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Tecnologias de segurança em ônibus trazem vantagens, mas ainda são vistas com resistência por empresários e motoristas no Brasil (Buswolrd – 2025)


Além de salvar vidas, que é o mais importante, dispositivos aumentam rentabilidade e, também, criam mais garantias jurídicas. Preço e medo de serem “dedo-duro” estão entre as visões dois lados

ADAMO BAZANI

Apesar de a eletrificação de frotas de ônibus ter sido o foco principal da Busworld 2025, maior evento de ônibus do mundo que ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, entre os dias 04 e 09 de outubro de 2025, não foi o único aspecto abordado pelos painéis com especialistas e com novidades apresentadas pelos fabricantes expositores.

Também ganhou bastante atenção a segurança para redução de acidentes. E a tecnologia é a grande aliada, sem deixar de lado o óbvio: capacitação constante e valorização dos motoristas.

O Diário do Transporte foi um dos poucos órgãos de imprensa profissional do Brasil que cobriu presencialmente o evento mais importante de mobilidade do Planeta, que reuniu fabricantes, frotistas, gestores e especialistas de dezenas de países. O repórter Adamo Bazani viajou a convite da Mercedes-Benz

Como mostrou o Diário do Transporte, a partir de julho de 2026, entram em vigor na Europa novas normas de segurança nas rodovias envolvendo veículos de grande porte, que tornam obrigatórios itens tecnológicos para a redução de acidentes. A maior parte é para auxiliar os motoristas na condução, deixando as tomadas decisões mais acertadas e os veículos semiautônomos. Entre estes itens estão: aviso de fadiga e desatenção do condutor; assistência inteligente de velocidade; preparação para dispositivo contra embriaguez de motorista; sistema de informação de mudança de faixa; sistema de informação de marcha-a-ré; sistema de informação de ponto cego; sistema de monitoramento da pressão dos pneus e sinal de parada de emergência.

Muitas fabricantes optaram por antecipar a instalação destes dispositivos já como itens de série logo neste ano de 2025 ou no início de 2026, antes mesmos da obrigatoriedade em julho de 2026. É o caso da própria Daimler, que engloba as marcas Mercedes-Benz e Setra para ônibus (as normas envolvem caminhões também).

A boa notícia para o Brasil é que a maior parte destas funcionalidades, com um grau tecnológico igual ou um pouco inferior ainda, está disponível em quase todas as marcas de veículos pesados.

Sem querer comparar as realidades operacionais e econômicas brasileiras e europeias, a principal diferença é que a maioria destes itens no Brasil não é obrigatória e ainda poucos frotistas incluem pacotes tecnológicos em suas renovações de veículos comerciais, apesar de um crescimento.

A estimativa é de que 25% dos novos ônibus rodoviários tenham pacotes com três ou mais funcionalidades de segurança não obrigatórias. No caso de urbanos, a fatia cai para, aproximadamente, sete por cento.

Entre os entraves principais estão, do lado dos empresários, os altos preços dos pacotes que, se forem completos entre as versões disponíveis no Brasil, podem chegar a quase um terço dos valores dos ônibus.

Nos urbanos, essa proporção pode ser maior, já que quase não há diferença de preço entre as tecnologias usadas nos rodoviários (a maioria é a mesma até). Isso porque, os chamados “coletivos de linhas locais”, são mais baratos e mais suscetíveis a ações de violência no Brasil, como incêndios em ataques criminosos que destroem não apenas chassis e carrocerias, mas todos os itens tecnológicos instalados.

Por parte dos motoristas, o maior temor (e preconceito) é que os itens tecnológicos sejam “dedos-duros” que evidenciem uma má condução, gerando punições por parte das administrações das empresas.

Entretanto, é necessário ponderar benefícios para ambas as partes e, eventualmente, escolher os pacotes que podem ser mais adequados ao tipo de operação.

Por exemplo, um dispositivo que freia o ônibus em maiores velocidades de forma autônoma em relação aos veículos à frente, animais e pedestres pode ter mais aplicação em modelos rodoviários que em urbanos. Mas um alerta de ponto cego, para manobras em locais estreitos como em ruas de bairros e terminais, pode ser interessante nos urbanos.

Além do mais importante, que é preservar vidas, as tecnologias de segurança podem trazer outras vantagens:

PARA O MOTORISTA:

– Melhorias na condução e na postura profissional;

– Usar todo o aprendizado adquirido para ser um diferencial na carreira e buscar remunerações melhores, em outras empresas ou mesmo partindo para funções como instrutor;

– Melhor aproveitamento dos recursos de tecnologia para se cansar menos na jornada de trabalho e se estressar menos ao volante;

– Maior proteção à integridade física e à saúde;

– Oportunidades de ganhar premiações mais justas e com parâmetros e critérios mais adequados em ações de reconhecimento para “bons motoristas” ou “motoristas-padrão”.

– Segurança jurídica, esclarecendo quem teve a culpa em eventuais acidentes;

PARA O FROTISTA:

– Ganhos econômicos ao reduzir danos materiais em ônibus que são bem caros (até perdas totais) evitando acidentes ou diminuindo a gravidade das ocorrências;

– Ganhos econômicos com redução de custos operacionais e de consumo, como de combustível e energia, e desgaste de insumos, como pneus e peças, pela condução mais adequada dos motoristas;

– Se usar as tecnologias para orientar os condutores e premiar os bons profissionais, em vez de se limitar a punir erros, o resultado pode ser uma equipe mais motivada e produtiva;

– Melhoria de imagem da empresa junto aos passageiros e gestores públicos: os investimentos podem virar propagandas e campanhas publicitárias;

– Da mesma forma que ocorre com os motoristas, segurança jurídica, esclarecendo quem teve a culpa em eventuais acidentes;

A maior parte dos frotistas e motoristas ouvidos pela reportagem de empresas de ônibus que fazem uso de pacotes de tecnologia diz que valeram a pena os investimentos.

Grande parte dos descontentes, em especial entre os empresários, dá relatos mais voltados a erros do dimensionamento dos pacotes contratados que as tecnologias em si, comprando itens que são pouco usados e não adquirindo funcionalidades mais adequadas.

Uma dica é começar pelo básico e ir ampliando de acordo com a necessidade.

Para as montadoras e empresas de tecnologia, a dica é: em vez de querer vender por vender (claro que pacotes maiores rendem mais recursos), procurar antes entender a necessidade de cada empresa e indicar o mais adequado para ajudar na criação de uma cultura.

Melhor vender mais vezes algo de valor menor do que uma vez só o de maior, “queimando” uma solução e uma prática de mercado.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes, que viajou para a Buswrold 2025 , na Europa, a convite da Mercedes-Benz do Brasil

 



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