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Agência pública corta linhas, reduz 20% da oferta e aumenta tarifas


Com déficit superior a US$ 200 milhões, SEPTA elimina 32 rotas de ônibus e prepara reajuste tarifário de 21,5% já em setembro. Congresso estadual discute saída para evitar colapso completo

ALEXANDRE PELEGI

O sistema de transporte público da região metropolitana da Filadélfia, maior cidade do estado da Pensilvânia, na costa leste dos Estados Unidos, operado pela SEPTA (Southeastern Pennsylvania Transportation Authority), inicia neste domingo, 24 de agosto de 2025, uma das maiores reduções de serviços de sua história recente. A medida é reflexo de um déficit orçamentário estimado entre US$ 213 milhões e US$ 231 milhões, que ameaça a continuidade do atendimento à população

Regional Rail e o impacto nos deslocamentos suburbanos

A partir de 2 de setembro, a redução alcançará também o Regional Rail, a rede de trens suburbanos que conecta o centro da Filadélfia a cidades vizinhas e municípios periféricos na Pensilvânia, Nova Jersey e Delaware. O sistema é considerado vital para trabalhadores que vivem fora do núcleo urbano e dependem do transporte coletivo para se deslocar diariamente. No total, a SEPTA projeta que cerca de 800 mil passageiros diários serão afetados pelas medidas, incluindo entre 50 mil e 55 mil estudantes que justamente retornam às aulas neste período.

Cenário para 2026: risco de colapso

A perspectiva para os próximos meses é ainda mais preocupante. Sem um novo aporte de recursos, a agência alerta que em janeiro de 2026 os cortes podem chegar a 50% de toda a operação. Isso significaria a suspensão das viagens após as 21 horas, a extinção de cinco linhas ferroviárias do Regional Rail e o cancelamento de serviços especiais, como os trens conhecidos como “sports express”, que tradicionalmente reforçam o atendimento em dias de jogos e eventos culturais de grande porte.

Disputa política no estado da Pensilvânia

Na tentativa de evitar um colapso total, a Câmara dos Representantes da Pensilvânia aprovou em julho um projeto de lei que prevê US$ 292 milhões adicionais para a SEPTA. A proposta, entretanto, enfrenta forte resistência no Senado estadual, controlado pelos republicanos, que priorizam investimentos em infraestrutura rodoviária em detrimento de subsídios ao transporte público. Essa disputa política tem colocado em compasso de espera uma decisão considerada urgente por especialistas em mobilidade e pelas lideranças locais.

Mais carros, mais poluição e risco a grandes eventos

As consequências já estão sendo sentidas e tendem a se agravar. Um estudo da Delaware Valley Regional Planning Commission projeta que os cortes resultarão em aproximadamente 275 mil carros adicionais circulando pelas ruas da região, agravando ainda mais os congestionamentos e elevando os níveis de poluição. Além disso, a redução da capacidade de transporte coletivo coloca em risco a logística de grandes eventos que a cidade receberá em 2026, entre eles a Copa do Mundo, a celebração dos 250 anos da Independência dos Estados Unidos e o All-Star Game da MLB.

Transporte público como eixo da inclusão

A crise atinge de forma mais dura justamente os grupos sociais mais dependentes do transporte coletivo, como idosos, trabalhadores de baixa renda e estudantes. O que ocorre hoje na Filadélfia serve de alerta para outras cidades norte-americanas que enfrentam dificuldades semelhantes, combinando queda de demanda, aumento dos custos operacionais e ausência de um modelo estruturado de financiamento público.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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