Publicado em: 11 de outubro de 2025
Laboratório do IPT reforça trajetória iniciada com produção de hidrogênio verde e testes com ônibus da EMTU e USP; gás desponta como alternativa estratégica para a futura frota de ônibus sustentáveis da capital.
ALEXANDRE PELEGI
O Estado de São Paulo deu mais um passo concreto na transição energética ao inaugurar nesta quinta-feira, 09 de outubro de 2025, o Laboratório de Hidrogênio – LabH2, vinculado ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O investimento de R$ 50 milhões também compreende a criação do Centro de Energias do Futuro, infraestrutura dedicada ao desenvolvimento do hidrogênio como vetor limpo.
O IPT, órgão estatal, está vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado de São Paulo. Ele é referência nacional em pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e apoio à indústria nas áreas de materiais, mobilidade, energia e sustentabilidade.
GWM mostra primeiro caminhão a hidrogênio do país
A GWM participou da inauguração do LabH2 exibindo o primeiro caminhão a célula de combustível a hidrogênio (FCEV) trazido ao Brasil, o GWM Hydrogen powered by FTXT, reafirmando seu pioneirismo no desenvolvimento e aplicação dessa tecnologia no país.
A FTXT é a subsidiária da GWM na China responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de célula a combustível e componentes para veículos movidos a hidrogênio. Fora do país asiático, ela adota a marca GWM Hydrogen, reforçando o posicionamento global da empresa nesse segmento.
Durante a cerimônia, também foram apresentados os veículos Toyota Mirai e Hyundai Nexo, que simbolizam o avanço da mobilidade limpa baseada em hidrogênio.
“Foi um investimento da ordem de R$ 50 milhões na construção do laboratório e do Centro de Energias do Futuro, com recursos do Governo do Estado, Fapesp, Finep e parcerias com a USP, a indústria e a Alemanha”, afirmou Anderson Correia, diretor-presidente do IPT.
Potencial e aplicação: por que o hidrogênio é estratégico
O hidrogênio é considerado um vetor energético estratégico porque, quando produzido via fontes renováveis ou processos de baixo carbono, pode substituir combustíveis fósseis com emissões muito mais reduzidas.
Sua aplicação vai além da mobilidade: pode atender setores como cerâmica, siderurgia, vidro, química e produzir combustíveis sintéticos, como o SAF (Combustível Sustentável de Aviação). No transporte, destaca-se para ônibus e caminhões, especialmente em rotas de média e longa distância, onde as baterias elétricas enfrentam limitações de autonomia.
Para João Carlos Cordeiro, diretor da unidade de Energia do IPT, o novo laboratório amplia a capacidade de inovação:
“Temos uma estrutura ímpar para produção, compressão, armazenamento e fornecimento de hidrogênio com segurança. Todo o laboratório estará disponível para apoiar a indústria nacional, a cadeia do hidrogênio e a sociedade.”
Mobilidade limpa e metas de descarbonização
A inserção do hidrogênio na matriz energética paulista tem apelo claro no transporte público. Humberto de Alencar, secretário-adjunto de Inovação e Ciência da Prefeitura de São Paulo, afirmou que o gás desponta como alternativa estratégica para a futura frota de ônibus sustentáveis da capital.
O vice-governador Felício Ramuth destacou que o tema é parte central do Plano Estadual de Energia 2050, que integra pesquisa, inovação e políticas públicas para acelerar a transição energética paulista.
Com a combinação de projetos históricos, testes em frotas reais e agora uma infraestrutura robusta de pesquisa, São Paulo avança com consistência rumo a uma mobilidade baseada em hidrogênio — com foco especial no transporte público e nos veículos de carga de grande porte.
Trajetória já consolidada: hidrogênio em ônibus, produção e testes
A inauguração do LabH2 consolida uma série de iniciativas já divulgadas pelo Diário do Transporte ao longo de 2025:
- Em 19 de fevereiro, o IPT voltou a produzir hidrogênio de baixo carbono ao recolocar em operação uma planta de eletrólise pertencente à EMTU. Foram produzidos os primeiros 2 kg de H₂, como parte da retomada do projeto de ônibus movidos a hidrogênio. Relembre:
IPT produz primeiros dois quilos de hidrogênio de baixo carbono em retomada de projeto da EMTU
- A planta, localizada em São Bernardo do Campo (SP), estava ociosa desde meados da década de 2000 e foi reacondicionada pela equipe técnica do IPT, que assumiu a operação, compressão, armazenamento e disponibilização do gás.
- O projeto visa avaliar o desempenho real de ônibus a hidrogênio em operação, estimando-se que a substituição de 18 ônibus a diesel por modelos a hidrogênio poderia evitar quase 3 mil toneladas de CO₂ por ano.
- Outras reportagens e podcasts do Diário do Transporte mostraram como o IPT e a EMTU preparam novos testes com frotas reais, além de debates sobre o papel do hidrogênio na descarbonização do transporte público paulista. Relembre:
USP realiza testes para produção de hidrogênio renovável a partir do etanol
Podcast do Transporte: Hidrogênio avança em São Paulo e vai disputar espaço na descarbonização; ouça entrevista com diretor do IPT
Podcast do Transporte: Hidrogênio em dose dupla nos testes de ônibus da EMTU terminal
Como já havia adiantado para o Diário do Transporte, Nunes conhece produção de biometano e hidrogênio que gera eletricidade na China e deve utilizar nos ônibus de São Paulo – OUÇA
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes