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Brasil é “paraíso dos biocombustíveis” que devem ser foco nos transportes e queda de preços de baterias é destaque. Leia discurso desta sexta-feira (07) de Lula na íntegra


Presidente Lula e a presidente da Eletra, Milena Braga Romano em evento em junho de 2024 na fábrica da empresa em São Bernardo do Campo (SP) Foto: Ricardo Stuckert / PR

Lula ainda destacou que os países em desenvolvimento devem participar de toda a cadeia de eletrificação, inclusive. Neste aspecto, por exemplo, a indústria brasileira de ônibus elétricos precisa de maior destaque. A convite da Eletra, Diário do Transporte viaja a Belém (PA) para acompanhar evento internacional na próxima semana. Empresa vai apresentar painéis, realizar demonstração do case BRT Metropolitano de Belém e ainda atuar nos transportes oficiais junto com a BRT-Amazônia. Mercedes-Benz, por sua vez, destaca biocombustível BeVant, que tem origem 100% vegetal

ADAMO BAZANI

Os transportes, tanto de cargas como de passageiros, figuraram entre os principais aspectos abordados pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva e de entrevistas da equipe ministerial na sessão sobre transição energética na Cúpula de Líderes da COP 30 nesta sexta-feira, 07 de novembro de 2025, em Belém, no Pará.

Segundo Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Brasil é o “paraíso dos biocombustíveis” e que esta forma de geração de energia deve ser ampliada.

Silveira destacou no evento a “Lei do Combustível do Futuro” (Lei nº 14.993/2024), sancionada em outubro de 2024 para promover a transição energética, que entre outros pontos prevê o aumento gradativo da mistura de biocombustíveis na gasolina e no diesel para reduzir as emissões pelos motores a combustão.

“O Brasil é o paraíso dos biocombustíveis, e aprovamos maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta, que é a Lei do Combustível do Futuro. Estamos reforçando o nosso protagonismo e contribuição com o planeta e impulsionando o surgimento de novas indústrias verdes no país”, disse o Ministro.

O programa foi citado no discurso de Lula que lembrou que a gasolina no Brasil tem 30% de etanol em sua composição e o diesel conta com 15% de biodiesel.

No entanto, operadores profissionais de transportes, tanto de cargas como de passageiros, dizem que atualmente essa mistura tem prejudicado motores a diesel de ônibus e caminhões, principalmente deixando borras e fazendo com que a eficiência caia, o que amplia os custos de operação e manutenção.

Diante disso, fabricantes já começam, com parceiros, as experimentar alternativas ao que está disponível no mercado.

É o caso da Mercedes-Benz, que levou para a Cop-30, em Belém (PA), quatro veículos, dois ônibus rodoviários e dois caminhões, com um novo combustível: o biocombustível BeVant, que tem origem 100% vegetal e passa por um processo de bidestilação. O projeto é em parceria com a empresa Be8. Os “pesados” saíram em caravana desde Passo Fundo (RS) para Belém (PA), com uma parada para avaliação preliminar na sede da montadora, em São Bernardo do Campo (SP).

Durante o Arena ANTP, evento de mobilidade da Associação Nacional de Transportes Públicos, com realização da editora OTM, da Techini Bus, com parceria do Diário do Transporte e Podcast do Transporte, o vice-presidente do segmento de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa, conversou com Adamo Bazani e contou que até então, os resultados com o BeVant foram positivos.

Na ocasião Walter Barbosa explicou que o diferencial é que, por ter origem integralmente vegetal, não há depósitos desses resíduos no propulsor. O executivo acredita que o BeVant tem tudo para ser uma das principais fontes de energia alternativas ao óleo diesel, sem substituir necessariamente a aplicabilidade, por exemplo, dos ônibus elétricos.

Relembre:

A eletricidade como matriz energética para os transportes também foi citada por Lula no discurso desta sexta-feira, 07 de novembro de 2025, que reuniu líderes globais.

Segundo o presidente, o preço das baterias caiu 90% ao longo da história e que a busca deve ser por diversificação das fontes de matrizes energéticas.

Lula ainda destacou que os países em desenvolvimento devem participar de toda a cadeia de eletrificação, inclusive. Neste aspecto, por exemplo, a indústria brasileira de ônibus elétricos precisa de maior destaque.

É impossível discutir a transição energética sem falar dos minerais críticos, essenciais para a confecção de baterias, painéis solares e sistemas de energia. Para gerar emprego e renda e gozar de segurança energética, os países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor.

Entre as principais produtoras de ônibus elétricos no Brasil está a Eletra, de São Bernardo do Campo (SP). A empresa é a única com capital e origem 100% nacionais e atua na Cop-30 também.

