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Além de custos, Fazenda estuda gargalos tecnológicos para gratuidades nacionais nos transportes públicos, diz Haddad


Ônibus em São Caetasno do Sul (SP), onde há tarifa zero todos os dias para todos os passageiros

Segundo Ministro, está sendo feito um Raio X completo do setor de transportes. Tema pode ser usado por Lula em eventual tentativa de reeleição. As falas de Haddad causaram reação no mercado financeiro, havendo até queda na bolsa de valores e alta do dólar.

ADAMO BAZANI

O ministério da Fazenda realiza estudos sobre a condição dos transportes coletivos no Brasil, a pedido do presidente Luís Inácio Lula da Silva, para verificar a viabilidade de implantação de “tarifa zero” nacional nos ônibus, trens e metrôs, para todos os passageiros, inicialmente sendo aplicada aos domingos e feriados nacionais.

O tema foi revelado durante reunião ministerial em 26 de agosto de 2025 e voltou à tona nesta terça-feira, 07 de outubro de 2025, quando no programa “Bom Dia Ministro”, da EBC – Empresa Brasileira de Comunicação, rede pública de mídia do Governo Federal, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que os estudos já estão em andamento.

Além dos custos, a pasta deve analisar outras questões, que vão desde redesenhos das malhas de linhas, os atuais subsídios pagos nas cidades e estados que complementam o valor da tarifa, os impactos no aumento da demanda onde há gratuidades e até mesmo os gargalos tecnológicos e as alternativas quanto a tecnologia de bilhetagem. Mesmo não havendo cobrança da tarifa em determinados dias, como aos domingos e feriados nacionais, a ideia inicial é que todos os usuários passem pelas catracas para ter controle de demanda e os locais e linhas que mais atraem a demanda, havendo readequações.

“Nós sabemos que transporte público no Brasil, sobretudo urbano, ele é uma questão importante para o trabalhador. Nesse momento nós estamos fazendo radiografia do setor a pedido do presidente. Tem vários estudos que estão sendo recuperados pela Fazenda para verificar se existem outras formas mais adequadas de financiar o setor” – disse Haddad.

“Quanto custa o setor, quanto o poder público está colocando de subsídio no setor, quanto as empresas mediante vale transporte estão aportando para o setor, quanto está saindo do bolso do trabalhador, quais os gargalos tecnológicos, quais as oportunidades tecnológicas. Estamos fazendo um mapeamento. Vamos perseverar nesses estudos para apresentar uma radiografia do setor e verificarmos quais as possibilidades de melhorar isso que tem um apelo social muito forte.” – prosseguiu o ministro.

Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), de uma forma mais ampla, a tarifa zero em todo o país pode custar cerca de R$ 90 bilhões por ano.

As falas de Haddad causaram reação no mercado financeiro, havendo até queda na bolsa de valores e alta do dólar.

Investidores temem que os benefícios causem, gargalos de quase R$ 100 bilhões por ano comprometendo as contas públicas.

Ibovespa, no início da tarde, registrou queda de 1,5%, com menos de 142 mil pontos. Já dólar comercial teve alta de 0,5%, valendo R$ 5,34

O tema pode ser usado por Lula em eventual tentativa de reeleição no ano de 2026.

PEDIDO DE LULA, HADDAD CONSTRANGIDO, EX-SECRETÁRIO TATTO QUE DEFENDE, MAS NUNCA IMPLANTOU:

Como ostrou recentemente o Diário do Transporte, foi uma visita à cidade de Maricá (RJ), onde há gratuidade nos ônibus da EPT (Empresa Pública de Transportes), que empolgou o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a pedir ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estudos dos custos para auxiliar as cidades e Estados a concederem tarifa-zero aos domingos e feriados nacionais. A ida de Lula à cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro foi ao lado ddo deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP).

Nas administrações da capital paulista, tanto durante o governo municipal de Marta Suplicy, como de Haddad, Tatto nunca implantou gratuidades.

