33.5 C
Rondonópolis
quarta-feira, 12 novembro - 16:43
- Publicidade -
Publicidade
HomeTransportesCoalizão prevê que Brasil tem potencial para que 40% da frota de...

Coalizão prevê que Brasil tem potencial para que 40% da frota de veículos sejam elétricos até 2050


Para carregar as baterias de todos estes carros, caminhões e ônibus eletrificados, seria necessário gerar mais 170 mil GWh por ano

ADAMO BAZANI

O Brasil tem potencial para ter ao menos 40% de toda a frota de veículos movida a eletricidade até 2050.

Juntamente com outras alternativas aos derivados de petróleo, como a ampliação do uso do etanol em mais de 40 bilhões de litros e de diesel verde em mais de 10 bilhões,  além 8 milhões de m3 de GNV (Gás Natural Veicular) com 10% de biometano na mistura (combustível obtido na decomposição de resíduos), esta meta de frota poderia fazer com que até 2050, os meios de transportes rodoviários possam ter uma redução de 280 mega toneladas de CO2 em comparação um quadro que projete que daqui para lá nada ou muito pouco seria feito para mudar a realidade atual das emissões.

Este é um dos resultados do estudo da Coalizão dos Transportes,  apresentado durante a Cop-30 (Conferência das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas 2025), que é realizada em Belém (PA).

A Coalizão tem como um dos líderes o Sistema Transporte da CNT (Confederação Nacional do Transporte).

O Diário do Transporte participa presencialmente da cobertura das discussões sobre mobilidade da Cop-30 a convite da Eletra Industrial,  empresa brasileira produtora de ônibus elétricos e que desenvolve consultorias independentes para orientar gestores públicos e operadores privados para eletrificação de frotas urbanas e metropolitanas.

Entretanto, para dar conta de todo este potencial de frota, muito mais que um parque fabril de veículos, o Brasil necessita de infraestrutura de geração e distribuição de energia.

Segundo o estudo, para carregar as baterias de todos estes carros, caminhões e ônibus eletrificados, seria necessário gerar mais 170 mil GWh por ano.

O trabalho mostra ainda a importância dos ônibus elétricos,  em especial nos corredores do tipo BRT (Bus Rapid Transit), para que as metas de redução de poluentes sejam alcançadas, muito embora não deve ser a única medida a ser focada.

Melhorar a infraestrutura para operações dos transportes coletivos, ampliando os meios metroferroviários, incentivar a renovação da frota dos ônibus (independentemente das tecnologias) e criar formas para reduzir as tarifas estão entre as atitudes urgentes para que os resultados sejam plenamente alcançados em 2050.

Como mostrou o Diário do Transporte, a  aliança formada nesta Coalizão promete reduzir em até 70% as emissões de gases do efeito estufa até 2050.

Relembre:

As conclusões do estudo parecem óbvias, mas conseguem refletir em números o quadro atual dos impactos ambientais, sociais e econômicos dos transportes, seja de cargas ou passageiros, e com isso, apontar medidas mais adequadas.

Enquanto os discursos e ações políticas midiáticas parecem focar nas emissões geradas pelos ônibus, obrigando trocas de tecnologias de frotas sem planejamento, os técnicos, professores e mestres em áreas como engenharia e meio ambiente, conseguiram quantificar uma realidade conhecida por quem estuda mobilidade: o “vilão da poluição” nas cidades é o transporte individual e não o ônibus, mas investimentos maiores em BRTs (Bus Rapid Transit) e em modelos com tecnologias alternativas ao diesel, como elétricos e a biometano, devem ser implantados e ampliados o quanto antes. Investimentos em ampliação e modernização de transportes metroferrovários e da mobilidade ativa (sem motor, como caminhadas e bicicleta) também são considerados “obrigatórios”.

Redução de tarifas de ônibus, trens e metrôs, além de combate ao transporte clandestino também estão entre os caminhos.

“As emissões relativas ao transporte individual motorizado são muito superiores às do transporte coletivo (127 gCO2 / pkm1 em carros vs 16 gCO2 / pkm em ônibus na cidade de São Paulo), o que reforça que a expansão do transporte coletivo, preservando a inter e multimodalidade, é fundamental para a descarbonização do setor de transportes e para o alcance das emissões líquidas zero em mobilidade urbana” – diz parte da conclusão.

As medidas, entretanto, não devem apenas mexer com o “bolso do transporte coletivo”. Pelo contrário. Financiamentos para a descarbonização dos deslocamentos devem vir do carro e da moto, que precisam ser mais fiscalizados.