A convite da marca, o Diário do Transporte viaja a Belém (PA) para acompanhar o evento internacional na próxima semana. Empresa vai apresentar painéis, realizar demonstração do case BRT Metropolitano de Belém e ainda atuar nos transportes oficiais junto com a BRT-Amazônia.

Relembre:

O presidente ainda falou sobre o que classificou de “pobreza energética” sobre a exclusão de grande parte da população do acesso à energia.

Lula ainda ressaltou que o conflito na Ucrânia fez o mundo dar vários passos para trás nos esforços para reduzir a poluição com a reabertura de minas de carvão. Para o presidente, gastar mais com armas que com ações climáticas é partir para um apocalipse primário.

“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para redução de emissões de gases de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado. É fundamental combater todas as formas de pobreza energética: 2 bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar; 660 milhões de pessoas dependem de lamparinas ou de geradores a diesel nas periferias das grandes cidades e nas comunidades rurais da América Latina, da África e da Ásia; 200 milhões de crianças frequentam escolas sem acesso à luz elétrica.”.

LEIA E ASSISTA AO DISCURSO NA ÍNTEGRA:

As decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou nosso fracasso na batalha contra a mudança do clima.  

Foram necessárias 28 COPs do clima para nos comprometermos, em Dubai, com uma transição energética justa, ordenada e equitativa.

A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos.

75% das emissões de gases do efeito estufa têm origem na produção e no consumo de energia.

Não podemos nos omitir ou intimidar diante da magnitude desse dado.

Já sabemos que não é preciso desligar máquinas e motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro.

A ciência e a tecnologia nos permitem evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas.

Essa transformação já está em curso.

O uso de renováveis triplicou nos últimos dez anos.

No primeiro semestre de 2025, a energia renovável se tornou a maior fonte individual de geração de eletricidade no mundo, ultrapassando o carvão.

Em muitas regiões, as energias solar e eólica já são mais baratas do que a gerada por combustíveis fosseis.

O preço das baterias caiu 90%.

O Brasil não tem medo de discutir a transição energética.

Somos líderes nessa área há décadas.

Ainda nos anos 1970, fomos o primeiro país a investir em larga escala em alternativas renováveis.

90% da matriz elétrica nacional provém de fontes limpas.

Também somos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis e o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis.

Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel.

O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção nos setores mais desafiadores, como a indústria e os transportes.

É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a Organização Marítima Internacional a adiar esse passo.

A transição energética representa um novo paradigma de desenvolvimento e uma grande oportunidade para promover transformações estruturais na sociedade e na economia.

Em 2023, o setor foi responsável por 10% do crescimento do PIB global e empregou 35 milhões de pessoas.

É impossível discutir a transição energética sem falar dos minerais críticos, essenciais para a confecção de baterias, painéis solares e sistemas de energia.

Para gerar emprego e renda e gozar de segurança energética, os países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor.

Senhoras e senhores,

Apesar dos avanços, 2024 registrou novo recorde de emissões de carbono do setor energético, o maior índice desde 1957.

Os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade.

No ano passado, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder 869 bilhões de dólares para o setor de petróleo e gás.

Desde a adoção do Acordo de Paris a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global diminuiu apenas de 83% para 80%.

O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para redução de emissões de gases de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão.

Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático.

Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado.

É fundamental combater todas as formas de pobreza energética.

2 bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar.

660 milhões de pessoas dependem de lamparinas ou de geradores a diesel nas periferias das grandes cidades e nas comunidades rurais da América Latina, da África e da Ásia.

200 milhões de crianças frequentam escolas sem acesso à luz elétrica.

Sem energia, também não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna.

Sem equacionar a injustiça de dívidas externas impagáveis e sem abandonar condicionalidades que discriminam os países em desenvolvimento, andaremos em círculos.

Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda o acesso a tecnologias e financiamento para os países do Sul Global.

Há espaço para explorar mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento de iniciativas de mitigação climática e transição energética.

Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento.

O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática.

O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis.

É tempo de diversificar nossas matrizes energéticas, ampliar as fontes renováveis e acelerar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis.

Isso requer alguns compromissos centrais:

Em primeiro lugar: implementar o acordo de Dubai de triplicar a energia renovável e de dobrar a eficiência energética até 2030.

Em segundo lugar: colocar a eliminação da pobreza energética no centro do debate e incluir metas de cocção limpa e de acesso à eletricidade nos planos climáticos nacionais.

Em terceiro lugar: aderir ao Compromisso de Belém para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e acelerar a descarbonização dos setores mais desafiadores.

Os cientistas já cumpriram seu papel.

Nesta COP, os negociadores devem buscar o entendimento.

E nós, os líderes, devemos decidir se o século XXI será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente.

Muito obrigado.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



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