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SAE Brasil defende etanol e biodiesel como protagonistas da transição energética no Brasil


Sociedade de Engenheiros da Mobilidade defende biocombustíveis como soluções regionais mais viáveis e sustentáveis que as metas climáticas impostas pela União Europeia, que prevê banir motores a combustão e apostar quase exclusivamente em veículos elétricos

ALEXANDRE PELEGI

A SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) divulgou, em 10 de setembro, o manifesto “A Transição Energética: O Papel dos Motores a Combustão e dos Biocombustíveis no Contexto Europeu e Brasileiro”.

O documento busca inserir o Brasil no debate internacional sobre a descarbonização do transporte, avaliando o pacote europeu “Fit for 55”, que prevê redução de 55% nas emissões líquidas até 2030 e a neutralidade climática até 2050. Entre as medidas, a partir de 2035, apenas veículos considerados “zero emissão” poderão ser registrados como novos na União Europeia.

Segundo a SAE Brasil, “essa decisão, fundamentada em metas rígidas e monitoramento obrigatório de emissões, representa uma mudança profunda na indústria automotiva global”.

Por que valorizar soluções regionais

O manifesto ressalta que, embora a Europa adote padrões regulatórios unificados e rígidos, a realidade brasileira é distinta em termos de matriz energética, infraestrutura e vocação produtiva.

No Brasil, biocombustíveis como o etanol e o biodiesel já fazem parte da matriz de transportes há décadas, com tecnologia consolidada e impacto social positivo, sobretudo pela geração de emprego no campo e pela inclusão produtiva.

Por isso, a SAE Brasil defende que “essas soluções apresentam pegada de carbono inferior até mesmo à dos veículos elétricos quando considerada a matriz elétrica europeia”.

Além disso, a produção nacional já opera em ciclo de carbono fechado, enquanto os combustíveis sintéticos previstos na Europa (e-fuels) dependem de processos mais caros, baseados em hidrogênio verde e captura de CO₂.

Como resume Camilo Adas, Conselheiro de Tecnologia e Transição Energética da entidade:

“A transição energética precisa ser tão global quanto possível, mas tão regional quanto necessária para ser viável do ponto de vista ambiental, econômico e social”.

Flexibilizações recentes na Europa

O manifesto lembra que, diante das dificuldades técnicas e geopolíticas, a Comissão Europeia já admitiu ajustes. “Uma das principais foi a aprovação, em 2025, da possibilidade de cumprimento das metas de emissões por média trienal entre 2025 e 2027, trazendo maior previsibilidade para os fabricantes”, destaca a nota.

Outro ponto citado é a abertura para veículos movidos exclusivamente por combustíveis neutros em carbono após 2035, o que inclui e-fuels, hidrogênio verde e biocombustíveis avançados.

Reação da indústria europeia

O manifesto também cita carta conjunta publicada em agosto de 2025 por duas das principais entidades do setor automotivo europeu: ACEA (montadoras) e CLEPA (fornecedores).

As organizações pedem revisão das metas de CO₂ para 2030 e 2035, “permitindo maior flexibilidade regulatória, inclusão de híbridos plug-in, motores a combustão altamente eficientes, hidrogênio e combustíveis descarbonizados”.

Segundo a SAE Brasil, “esse movimento mostra que a própria indústria europeia reconhece a necessidade de ajustar o ritmo da transição energética”.

Conclusão

No manifesto, a entidade resume sua visão:

“Acreditamos que o reconhecimento da pluralidade tecnológica fortalece os objetivos globais de descarbonização – seremos tanto mais bem-sucedidos quanto mais soubermos integrar e valorizar a diversidade de soluções que cada região tem a oferecer”.

O manifesto da SAE Brasil termina com a seguinte afirmação:

Em um momento decisivo, no qual a indústria automotiva europeia discute a revisão de metas e a flexibilização de estratégias para a transição energética, a SAE BRASIL reafirma seu compromisso com uma transição energética justa, tecnicamente fundamentada e regionalmente adaptada. Acreditamos que o reconhecimento da pluralidade tecnológica fortalece os objetivos globais de descarbonização – seremos tanto mais bem-sucedidos quanto mais soubermos integrar e valorizar a diversidade de soluções que cada região tem a oferecer. O Brasil é um exemplo dessa pluralidade e a SAE BRASIL convida a todos a fortalecerem essa posição.


Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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