Uma das ações propostas é a inspeção veicular obrigatória para veículos, entre as “alavancas” para a descarbonização:

  • Adoção de sistemas de inspeção veicular ambiental obrigatória: Implementar inspeções ambientais regulares para que veículos atendam aos padrões de emissões e segurança, garantindo o envolvimento não apenas da esfera federal, mas também da estadual;
  • Intensificação de soluções que promovam emissões veiculares próximas do patamar zero: Implementar veículos menos emissores de GEE2 (ex.: elétricos, híbridos, movidos por rotas de hidrogênio de baixo carbono), considerando a capacidade produtiva local e o momento mais adequado para a implementação de cada solução;
  • Conversão de motores de ônibus a diesel para gás (ex.: biometano): Adaptar motores existentes para que se tornem aptos ao uso de soluções gasosas menos poluentes como combustível (ex.: biometano).
  • Intensificação do uso de biocombustíveis em ônibus urbanos: Substituir combustíveis fósseis por biocombustíveis menos poluentes, desde que sejam: i) constatada a viabilidade técnica, mecânica, operacional e laboratorial do referido insumo energético; ii) respeitada a diversidade de matrizes; e iii) respeitadas as especificidades regionais.
  • Substituição da matriz atual com fortalecimento do transporte coletivo sustentável entre os diferentes modos (ex.: metrôs, VLTs, ônibus, BRTs) da mobilidade ativa (ex.: caminhada) e da micromobilidade (ex.: patinetes)
  • Condução ecoeficiente e assistida: Agir sobre o comportamento dos motoristas de carros e ônibus para otimização do consumo de combustível (incluindo recursos como Inteligência Artificial);
  • Investimento na melhoria da infraestrutura de transporte coletivo: Modernizar e realocar vias, estações e linhas para reduzir congestionamentos e melhorar a experiência dos passageiros;
  •  Otimização da rede de trens urbanos e VLTs: Expandir e melhorar linhas de trens urbanos e VLTs para maior cobertura e eficiência.
  • Implementação de corredores exclusivos para ônibus: Adotar faixas exclusivas para ônibus/BRTs, reduzindo o tempo de viagem e aumentando a eficiência do transporte coletivo.
  • Promoção da modicidade tarifária e de fontes alternativas de receita: Implementar tarifas acessíveis e sustentáveis, combinadas com outras fontes de arrecadação para financiamento do transporte coletivo (ex.: “cobrança por ganho de tempo”, outros).
  • Criação de zonas de baixa emissão: Estabelecer áreas onde somente veículos de baixa emissão e/ ou transporte coletivo podem circular, levando em consideração as especificidades de cada região.
  • Criação de políticas de restrição para circulação de veículos particulares: Limitar a circulação de veículos particulares em determinados dias ou horários para incentivar o uso de transporte coletivo e/ou da micromobilidade ativa.
  • Fiscalização adequada e regras de desincentivo são necessárias para a implementação eficiente, impedindo, por exemplo, a compra de mais de um carro por um mesmo indivíduo.
  • Implementação de políticas de gestão de estacionamentos: Adotar práticas de gestão de estacionamentos a fim de limitar a quantidade e o tamanho dos estabelecimentos e vagas disponíveis, fomentando a utilização de modos de transporte mais limpos.
  • Promoção de soluções de micromobilidade: Investir e ter metas de implementação de infraestrutura cicloviária incluindo serviços de compartilhamento de patinetes elétricos e bicicletas, assim como Zonas 30 (Zonas de Tráfego Calmo).
  • Promoção de soluções de mobilidade ativa (ex.: caminhadas): Investir em infraestrutura segura e acessível para estimular rotas peatonais próximas à infraestrutura cicloviária (ex.: ruas fechadas para automóveis em períodos de menor movimento, incentivando deslocamentos a pé).
  • Criação de incentivos para intermodalidade: Investir na integração entre modos de transportes (ex.: integração entre ciclovias e terminais de metrô/ônibus, transportes coletivos com sistemas para carregamento interno de bicicletas, bicicletários seguros dentro de terminais de transporte coletivo).
  • Combate ao transporte clandestino: Evitar o uso de meios de transporte ilegais, reduzindo os deslocamentos clandestinos e possibilitando a mudança dos mesmos para meios de transporte coletivos legalizados

Criada em 2024, a Coalizão propõe 90 ações para reduzir as emissões do transporte brasileiro, setor responsável por 11% das emissões nacionais — cerca de 260 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) equivalente.

Adamo Bazani,  jornalista especializado em transportes



Fonte

RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments