ALEXANDRE PELEGI
O mercado brasileiro de ônibus encerrou setembro de 2025 com 2.316 unidades emplacadas, de acordo com dados da Fenabrave. O resultado representa uma queda de 5,47% em relação a setembro de 2024, quando haviam sido licenciados 2.450 veículos.
Na comparação com agosto de 2025, quando foram registrados 2.053 emplacamentos, setembro apresentou alta de 12,81%, mostrando recuperação após um mês de retração.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, foram emplacados 21.238 ônibus, crescimento de 8,19% sobre igual período de 2024, quando o total foi de 19.630 unidades. Os números confirmam que, apesar das oscilações mensais, o setor mantém trajetória positiva em 2025.
Ônibus elétricos em ascensão
O segmento de ônibus elétricos segue em curva ascendente. Em setembro, foram 42 veículos emplacados, contra 16 no mesmo mês de 2024, um salto de 162,5%.
No acumulado de janeiro a setembro, o segmento soma 544 unidades licenciadas, mais que o dobro das 215 veículos do mesmo período do ano anterior, crescimento de 152,97%. Apesar da evolução expressiva, os elétricos ainda representam menos de 3% do universo total de ônibus emplacados em 2025, o que evidencia o desafio para a transição tecnológica no transporte coletivo brasileiro.
Entre os fabricantes, chama atenção a presença da Caio Induscar na liderança do ranking de elétricos, com 109 unidades. Vale destacar que a Caio é, na essência, uma fabricante de carrocerias, e sua presença no segmento de elétricos ocorre por meio de parcerias com empresas especializadas em tração elétrica, como a Eletra, responsável pela integração de sistemas de propulsão elétrica a chassis e carrocerias. Essa estratégia explica por que a Caio aparece nos números da Fenabrave como montadora associada ao mercado de veículos elétricos, ainda que não produza motores nem baterias.
Logo atrás aparecem a BYD, com 96 unidades, combinando produção nacional e importação de modelos 100% elétricos, e a própria Mercedes-Benz, com 70 veículos, movimento que mostra como a líder histórica do mercado convencional já ingressou no segmento de zero emissão. Juntas, essas três marcas concentram quase 90% do mercado de ônibus elétricos no país.
Marcas líderes no mercado total
No mercado de ônibus como um todo, a Mercedes-Benz continua dominando, com 10.470 unidades emplacadas até setembro, quase metade de todo o volume nacional. A Volkswagen Truck & Bus aparece em segundo lugar, com 4.525 veículos, puxada por sua forte presença no programa Caminho da Escola.
A terceira colocada é a Marcopolo, com 2.505 emplacamentos, seguida pela Iveco (2.216), que vem consolidando espaço, especialmente em modelos escolares. Nos segmentos rodoviário e de fretamento, a disputa é mais acirrada entre Scania (558) e Volvo (389).
Distribuição regional
Embora os números nacionais sejam os mais relevantes, a leitura dos dados por região mostra algumas variações ao longo de 2025. O Sudeste manteve-se como a principal região em volume absoluto, chegando a 48,49% dos emplacamentos em setembro. O Nordeste, que começou o ano em alta (27,34% em janeiro), encerrou setembro com 22,15%, ainda em segundo lugar. O Centro-Oeste respondeu por 12,35%, seguido pelo Sul (12,26%) e pelo Norte (4,75%).
Essas oscilações regionais refletem o ritmo de entregas de programas específicos, como o Caminho da Escola, além de compras direcionadas por estados e municípios, que podem concentrar volumes em determinados períodos do ano.
Conclusão
Mesmo com queda em setembro frente ao ano anterior, o acumulado mostra que o mercado de ônibus em 2025 segue em recuperação, sustentado por programas governamentais (como PAC e Caminho da Escola) e pela renovação gradual de frotas urbanas e de fretamento.
Os ônibus elétricos, embora ainda representem uma fração muito pequena do mercado, mais que dobraram seus números no ano e já se consolidam como pilar emergente da modernização do transporte coletivo no país.
A presença da Caio Induscar, em parceria com a Eletra, é um indicativo de como a cadeia produtiva brasileira pode se articular em torno da eletromobilidade, combinando fabricantes de carroçarias, fornecedores de tração elétrica e operadores dispostos a investir em novas tecnologias.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes