Publicado em: 15 de setembro de 2025
Prefeitura de Goiânia divulga balanço de R$ 232 milhões de repasses a sistema de ônibus e diz que paga 41,2% do subsídio total
ADAMO BAZANI
A prefeitura de Goiânia divulgou nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025, balanço de repasses ao sistema de transportes metropolitanos e diz que, no acumulado deste ano, já desembolsou em torno de R$ 232 milhões, incluindo pouco mais de R$ 69 milhões devidos às companhias de transportes em gestões anteriores.
O valor representa 41,2% do subsídio total dos subsídios totais aos serviços, mesmo percentual do Estado. Os 17,6% restantes são de responsabilidade dos demais municípios que integram a rede metropolitana de transportes.
Por lei, os custos dos transportes têm participações proporcionais no custeio entre o governo do Estado, a prefeitura da capital e as cidades vizinhas. A Prefeitura de Aparecida de Goiânia possui a cota-parte de 9,4% no rateio, e o município de Senador Canedo desembolsa 8,2% do total de recursos atualmente.
O subsídio ao transporte coletivo foi instituído pelo Governo de Goiás em 2020 como forma de auxílio emergencial à população durante o período de pandemia da covid-19.
Em dezembro de 2021, foi publicada a Lei Complementar 169, que reestruturou a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo e regulamentou o pagamento deste custeio.
Como mostrou o Diário do Transporte, em reportagem especial também desta segunda-feira, 15 de setembro de 2025, faltam às regiões metropolitanas sistemas de trilhos e corredores de ônibus de alta capacidade (BRTs – Bus Rapid Transit) e, de acordo com os especialistas ouvidos, uma das causas é a falta de entendimento entre governadores e prefeitos.
Relembre:
No balanço desta segunda-feira (15), a prefeitura ainda diz que graças a estes subsídios tem sido possível manter a tarifa para os passageiros m R$ 4,30 desde 2019. Sem esse subsídio, o valor real da passagem seria de R$ 12,51. Ou seja, as empresas recebem dos cofres públicos como remuneração à prestação de serviços, a diferença entre os dois valores, de R$ 8,21 por passageiro transportado.
Os repasses são feitos pelos poderes executivos à CMTC (Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo), gerenciadora dos serviços, que faz o rateio proporcional entre as viações privadas e a Metrobus, empresa pública.
O principal eixo físico de transportes é o BRT Leste-Oeste, chamado de Eixão Anhanguera, mas há também o BRT Norte-Sul.
Em nota, a prefeitura diz que, além de manter o congelamento da tarifa para os passageiros, os subsídios permitem investimentos em infraestrutura de corredores, terminais e estações; renovação de frota, inclusive com modelos menos poluentes como elétricos e a Gás Natural/Biometano e a chamada “metronização” , que usa conceitos de metrô e até inteligência artificial nos semáforos para priorizar os serviços de ônibus.
Veja na íntegra a nota:
Ônibus e terminais
O repasse da Prefeitura à CMTC tem proporcionado a melhoria na frota dos ônibus. Os atuais veículos são padrão Euro VI nas linhas alimentadoras. Atualmente, são 1,2 mil veículos, mas o objetivo é que, até o final do próximo ano, mais 300 novos ônibus reforcem o transporte coletivo da Grande Goiânia. Os veículos são movidos a diesel, elétrico e a biometano. Este último é capaz de trazer economia em gastos e reduzir a emissão de gases poluentes no meio ambiente. Uma política pública de contribuição às metas mundiais de redução de gases na atmosfera.
O investimento público possibilitou a reconstrução de todas as 19 plataformas do BRT Leste-Oeste. Elas, agora, contam com painéis que trazem os horários dos ônibus e sistema de modernização em catracas. Além disso, o Terminal Novo Mundo foi completamente reformado. A área de embarque e desembarque passou de 5,3 mil para 6,4 mil metros quadrados e um novo estacionamento para 35 ônibus. O terminal também ganhou catracas inteligentes com sistema anti-evasão, portão eletrônico de acesso, novos bancos, lixeiras, bebedouros e sanitários, além de escadas, rampas, piso tátil, comunicação em braile e iluminação de LED. Houve a implantação de 36 câmeras de videomonitoramento ligadas à Secretaria de Segurança Pública, painéis informativos e um Centro Comercial Popular, com a capacidade de até 84 permissionários.

Outros quatro terminais seguem em reforma – o da Praça da Bíblia é o que possui os trabalhos mais adiantados, já em fase final de acabamento. Todos vão seguir o mesmo padrão visando a organização e comodidade dos usuários. Além disso, a expectativa é colocar Goiânia como a primeira cidade a operar regularmente uma frota de ônibus biarticulados 100% elétricos. Os novos veículos, com 28 metros de comprimento, estão sendo fabricados pela Volvo. Cinco exemplares devem integrar a frota goiana até o fim do ano.
Metronização
O BRT Norte-Sul vem melhorando o tempo de viagem com uma via exclusiva e com mais acessibilidade e segurança ao usuário. Além disso, os passageiros realizam o embarque e desembarque seguros em plataformas modernas e confortáveis, o que proporciona uma nova experiência de deslocamento dentro do transporte público. Outro ponto que tem ajudado na eficiência do transporte público é a metronização. Com uso de inteligência artificial, o sistema ajusta os semáforos em tempo real para dar mais fluidez aos ônibus.

Segundo o prefeito, o objetivo é fazer com que o transporte coletivo “comande o trânsito”. “Faz com que o ônibus ganhe 30%, 40% a mais de velocidade”, informou o gestor municipal. A ferramenta já funciona entre os terminais Novo Mundo-Praça da Bíblia e Isidória-Praça Cívica. A meta, segundo o prefeito, é implantar a novidade numa extensão de 240 quilômetros em toda a cidade.
Além disso, os abrigos e pontos de paradas passam por uma renovação, com a reforma, limpeza e manutenção necessárias para padronizar o atendimento aos usuários. É feito, ainda, um trabalho de permanente com identificação de pontos de parada de forma padronizada, ou seja, onde não há possibilidade de instalação de um abrigo, é feita a instalação de placa de identificação com padrão e de fácil acessibilidade.

Também contribuem para a melhoria do transporte público medidas como a liberação da terceira faixa de ônibus para motos, onda verde com semáforos sincronizados, mais de 80 cruzamentos destravados com “direita livre”, além da desobstrução de vias e retirada de contêineres que atrapalhavam o fluxo urbano.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes