Publicado em: 27 de dezembro de 2024

Tarifa atual de R$ 5,30 está em vigor desde março e não cobre os custos operacionais do serviço, o que impacta a qualidade do sistema, impede investimentos e prejudica a população
ALEXANDRE PELEGI
As empresas de ônibus Dedo de Deus e 1º de Março, responsáveis pelo transporte público em Teresópolis (RJ), na Serra Fluminense, alertam para o risco iminente de colapso do sistema nos próximos meses.
A principal causa apontada é a falta de políticas públicas da prefeitura para reduzir o desequilíbrio tarifário. O problema se agrava pela grande quantidade de gratuidades concedidas sem o devido repasse de recursos por parte do governo municipal, asseguram as concessionárias.
Em nota, as empresas citam um novo estudo técnico, protocolado em agosto, que indica que a tarifa de ônibus na cidade deveria ser de R$ 5,86. No entanto, a falta de repasse da prefeitura referente às gratuidades para idosos de 60 a 64 anos, conforme previsto em lei, eleva esse valor para R$ 6,47.
A tarifa atual, de R$ 5,30, está em vigor desde março e não cobre os custos operacionais do serviço, dizem as empresas. Isso impacta a qualidade do sistema, impede investimentos e prejudica a população, alertam as transportadoras.
“Vale ressaltar que, esse ano, foi registrado um aumento de 8% no preço do óleo diesel, com forte tendência de alta para os próximos meses, e ainda há, para o início de 2025, o reajuste salarial dos rodoviários, fatores que pressionam ainda mais os desafios econômicos enfrentados pelas operadoras”, diz a nota.
Citando dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a nota explica que 30% dos custos do transporte público são cobertos por repasses ou incentivos fiscais. Diversas cidades do Rio de Janeiro, como Nova Friburgo, Maricá e Miguel Pereira, subsidiam a tarifa de ônibus, tornando-a mais acessível à população. “O caso mais recente é o de Miguel Pereira, onde a tarifa cairá para R$ 2,50 ao invés de subir para R$ 5,00, através do complemento pago pelo governo para cobrir essa diferença. Em Teresópolis, apesar dos alertas dados nos últimos anos e de exemplos bem-sucedidos de cidades que priorizaram e reorganizaram o seu sistema de ônibus, nenhuma política de subsídio ou organização do transporte público foi implantada pela atual gestão municipal, afetando diretamente a vida da população”, pontua a nota.
Em Teresópolis, quase 47% dos passageiros utilizam algum tipo de gratuidade, um número muito superior à média nacional de 22,4%. São mais de 5,3 milhões de embarques gratuitos por ano, dos quais 2 milhões são provenientes de benefícios concedidos pelo município, ressaltam as empresas do transporte local.
A ausência de subsídios faz com que o ônus do sistema, incluindo as gratuidades, recaia sobre os passageiros pagantes. Isso gera uma injustiça social, considerando que a renda média familiar dos usuários de ônibus na cidade é de apenas 1,5 salário-mínimo.
As empresas afirmam que, sem medidas para reequilibrar o sistema, o transporte público em Teresópolis (RJ) pode entrar em colapso nos próximos meses, devido à inviabilidade econômica. Até o momento, a prefeitura não se manifestou em busca de soluções para evitar a falência do serviço, dizem as empresas.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


