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UNICA e Cetesb firmam parceria para impulsionar a transição energética e modernizar a gestão ambiental no setor sucroenergético


Acordo técnico reforça capacitação, revisa parâmetros ambientais e incentiva uso sustentável de resíduos da produção de etanol e açúcar

ALEXANDRE PELEGI

O avanço da descarbonização e a busca por fontes renováveis de energia têm levado o setor sucroenergético a um novo patamar de responsabilidade ambiental e inovação tecnológica. Em um momento em que o Brasil consolida sua posição como referência mundial em bioenergia, um passo decisivo foi dado nesta terça-feira (4 de novembro): a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) firmaram um acordo de cooperação técnica voltado a fortalecer a modernização regulatória e ampliar a eficiência ambiental das usinas paulistas.

A assinatura ocorreu durante o Summit Agenda SP + Verde, evento promovido pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), e representa um marco no alinhamento entre o poder público e a indústria em torno da transição energética.

Regulação moderna e economia circular

O acordo estabelece uma agenda conjunta de atualização técnica e revisão de parâmetros ambientais, com foco na segurança jurídica, inovação e sustentabilidade. Entre as diretrizes estão novos parâmetros para o aproveitamento de resíduos industriais, como vinhaça e torta de filtro, tradicionalmente utilizados na fertirrigação e na geração de energia térmica.

A proposta amplia o uso de subprodutos como biofertilizantes e abre caminho para o aproveitamento de Combustível Derivado de Resíduos (CDR) em caldeiras industriais — iniciativa que integra o conceito de economia circular, ao transformar rejeitos em insumos energéticos.

“A produção sustentável de energia renovável pela cadeia sucroenergética tem ganhado novos contornos, com a ampliação dos energéticos extraídos da biomassa e a intensificação de práticas de economia circular”, afirmou Evandro Gussi, presidente da UNICA. “Estamos evoluindo para um modelo em que resíduos de um setor se transformam em energia e matéria-prima para outro.”

Formação técnica e diálogo institucional

Um dos pilares do acordo é a capacitação profissional. A Escola Superior da Cetesb, em parceria com a UNICA, lançará um curso de licenciamento ambiental voltado a engenheiros, gestores e técnicos do setor. A primeira turma, já confirmada, deve reunir mais de 80 participantes, reforçando a demanda por atualização técnica e por um ambiente regulatório previsível.

A rápida adesão ao programa reflete a confiança do setor no diálogo técnico com a Cetesb. A capacitação é fundamental para fortalecer o modelo de desenvolvimento de baixo carbono e impulsionar a transição energética”, explicou Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.

Para a Cetesb, a cooperação inaugura uma nova forma de diálogo entre o órgão licenciador e as empresas.

O setor sucroenergético é peça-chave na transição energética do Estado de São Paulo. Essa parceria é um marco no diálogo com a indústria, permitindo mecanismos mais modernos, seguros e alinhados com as melhores práticas internacionais de economia circular”, destacou Thomaz Toledo, diretor-presidente da Cetesb.

Monitoramento e continuidade

Com vigência inicial de 12 meses, o acordo poderá ser prorrogado e contará com um Comitê Técnico de Cooperação, composto por especialistas das duas instituições. O grupo será responsável por acompanhar a execução das metas, propor novas frentes de trabalho e monitorar os resultados alcançados.

Mais do que um pacto institucional, a parceria sinaliza o fortalecimento da agenda de descarbonização no estado que responde por boa parte da produção nacional de etanol e bioenergia. No horizonte, está a consolidação de um modelo regulatório que una eficiência produtiva, segurança jurídica e sustentabilidade — três eixos fundamentais para o futuro da mobilidade e da energia limpa no Brasil.

Produção e protagonismo da bioenergia

O acordo reforça o papel estratégico da cadeia sucroenergética paulista e nacional no processo de descarbonização e na diversificação da matriz energética. As usinas associadas à UNICA respondem atualmente por mais de 54% da produção nacional de cana-de-açúcar, 51% da produção de etanol — incluindo 34% do etanol de milho —, 52% da produção de açúcar e quase metade da bioeletricidade ofertada ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Na safra 2024/2025, o Brasil produziu 679,68 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, matéria-prima utilizada para gerar 44 milhões de toneladas de açúcar, 37,3 bilhões de litros de etanol — sendo 29,1 bilhões provenientes da cana e 8,2 bilhões do milho —, além de 21 TWh de bioeletricidade destinados à rede elétrica nacional.

Esses números dimensionam a relevância do setor para o abastecimento energético, a geração de empregos e o equilíbrio ambiental, reforçando o papel do etanol e da biomassa como pilares da transição para uma economia de baixo carbono.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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