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Aplicativo brasileiro vira peça-chave da mobilidade da COP30 e orienta mais de 20 mil usuários em Belém


Ferramenta desenvolvida pela Bus2 operou ajustes de itinerário em tempo real, integrou diferentes frotas e se tornou a principal referência de deslocamento dos credenciados durante a conferência na capital paraense

ALEXANDRE PELEGI

Um dos maiores testes de mobilidade já enfrentados por uma conferência internacional no Brasil terminou com um resultado pouco comum: elogios. Durante a COP30, realizada em Belém, a operação de transporte dos credenciados — frequentemente tratada como ponto crítico em eventos desse porte — tornou-se um dos aspectos mais bem avaliados pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela imprensa internacional e pelas próprias delegações.

No centro dessa engrenagem esteve um aplicativo de mobilidade desenvolvido no Brasil pela Bus2, que acabou se tornando o principal instrumento de orientação para os deslocamentos oficiais do evento. A ferramenta foi responsável por operar, em tempo real, dois sistemas de mobilidade adotados na conferência e funcionou como uma espécie de bússola urbana para mais de 20 mil usuários.

A Secretaria Extraordinária da COP30 (SECOP) avalia que o aplicativo foi decisivo para coordenar uma operação complexa, marcada por bloqueios viários, manifestações, mudanças constantes de fluxo e mais de 43 mil participantes espalhados pela capital paraense.

“Foi a primeira vez que recebemos elogios do início ao fim pelo time da ONU. A mídia também destacou o transporte. A operação foi extremamente complexa, mas funcionou de forma exemplar”, afirmou Luiz Guilherme Macedo Martins, coordenador de mobilidade da SECOP.

Martins tem no currículo passagens por algumas das maiores operações de mobilidade do mundo. Atuou na Expo 2020 Dubai, foi Head de Transporte da COP28 e realizou consultorias no Qatar — experiências que, segundo ele, criaram uma régua internacional clara para avaliar o desempenho da mobilidade em Belém.

Adesão acima do esperado

Um dos indicadores mais simbólicos da operação foi a adesão ao aplicativo de mobilidade. Ao longo da conferência, a ferramenta registrou 20.078 instalações, sendo 10.400 em dispositivos Android e 10.678 em iOS.

“O aplicativo de mobilidade teve mais downloads do que o aplicativo geral do evento. Isso foi muito impressionante”, destacou Martins. “Esse dado mostra confiança. As pessoas usaram porque era simples, funcionava e resolvia um problema real”.

Em Belém, os credenciados dependiam exclusivamente dos ônibus oficiais para se deslocar entre hotéis, áreas de hospedagem, centros de credenciamento e o local principal da COP30. Nesse contexto, o aplicativo passou a ser a principal referência de navegação, reunindo informações sobre rotas, pontos de parada, horários, tempos de viagem e alterações operacionais.

Além disso, os veículos da COP contavam com acessos privilegiados e entradas exclusivas próximas ao evento, o que reforçou a preferência pelo transporte coletivo oficial e reduziu a pressão sobre a malha urbana da cidade.

Operação que se reinventava todos os dias

Ao longo das três semanas da COP30, foram 15.853 horários monitorados, em uma operação que precisou integrar frotas e tecnologias de fornecedores distintos — desde os ônibus do BRT Metropolitano até veículos rodoviários contratados especificamente para o evento.

Um dos principais desafios era a diversidade de sistemas de rastreamento. Cada operador utilizava sua própria plataforma, o que inviabilizava uma integração tradicional dentro do curto prazo disponível. A solução encontrada foi padronizar toda a operação por meio de celulares embarcados, transformando o aplicativo em um ponto único de convergência para motoristas, passageiros e equipes de monitoramento.

“Quando percebemos que a mesma solução atendia motorista, passageiro e centro de controle, ficou claro que operar com um sistema único seria mais eficiente”, explicou Martins. “A própria concessionária do BRT Amazônia decidiu não utilizar seu sistema próprio de monitoramento para seguir com a solução integradora”.

Essa decisão reduziu a complexidade operacional e aumentou a agilidade das respostas. Em um evento sujeito a mudanças constantes, rotas precisavam ser ajustadas quase diariamente — seja pelo surgimento de novas hospedagens, seja por bloqueios viários, manifestações ou alterações no protocolo de segurança.

“Um ajuste de itinerário podia ser feito em segundos no celular do motorista e, automaticamente, aparecia para os usuários como uma nova orientação. Isso é algo raro em operações desse porte”, ressaltou Martins.

Comunicação direta com motoristas e passageiros

Outro diferencial do sistema foi a comunicação em tempo real. O aplicativo permitiu o envio de mensagens instantâneas tanto para motoristas quanto para passageiros, informando sobre atrasos, desvios, bloqueios e mudanças de acesso.

Em uma operação com alto fluxo e variabilidade constante, essa comunicação direta evitou desinformação, reduziu ansiedade dos usuários e ajudou a manter a previsibilidade dos deslocamentos — fator crítico para o cumprimento da agenda oficial da conferência.

“A COP30 deixou uma mensagem muito clara: mobilidade bem planejada e bem conectada não é coadjuvante. É o que sustenta a experiência de um evento global”, avaliou Gustavo Balieiro, diretor da Bus2.

Teste extremo para a tecnologia

Para a Bus2, a COP30 foi considerada um dos testes mais exigentes já enfrentados pela empresa, tanto pela complexidade da operação quanto pelo tempo reduzido de implantação.

“Foi uma operação com mudanças diárias, às vezes horárias. A tecnologia precisava acompanhar esse ritmo sem gerar fricção para o usuário”, afirmou Marco Littig, diretor da Bus2. “O aplicativo só funcionou bem porque conseguimos entregar flexibilidade, estabilidade e simplicidade ao mesmo tempo — três elementos que raramente coexistem em grandes eventos”.

Quem é a Bus2

A Bus2 atua na gestão e integração de dados de transporte coletivo, conectando 102 mil ônibus em tempo real. A empresa está presente em 340 cidades brasileiras e também em Assunção, no Paraguai, alcançando mais de 3,5 milhões de usuários por meio de aplicativos em modelo white label.

Todos os meses, sua infraestrutura tecnológica processa mais de 1 bilhão de dados, oferecendo inteligência operacional, monitoramento em tempo real e suporte à tomada de decisão para sistemas de transporte urbano e operações especiais.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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