Publicado em: 17 de setembro de 2025

Banco Central diz que atividade econômica no Brasil perdeu força, mas mercado de trabalho ainda se mantém
ADAMO BAZANI
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em reunião nesta quarta-feira, 17 de setembro de 2025, entre o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e oito diretores da autarquia, manteve por unanimidade a Selic (taxa básica de juros da economia) em 15% ao ano.
Trata-se do maior índice em quase 20 anos. Em julho de 2006, ano primeiro mandato do presidente atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Selic ficou em 15,25% ao ano.
Enquanto isso, o Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, reduziu os juros básicos do país de 4,25% para 4% ao ano. Foi o primeiro corte de juros nos EUA em nove meses. Em 18 de dezembro de 2024, a taxa norte-americano passou de 4,5% a 4,25% ao ano.
Diferentemente do Brasil, nos EUA a decisão não foi unânime. O voto contrário á redução foi de Stephen Miran, indicado ao Fed pelo presidente Donald Trump, que quis reduzir os juros para 4% ao ano.
O setor de transportes está de olho em todo este movimento e pode ser impactado de diversas maneiras no Brasil.
Na última semana, a Anfavea, associação que reúne os fabricantes, diz que a taxa interfere diretamente nos custos de financiamentos de veículos novos e, no caso dos comerciais pesados, como ônibus e caminhões, os impactos são mais imediatos ainda, já que as renovações de frotas tendem a ser postergadas. São investimentos mais altos e, apesar dos prazos para amortização e números de parcelas serem maiores, e haver alguns incentivos para a compra de modelos urbanos, os riscos de negócios entre os diferentes perfis de operadores tornam os empréstimos caros, em especial para empresas de ônibus menores e caminhoneiros autônomos.
As linhas de financiamento com incentivos para ônibus são ainda tímidas para a necessidade e tamanho da frota.
Segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central, encarece o crédito e estimula aplicações financeiras, em lugar de investimentos produtivos.
O órgão aponta que a produção industrial se encontra 1,7% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Entretanto, a maior preocupação do Banco Central, para justificar a decisão, é a inflação.
E isso, impacta também o setor de transportes, mas a operação dos ônibus e caminhões.
Custos como de óleo diesel, energia elétrica, peças, insumos e até mão de obra poderiam ser elevados, o que poderia “neutralizar” os ganhos com um crédito mais em conta para a renovação de frotas, isso porque nem sempre é possível repassar todo este aumento para o consumidor final. No caso das tarifas de ônibus urbanos, mesmo que haja subsídios, os ajustes nas remunerações ocorrem uma vez ao ano, em média.
Segundo o Copom, as instabilidades no ambiente externo, ainda mais com o tarifaço de Trump, e a inflação ainda acima da meta no Brasil representam riscos reais.
O Copom ainda destacou que a atividade econômica perdeu ritmo, mas o mercado de trabalho ainda se mantém.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


