Publicado em: 26 de novembro de 2025

Substituição deve ocorrer nos corredores Transcarioca e Transoeste e em expansões nas regiões do Porto, Botafogo e Ilha do Governador
ADAMO BAZANI
Colaborou Yuri Sena
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sancionou lei complementar nº 289, de 25 de novembro de 2025, como resultado do projeto de lei complementar 56, que autoriza a administração municipal a trocar ônibus do BRT (Bus Rapid Transit) por VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou VLP (Veículo Leve sobre Pneus).
Substituição deve ocorrer nos corredores Transcarioca e Transoeste e em expansões nas regiões do Porto, Botafogo e Ilha do Governador.
De acordo com a publicação oficial nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025, a prefeitura poderá delegar, mediante concessão patrocinada, o serviço público de transporte coletivo de passageiros, por meio de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), Veículo Leve sobre Pneus (VLP) ou tecnologia similar, incluindo sua implantação, operação e manutenção, nos corredores Transcarioca e Transoeste e eventuais expansões.

Como mostrou o Diário do Transporte, antes da aprovação em primeira discussão na Câmara da cidade do Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 2025, foi realizada uma audiência pública para aprofundar a ideia da gestão municipal.
Relembre:
Na apresentação, a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, disse que um estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mostrou previamente ser mais vantajosa conversão de meios de transporte que criação de novas linhas.
Isso porque, segundo a secretária, seria aproveitada a infraestrutura do trajeto da “calha” onde estão implantados os BRTs e porque já se tem uma estimativa de demanda de passageiros.
“Os investimentos são mais altos, mas a qualidade é maior e perdura por mais tempo. A vida útil de um ônibus é menor que a de um trem (…) A conversão em VLT seria mais viável porque os corredores já possuem calhas e áreas desapropriadas, o que permite uma execução mais ágil (..) Só se sustenta uma conversão quando se conhece a dinâmica e a demanda. Temos dois corredores consolidados, o que nos dá tranquilidade técnica”, disse Maína Celidonio na audiência.
O BRT Transcarioca conta com os terminais Alvorada e Fundão, 45 estações e capacidade para transportar 16 mil passageiros por hora em cada sentido. Já o Transoeste, formado pelos terminais Santa Cruz, Mato Alto, Pingo d’Água, Curral Falso, Alvorada e Jardim Oceânico, possui 41 estações e a mesma capacidade estimada de transporte.
O não conhecimento da demanda consolidada dos BRTs Transolímpica e Transcarioca foi o motivo apontado pela secretária quando foi questionada por que o sistema não foi incluído no projeto de conversão do sistema de ônibus para bondes.
“A operação da Transolímpica ainda está amadurecendo, e esperamos crescimento da demanda com o tempo. No caso da Transbrasil, seria precipitado iniciar um novo ciclo de obras, já que o corredor foi inaugurado recentemente”, a secretária que, segundo a Câmara, citou também uma parceria com a distribuidora de energia Light para há estudos sobre o uso de subestações com sobra de energia ao VLT.
Na mesma audiência, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, ainda apresentou a proposta do VLT de São Cristóvão, com cinco paradas e 5,2 km de extensão em via dupla.
“Temos a vantagem de integrar o Pavilhão de São Cristóvão, a Quinta da Boa Vista e o Museu Nacional com a estação do VLT de São Cristóvão, o metrô, o trem e os ônibus” – disse
BONDE DIGITAL COM PNEUS NO LUGAR DE VLT:
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, segundo a Câmara, também mencionou a possibilidade de optar por um sistema de “bonde digital com pneus” no lugar do VLT.
“Visitamos as duas únicas fábricas do mundo com essa tecnologia, na China. Ela parece promissora em termos de custo-benefício, mas ainda precisamos compreender melhor seu funcionamento.” – explicou
O DRT (Digital Rail Transit, ou transporte sobre trilhos digitais em português) ou BUD (Bonde Digital Urbano), produzido pela empresa CRRC Nanjing Puzhen.
Como mostrou o Diário do Transporte, o BUD se trata de um veículo sobre pneus que dispensa os “trilhos tradicionais” e combina guiagem magnética digital embutida no pavimento com propulsão elétrica via supercapacitores — componentes diferentes das baterias de lítio, que armazenam e liberam energia rapidamente e mantêm desempenho estável ao longo de sua vida útil.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior anunciou que o modelo passa por testes em uma linha metropolitana de 10 km entre Pinhais e Piraquara, cidades vizinhas a Curitiba, nos próximos 45 dias.
Relembre:
O modelo também interessa a cidade de São Paulo, que possui um projeto de VLT para a região central que pode ser trocado pelo BUD.
O secretário municipal de mobilidade e transportes de São Paulo, Celso Jorge Caldeira, visitou a fábrica na China e disse que o veículo pode substituir o projeto original do VLT, caso seja comprava viabilidade econômica e técnica.
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


