O atacante Papu Gómez fez um forte desabafo sobre o que viveu pouco antes da final da Copa do Mundo de 2022, em que foi campeão com Lionel Messi e a Argentina. O jogador ficou sabendo dois dias antes da decisão que havia testado positivo em um exame antidoping e ficou apreensivo com a possível punição, que veio meses depois: dois anos de suspensão.
O afastamento dos gramados, anunciado em outubro de 2023, fez o atleta refletir e perceber que, depois de conquistar a Copa, agora é alguém que “ninguém liga”.
“Estou trabalhando no sentido de aceitar que Papu Gómez, como ‘personagem’, chegou ao fim, está deixando de existir. Agora sou uma pessoa comum, um pai de família. Tenho trabalhado para acalmar o ego e viver como ‘Alejandro’. Fui de campeão do mundo a alguém que já ninguém liga, a desaparecer do meio e não jogar mais”, disse, ao canal Clank!.
“É preciso saber viver com isso. Quando está lá no alto você não é o melhor, e agora também não é o pior. É preciso priorizar outras coisas. Tentei ficar entusiasmado com a ideia de voltar [aos gramados], mas quando me deram a pena de dois anos me caiu o mundo”, revelou.
Papu Gómez justificou o doping dizendo que tomou um xarope de seu filho para a tosse, ainda antes da Copa do Mundo. Quando foi ao Sevilla, onde jogava, houve a realização de um exame surpresa. O jogador disse ter esquecido de contar sobre o xarope, falando apenas de anti-inflamatórios e remédio para dormir.
“Se tivesse dito sobre o xarope, não teria acontecido nada, estava declarado. Mas o tempo passou e depois recebi o e-mail informado o teste positivo. Foi horrível. Fiquei mal por dois dias, com febre. Imaginam o que é festejar sabendo o que ia acontecer depois”, contou.
“Me parecia egoísta [falar sobre o caso para os colegas de seleção perto da final]. Não queria que pensassem em outra coisa que não fosse na decisão. Muitas vezes eu pensava: se um dia for campeão do mundo, não jogo mais. Às vezes pedimos e acontece. Passei a ser campeão do mundo e a não jogar mais”, finalizou.
O atleta ainda disse que agora, aos 36 anos, se divide entre o desejo de voltar aos gramados e o de parar de vez.