Publicado em: 11 de setembro de 2025
Trabalhadores protestam por melhores subsídios e jornada semanal; situação coincide com mobilizações no metrô de Londres
ALEXANDRE PELEGI
O mês de setembro tem sido marcado por greves em importantes sistemas metroviários da Europa. Em Lisboa, o Metropolitano da capital portuguesa registrou nesta semana duas greves parciais, nos dias 9 e 11, que interromperam a circulação em todas as quatro linhas até cerca das 10h30 da manhã. Enquanto isso, em Londres, os usuários também enfrentam transtornos por paralisações convocadas pelo sindicato ferroviário RMT.
Greve em Lisboa: paralisação sem serviços mínimos
De acordo com o próprio Metropolitano de Lisboa, a paralisação ocorreu sem serviços mínimos, ou seja, sem qualquer circulação obrigatória durante o período da greve. As estações foram fechadas desde a abertura, às 6h30, e só voltaram a funcionar após o fim do protesto.
As reivindicações dos trabalhadores incluem:
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Aumento dos subsídios de refeição, férias e Natal;
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Alterações na carga horária máxima semanal;
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Garantias de valorização profissional e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
A administração da empresa, que é 100% pública e estatal, afirmou em comunicado que já apresentou um “compromisso robusto” em negociação, mas não conseguiu convencer os sindicatos a suspender a greve.
O que é o Metropolitano de Lisboa
O Metropolitano de Lisboa é o sistema de transporte rápido urbano da capital portuguesa. Criado em 1948 e inaugurado em 29 de dezembro de 1959, foi o primeiro metrô de Portugal. Hoje é uma empresa pública 100% estatal, administrada pelo governo central, e tem como missão estruturar a mobilidade na área metropolitana de Lisboa, em integração com ônibus urbanos, trens suburbanos e bondes elétricos.
A operação é feita em via exclusiva, majoritariamente subterrânea, sem cruzamentos de nível, o que garante regularidade ao serviço. O sistema funciona diariamente das 6h30 à 1h da manhã, servindo tanto aos deslocamentos cotidianos (trabalho, escola, serviços) quanto ao intenso fluxo turístico de Lisboa.
Estrutura da rede e expansão planejada
Atualmente, o sistema conta com:
4 linhas (Azul, Amarela, Verde e Vermelha);
56 estações, das quais 45 já contam com acessibilidade plena;
Extensão de 44,5 km, quase toda subterrânea;
Circulação de energia elétrica por terceiro trilho de 750V.
O material rodante é formado por diferentes séries (ML90, ML95, ML97, ML99), com previsão de entrada de novos trens (ML20 e ML24) nos próximos anos.
Projetos em andamento incluem:
Linha Circular, que vai transformar parte da Linha Verde e criar um percurso contínuo no centro da cidade;
Linha Violeta (Odivelas–Loures), um metrô de superfície previsto para 2029;
Prolongamento da Linha Vermelha até Alcântara, com novas estações em Campo de Ourique e Amoreiras.
Em 2023, o metrô transportou 161,7 milhões de passageiros, número ainda abaixo do recorde pré-pandemia de 173 milhões (2019).
Um paralelo com Londres
As greves em Lisboa acontecem quase em simultâneo com os protestos no metrô londrino, onde o sindicato RMT e a autoridade de transportes TfL divergem sobre salários, segurança e condições de trabalho. Tanto em Londres quanto em Lisboa, os protestos têm impacto direto no dia a dia de milhões de usuários e revelam que os desafios do transporte urbano vão além das questões técnicas, envolvendo também negociações trabalhistas, financiamento e políticas públicas.