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ANTT corta ligações de Brasília, Goiânia e Teresina


Agência aponta irregularidades e revoga autorizações em série que afetam principais rotas da transportadora do grupo Catedral

ALEXANDRE PELEGI

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou nesta sexta-feira (7 de novembro de 2025) um pacote de decisões que atinge diretamente a Catedral/Kandango Transportes e Turismo Ltda. Foram revogadas sete autorizações (Termos de Autorização – TAR) para operar linhas interestaduais, entre as quais se destacam trajetos entre capitais como Brasília (DF), Goiânia (GO), Palmas (TO), São Paulo (SP) e Teresina (PI). Essa ação integra a deliberação da Superintendência de Serviços de Transporte Rodoviário de Passageiros (SUPAS) da agência.

As decisões constam nas páginas 115 e 116 da edição nº 213 do Diário Oficial da União e foram assinadas pelo superintendente Juliano de Barros Samôr. As medidas têm por base as Resoluções ANTT nº 5.818/2018 e nº 5.976/2022 — que regulam autorizações de transporte rodoviário interestadual — e ainda fazem parte da Deliberação ANTT nº 376/2025, que ampliou a cassação de autorizações da Viação Catedral.

Linhas revogadas:

  • Linha Goiânia (GO) – São Paulo (SP) (TAR nº GOSP0053028)

  • Linha Goiânia (GO) – Palmas (TO) (TAR nº GOTO0053017)

  • Linha Goiânia (GO) – Palmas (TO) (TAR nº GOTO0053044)

  • Linha Brasília (DF) – Goiânia (GO) (TAR nº DFGO0053049)

  • Linha Brasília (DF) – Teresina (PI) (TAR nº DFPI0053015)

  • Linha Barreiras (BA) – Brasília (DF) (TAR nº BADF0053048)

  • Linha Uberlândia (MG) – Teresina (PI) (TAR nº MGPI0053023).

Contexto mais amplo

Em 4 de novembro, o Diário do Transporte publicou que a Viação Catedral reagiu publicamente à decisão da ANTT, manifestando surpresa e criticando os impactos para passageiros vulneráveis — sobretudo em relação às vagas gratuitas oferecidas antes da cassação. A empresa afirmou que não conseguirá manter ou realocar bilhetes de gratuidades já emitidos, e que a redução da concorrência poderá elevar os preços e diminuir o acesso ao transporte rodoviário interestadual.

A cassação disseminada teve origem em ação da Viação Guanabara, que acusou a Catedral/Kandango de falsificar dados no sistema MONITRIIP — com a Justiça Federal constatando que “a empresa autora estava alimentando o MONITRIIP com dados fictícios, pois informava a operação de determinadas linhas, mas a fiscalização encontrava os veículos em outras localidades”.

Ainda conforme o levantamento:

  • Em 22 de setembro de 2025, a Justiça Federal manteve a cassação dos mercados.
  • Em setembro, a ANTT publicou a Deliberação 335/2025, que já havia cassado seis mercados da empresa.
  • Em outubro, com a Deliberação 376/2025, a sanção foi ampliada para 27 linhas.

Catedral sente o golpe

A empresa alertou que, sem a operação dessas linhas, ocorrerá uma redução imediata nas vagas gratuitas disponíveis — justamente por não haver obrigatoriedade para outras empresas compensarem as vacâncias deixadas segundo a Resolução ANTT nº 6.033/2023.

Além disso, a Viação Catedral apontou que a diminuição da concorrência poderá refletir no aumento de preços e queda na oferta de viagens — o que atinge especialmente idosos, pessoas com deficiência e passageiros de baixa renda.

Por outro lado, a ANTT afirmou que os processos administrativos foram regulares, baseados em evidências técnicas e que a agência poderá redistribuir os mercados cassados para outras empresas a fim de evitar descontinuidade dos serviços. Relembre:

Catedral reage à decisão da ANTT que cassou 27 linhas interestaduais por irregularidades operacionais

O que vem pela frente

A Kandango/Viação Catedral já anunciou que estudará recursos para reverter a situação, argumentando que “transportar pessoas é mais do que levá-las de um lugar a outro”. A empresa, no entanto, aguarda definição sobre possíveis novos autorizados ou realocação dos mercados.

Do lado regulatório, cabe acompanhar se a ANTT abrirá novos editais para redistribuir essas rotas e como o mercado reagirá à eventual reorganização, com impacto direto sobre oferta, preços e mobilidade interestadual.


Linha do tempo da cassação

  • Julho de 2024: Viação Guanabara aciona a Justiça contra a Catedral, alegando uso indevido de bilhetes e falsificação.
  • Agosto de 2025: ANTT abre processo administrativo e adota medida cautelar, suspendendo parte dos mercados.
  • Setembro de 2025: Justiça Federal confirma cassação dos mercados por fraude em dados operacionais.
  • Setembro de 2025: Publicação da Deliberação 335 que cassou seis mercados da empresa.
  • Outubro de 2025: ANTT edita a Deliberação 376, estendendo a sanção para 27 linhas interestaduais.
  • Novembro de 2025: Viação Catedral publica comunicado público, lamentando os impactos sobre gratuidades e passageiros vulneráveis.



Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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