Publicado em: 1 de setembro de 2025
Empresa do interior paulista faz com o veículo a rota São Paulo x Campinas. “Gás do Lixo” é vista como alternativa às dificuldades de eletrificação de frotas
ADAMO BAZANI
A Viação Santa Cruz, de Mogi Mirim (SP), como havia adiantado o Diário do Transporte, estreou nesta segunda-feira, 1º de setembro de 2025, a operação comercial de um ônibus rodoviário movido a biometano (gás obtido na decomposição de resíduos), na rota entre a capital paulista e Campinas, uma das mais movimentadas da malha da empresa.
Relembre:
O veículo que recebeu uma nova identidade visual em tom azul, em referência à cor que tem sido usada para simbolizar o combustível, já operou na Viação Cometa há cerca de três anos, mas em outro contexto do GNV – biometano.
Foram feitas atualizações e modernizações. Além disso, em 2022, o biometano não estava sendo considerado como alternativa às dificuldades de eletrificação de frotas comerciais como agora passa a ser encarado.
Diversos sistemas de transportes de passageiros, em especial os urbanos, já vêm adotando os modelos biometano ou ao menos abriram margem para seu uso.
Um dos casos é o da capital paulista, onde a compra de ônibus a diesel 0 km está proibida desde 17 de outubro de 2022 e as metas de frota elétrica não foi cumprida principalmente por falta de infraestrutura para recarregamento nas garagens.
No novo plano de metas da gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, a compra de ônibus a diesel continua proibida, mas o biometano é considerado como opção.
O cenário tem sido favorável para o combustível, em especial no Estado de São Paulo.
O próprio governador Tarcísio de Freitas tem sido um entusiasta.
O Governo do Estado de São Paulo vai lançar uma espécie de “certificado paulista” de biometano.
A proposta é atestar ao mercado que o combustível produzido em São Paulo siga modelos internacionais qualidade e tenha regras que evitem a dupla contagem de créditos. com isso, deve separar o atributo ambiental do biometano da molécula física do gás, garantindo segurança jurídica para que empresas possam contabilizar a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em seus inventários. A medida deve impulsionar a transição energética e oferecer uma solução voluntária para consumidores de gás natural que queiram compensar suas emissões.
Uma consulta pública para definir as regras para este certificado foi prorrogada para até 08 de setembro:
A gestão diz que o Estado de São Paulo tem um potencial estimado de produção de 6,4 milhões de metros cúbicos de biometano por dia, sendo cerca 80% proveniente do setor sucroenergético. A produção pode gerar até 20 mil empregos e reduzir em até 16% as emissões de GEE, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em parceria com o governo paulista.
O veículo que está sendo usado pela Santa Cruz faz parte de um acordo tecnológico com a fabricante Scania.
O modelo do chassi apresentado tem duas versões de potência de 280 e 340 cavalos, com torque de 1,9 mil rpm. O tempo de abastecimento é de cerca de 20 minutos.
Dependendo do poluente, as emissões podem ser reduzidas pelos ônibus a Gás Natural e Biometano, em até 90%, como no caso do gás carbônico.
Sobre a autonomia, por causa das características operacionais, no urbano em circulação diurna, o biometano e GNV têm autonomia de cerca de 250 km. Como os rodoviários param menos durante as operações, mas podem ficar mais tempo na garagem abastecendo, a autonomia sobe para 400 km.
O modelo da Santa Cruz tem seis cilindros tipo 1, de 720 litros, colocados no centro do ônibus, ocupando parte dos bagageiros, o que indica aplicação em rotas menores e médias, que os passageiros levam menos malas.
Segundo a Scania, somente em relação a ônibus urbanos, foram comercializadas para o mercado brasileiro neste ano 150 unidades de ônibus urbanos a gás natural e biometano para diferentes operadoras.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes