo o sindicato, há mais de 90 dias os trabalhadores vêm denunciando problemas que comprometem a segurança e a dignidade da categoria. Entre as principais reclamações estão a sobrecarga de itinerários — com motoristas sendo obrigados a operar duas ou até três linhas diferentes em um mesmo turno — e a elaboração de escalas consideradas “impossíveis de serem cumpridas” nos intervalos estipulados. As condições, afirmam, tornam a rotina estressante e elevam o risco de acidentes.
Outro ponto levantado pelo Sintropas diz respeito às condições sanitárias no Terminal Central. O sindicato alega que os banheiros estão em situação precária e nem sempre ficam acessíveis aos motoristas, descumprindo normas trabalhistas de saúde e segurança (NR 24). “Muitas vezes os trabalhadores não têm sequer condições adequadas para fazer suas necessidades fisiológicas durante a jornada”, denunciou Luizão.
Resposta da Prefeitura e da VCG
Em nota, a Prefeitura informou que o Departamento de Transportes acompanha diariamente as escalas e monitora atrasos recorrentes, ressaltando que mudanças de itinerário exigem estudos aprofundados, já que qualquer alteração impacta todo o sistema. O município também citou obras viárias em andamento, como a ligação entre a Vila Cipa e o Campo Bello, que exigirão redesenho de linhas.
A VCG, por sua vez, afirmou que trabalha em conjunto com a Prefeitura na revisão das escalas e que ajustes devem ser implementados nos próximos dias, minimizando o risco de paralisação imediata.
Histórico de tensões
A ameaça de greve não é recente. Em abril deste ano, o Sintropas já havia protocolado ofícios denunciando as mesmas condições de trabalho e alertando para a possibilidade de paralisação. À época, mais de 60% das linhas foram consideradas inviáveis, e o sindicato denunciou oficialmente os sanitários do terminal.
Caso não haja acordo até este domingo (17), a categoria promete deflagrar greve geral a partir da madrugada de segunda-feira (18), paralisando o transporte coletivo de Ponta Grossa e afetando milhares de passageiros.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes