Publicado em: 30 de outubro de 2025
              
                
Nem sempre soluções vendidas em “pacotão” podem ser as melhores alternativas, comenta diretor de empresa especializada
ADAMO BAZANI / VINÍCIUS DE OLIVEIRA
Quando se fala em infraestrutura para ônibus elétricos, logo se pensa em carregadores, se pensa em altas tecnologias colocadas no terreno das garagens e dos terminais. Mas há um passo antes disso que o mercado tem enfrentado muitas dificuldades e dúvidas, que são as obras civis, ou seja, você tem uma garagem, você tem um terreno, mas você não sabe o que fazer e como fazer.
Durante o Arena ANTP, que acontece na capital paulista, conversamos com Arthur Carrão, da empresa Recharge Brasil, especializado nesse tipo de trabalho.
Confira a entrevista na íntegra:
ADAMO BAZANI: Arthur, a primeira dúvida é, eu tenho minha garagem, eu preciso eletrificar a minha frota ou quero, alguns empresários precisam, outros querem. Como fazer? É esse trabalho que vocês fazem? E quais são as principais dificuldades que hoje vocês encontram entre os frotistas e até mesmo os gestores públicos?
ARTHUR CARRÃO: Ótima pergunta, Adamo. Obrigado, primeiramente, pelo espaço e por ter essa oportunidade de conversar com vocês, e a todo o público do Diário do Transporte. A gente hoje está ainda em uma fase inicial da eletrificação das frotas e desse mercado, que tanto tem crescido no Brasil e aqui no estado de São Paulo, principalmente. As dificuldades que a gente vê, como especialistas em infraestrutura de eletromobilidade, a Recharge é uma empresa de engenharia especializada em projetos e infraestrutura e implantação de carregadores. É isso que a gente faz. Então, desde o projeto, da concepção, para que o projeto seja feito de forma adequada e a obra transcorra da melhor forma possível, mais rápida possível, a gente tem essa atuação em âmbito nacional. Então, a gente tem vários exemplos de garagens, terminais, aeroportos que a gente já fez e estamos avançando. Um grande desafio, para dar um exemplo aqui, é conseguir a capacidade energética dessa garagem, desse local. Então, esse é um dos desafios, junto às concessionárias, fazer o pedido de aumento de carga e trazer essa energia em quantidade suficiente. Hoje a gente está também fazendo já os projetos com o BESS, que vai complementar essa rede, e também existe a parte mais comercial do mercado, onde as empresas e as garagens, os operadores, precisam conhecer a gente, precisam conhecer empresas de engenharia capacitadas e especializadas nesse tipo de obra e de serviço. E a Recharge tem se destacado nesse assunto, nesse mercado, com a nossa qualidade, a segurança da nossa implantação. Então, eu acho que um pouco de desafio do mercado é entender empresas como a nossa e vir até nós buscar soluções de engenharia, e as dificuldades mais técnicas de obras de grande consumo energético, de trazer essa energia, implantações em média tensão, que a gente também já tem feito.
ADAMO BAZANI: O Diário do Transporte conversa com muitos empresários de ônibus, com muitos operadores, a gente já ouviu um desafio que parece tão básico, mas é um dos primeiros, o espaço. Como eu vou otimizar o espaço? Normalmente, garagem de ônibus, por aumento de frotas, já são espaços apertados. Houve até denúncias, a gente já acompanhou de morador do ônibus ficar na rua, na calçada. Enfim, vocês também apresentam, o mercado também é carente de soluções como essa, como dinamizar, otimizar e usar o meu espaço que já é apertado para colocar carregador, subestação e tudo, que alguns empresários até usam o termo brincando, toda “parafernália” elétrica, né?
ARTHUR CARRÃO: Sim, a gente já inclusive tem trabalhado em projetos trazendo novas tecnologias que otimizam tanto a ocupação de espaço dessa infraestrutura de carregadores, como também faz a inteligência da gestão energética dos carregadores, como por exemplo, controle de balanço de carga, controle de demanda, então isso tudo já existe. Lá fora é bem mais comum. Aqui no Brasil está chegando agora e a gente já está pronto e já está trazendo essa tecnologia para os nossos projetos também.
ADAMO BAZANI: Perfeito, então quer dizer, são soluções integradas. Eu queria que você falasse dessa questão da integração mesmo entre os fornecedores. A gente está aqui na frente da Eletra, não é à toa, não é que haja um trabalho direto da Recharge com a Eletra, mas a gente noticiou que a Eletra, ela lançou o Eletra Consult, que é um serviço de consultoria, que une os players de mercado e dá orientação também, com base junto, em parceria com esses players. O caminho também é esse? O fabricante e o fornecedor conversarem e oferecerem, não pacotões, propriamente ditos, mas oferecerem soluções personalizadas e integradas.
ARTHUR CARRÃO: Com toda certeza, Adamo. Esse é, para mim, um ponto mais importante no próximo passo que esse mercado que está amadurecendo vai dar. É a criação de ecossistemas onde cada empresa, na sua especialidade, vai atuar integrando o projeto com todas as pontas juntas, e não como você falou, oferecendo pacotões. A Eletra tem feito isso, tem feito muito bem, a gente também tem feito um trabalho, porque o que eu penso e o que a gente está levando para o mercado. Uma solução onde cada empresa atue na sua especialidade. Eles, por exemplo, são especializados e são fabricantes de ônibus elétricos, tem os fabricantes de carregadores, temos nós que estamos na ponta da engenharia e fazendo os projetos para otimizar tudo isso. Então, cada um trabalhar na sua especialidade é a próxima tendência do mercado e a gente está exatamente trabalhando com esses ecossistemas para cada um trazer a sua solução e trabalhar na sua ponta do ecossistema, mas todo mundo unido, conversando e fazendo com que o mercado avance com mais competitividade e trabalhando para que o mercado cresça e amadureça cada vez mais.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Vinícius de Oliveira, para o Diário do Transporte


 
                                    