Na cidade de São Paulo, a tarifa zero aos domingos e em três feriados para todos os passageiros foi instaurada em dezembro de 2023, na gestão do prefeito Ricardo Nunes. Na capital paulista, o custo estimado por ano é de quase R$ 600 milhões. Os feriados são: Ano Novo, Aniversário da cidade (25 de janeiro) e Natal.

O pedido de Lula a Haddad, que foi em público, durante reunião ministerial em 26 de agosto de 2025, deixou o titular da pasta da Fazenda em situação de constrangimento, que, na conversa com presidente, disse que há restrições orçamentárias para bancar isso no momento, mas prometeu estudar a questão.

Relembre:

Faltam definição do custo atual e estudos de impacto de crescimento da demanda pelos transportes. Onde foi instituída a Tarifa Zero cresceu o número de passageiros. O que é bom por um lado, também não deixa de significar uma elevação de custos imediatos operacionais, já que são necessários mais ônibus operando, mais motoristas, mais infraestrutura, o que custa dinheiro.

Uma das questões é que o retorno econômico de uma cidade esperado pela tarifa zero, com mais movimentação no comércio e menos trânsito, pode demorar um pouco para ser sentido enquanto a elevação dos gastos com frota maior de coletivos, mão de obra, estrutura e insumos é imediata. Assim, não deixa de ser uma aposta que precisa ser bancada e sem saber se os ganhos econômicos para as cidades seriam na mesma proporção que a elevação dos custos. Muito embora a tarifa zero tendo de ser encarada não apenas como medida econômica, mas de inclusão social e até incentivo cultural, o aspecto financeiro é importante de ser pensado, caso contrário, o benefício não se sustentaria.

Além disso, com o “cobertor-curto” das finanças da União, Estados e municípios, não só diante da arrecadação, mas das diversas necessidades em diferentes áreas, é preciso saber sobre o que é prioridade.

Na área de mobilidade, o Diário do Transporte, sobre este aspecto trouxe a seguinte notícia na reportagem “O que é melhor? Tarifa zero aos domingos ou infraestrutura para a mobilidade e ônibus e trens novos?”: Na mesma semana em que pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estudos para implantar uma tarifa zero nacional nos ônibus e trens aos domingos e feriados, enviando recursos para Estados e Municípios, o presidente Luís Inácio Lula da Silva mandou ao Congresso a proposta para o Orçamento de 2026 que reduz  dinheiro do Ministério das Cidades, pasta que financia a construção de corredores BRT, metrôs e cuida de recursos que estimulam a aquisição de ônibus e trens novos, por exemplo.

A redução proposta foi de cerca de R$ 5 bilhões em relação a previsão Orçamentária de 2025. A previsão para o Ministério das Cidades foi consolidada em R$ 18,95 bilhões. Para 2026, a peça orçamentária prevê R$ 13,9 bilhões. O valor pode mudar com a votação final pelo Congresso e as emendas parlamentares, mas habitualmente, não sai muito do patamar proposto.

Relembre:

O Diário do Transporte ouviu o Superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Néspoli, sobre a tarifa zero. Segundo o especialista, a estimativa hoje de uma tarifa-zero aos domingos e feriados nacionais em todo o País teria um custo menor que a redução de R$ 5 bilhões do Orçamento de 2026 para o Ministério das Cidades: R$ 3,5 bilhões por ano. A estimativa é com base na demanda e nos custos operacionais, em média, dos transportes nas principais cidades do País.

Relembre:

Mas outros apontamentos mostram que os valores podem ser maiores.

De acordo com cálculos da XP Investimentos, a gratuidade total no País, considerando todos os dias na semana, poderia custar R$ 57 bilhões por ano. Se fosse aos sábados e domingos, a gratuidade nas catracas custaria em torno de R$ 11,8 bilhões, e apenas aos domingos aproximadamente R$ 5,5 bilhões.

ÔNIBUS COM TARIFA ZERO:

ADAMO BAZANI, jornalista especializado em transportes – MTB 31.521 (formação superior)



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