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Espanha cria passe nacional mensal de € 60 para transporte público a partir de 2026


Bilhete na Espanha equivale a 5% do salário mínimo; no Brasil, custo similar consumiria 25% da renda; passe valerá apenas para trens e ônibus de competência federal, sem incluir metrôs e ônibus urbanos municipais 

ALEXANDRE PELEGI

O governo da Espanha anunciou a criação de um passe nacional mensal de transporte público no valor de € 60, com início previsto para janeiro de 2026. Na fase inicial, o novo bilhete não inclui os sistemas municipais de transporte, como metrôs, VLTs e redes locais de ônibus urbanos, que continuam operando com tarifas próprias definidas por governos regionais e prefeituras.

O passe permitirá viagens ilimitadas por 30 dias exclusivamente nos serviços públicos de transporte sob gestão estatal, abrangendo trens metropolitanos e de subúrbio (Cercanías), trens de média distância (Media Distancia) e linhas de ônibus intermunicipais e de longa distância concedidas pelo governo central. Para jovens com menos de 26 anos, o valor mensal será reduzido para € 30.

Comparando custos com Brasil

Para efeito de comparação internacional, o valor do novo passe nacional espanhol também pode ser analisado em relação ao salário-mínimo brasileiro. Considerando a cotação média recente de € 1 em torno de R$ 6,30, o passe de € 60 equivale a aproximadamente R$ 380.

No Brasil, o salário-mínimo nacional em 2025 é de R$ 1.518. Isso significa que um gasto mensal equivalente a € 60 representaria cerca de 25% do salário-mínimo brasileiro — proporção significativamente superior à observada na Espanha, onde o passe corresponde a aproximadamente 5% do salário-mínimo mensal local.

A comparação ajuda a dimensionar o peso relativo do custo do transporte no orçamento do trabalhador. Enquanto o modelo espanhol busca limitar o gasto com mobilidade a uma fração reduzida da renda básica, no Brasil, valores semelhantes em termos reais representam uma parcela muito mais elevada do rendimento mínimo, evidenciando os desafios estruturais do financiamento do transporte público no país.

De acordo com o Ministério dos Transportes da Espanha, a exclusão dos sistemas urbanos municipais nesta etapa ocorre porque metrôs, VLTs e ônibus locais são de competência administrativa e tarifária das comunidades autônomas e dos municípios, o que exige negociações específicas e acordos de adesão para qualquer integração ao passe nacional.

O governo federal afirma, porém, que o modelo foi estruturado desde a origem para permitir a integração futura. A expectativa oficial é que redes regionais e municipais possam aderir de forma voluntária, incorporando seus serviços a uma plataforma nacional de mobilidade, com mecanismos de compensação financeira e divisão de receitas entre os operadores.

A meta de médio e longo prazo é que o sistema espanhol se aproxime do modelo alemão do Deutschlandticket, que oferece acesso amplo a praticamente todos os modais locais e regionais por meio de um único passe mensal. No caso espanhol, essa ampliação dependerá do interesse e da concordância das administrações locais.

Mesmo restrito aos serviços federais nesta fase inicial, o governo espanhol estima que o novo passe poderá gerar reduções relevantes no custo de deslocamentos intermunicipais, especialmente para trabalhadores e estudantes que utilizam com frequência trens regionais e ônibus de média e longa distância.

A regulamentação detalhada do passe — incluindo formas de venda, controle de uso, critérios de elegibilidade e eventual cronograma de adesão dos sistemas urbanos — deverá ser publicada até o início de 2026.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

 



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