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Após quase 50 anos, Codepas sai do transporte urbano em Passo Fundo (RS) e 119 servidores ficam sem garantia de absorção


Prefeitura busca que futura concessionária priorize contratações e promete plano de contingência para manter atendimento

ALEXANDRE PELEGI

A Prefeitura de Passo Fundo, cidade localizada no norte do Rio Grande do Sul e com população estimada em 210 mil habitantes, reuniu-se nesta sexta-feira (15) com a direção da Codepas e o Sindiurb (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos). O objetivo do encontro foi tratar da reestruturação do transporte coletivo urbano e do destino dos servidores da companhia municipal, que não participará da nova licitação prevista para os próximos meses.

Origem e papel da Codepas

A Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas) foi criada em 1977, inicialmente para organizar serviços públicos do município, assumindo com o tempo responsabilidades como transporte coletivo, coleta de resíduos e estacionamento rotativo. Ao longo de mais de quatro décadas, a empresa se tornou referência local, mas nos últimos anos passou a enfrentar graves dificuldades financeiras, refletindo a crise nacional do transporte por ônibus.

Nos últimos quatro anos, o sistema de ônibus de Passo Fundo operou em déficit, exigindo gastos anuais de R$ 5,5 milhões apenas em manutenção de frota. A companhia mantém hoje 23 veículos fabricados entre 2006 e 2017, avaliados em R$ 2,9 milhões, e já acumula prejuízos superiores a R$ 50 milhões desde 2011. A queda de demanda após a pandemia de Covid-19, somada ao envelhecimento da frota e ao aumento de custos operacionais, agravou a inviabilidade econômica do modelo.

Codepas fora do certame

De acordo com o diretor da empresa, Cristiam Thans, a companhia não tem condições financeiras nem operacionais de atender ao novo modelo de concessão. Apenas para cumprir a exigência legal de idade média de 7,5 anos da frota e idade máxima de 15 anos, seria necessária a aquisição imediata de nove ônibus zero quilômetro, ao custo de R$ 8,14 milhões. “Isso é inviável diante do nosso quadro atual”, afirmou Thans.

Servidores e alternativas

A Codepas possui 119 trabalhadores diretamente ligados ao transporte: 50 motoristas, 48 cobradores e 21 funcionários de apoio, parte deles com mais de 30 anos de serviço. Estudos jurídicos afastaram a possibilidade de absorção desses servidores na administração direta. Como medida mitigatória, a Prefeitura vai propor que a futura concessionária priorize a contratação dos trabalhadores da Codepas, além de oferecer suporte de recolocação por meio de programas como o Café com Emprego.

Continuidade de outros serviços

A Codepas seguirá operando normalmente seus dois serviços superavitários: a coleta de lixo e o estacionamento rotativo pago. “Nosso compromisso com a população permanece, e vamos garantir que a transição no transporte coletivo ocorra de forma planejada e sem prejuízo ao atendimento”, destacou o diretor.

Próximos passos

Durante o processo licitatório, a Prefeitura implementará um plano de contingência para assegurar que a população não fique sem transporte. O rito começa oficialmente em 29 de agosto, com audiência pública na Câmara Municipal para apresentação da proposta. Na sequência, o edital será encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) para análise.

Linha do tempo do transporte coletivo em Passo Fundo

1977 – Fundação da Codepas (Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo), criada pela Prefeitura para organizar e gerir serviços públicos, incluindo o transporte coletivo urbano.

Anos 1980–1990 – Consolidação da Codepas como operadora de ônibus municipais, ao lado de empresas privadas que também atuavam no sistema.

Anos 2000 – A companhia amplia sua frota e assume papel central no transporte urbano, mantendo operação direta de linhas municipais.

2010–2015 – Início do acúmulo de déficits financeiros. Prejuízos crescentes refletem a crise estrutural do transporte coletivo por ônibus em todo o Brasil.

2011–2025 – A Codepas acumula prejuízos superiores a R$ 50 milhões em 14 anos, com aumento expressivo nos custos de manutenção da frota.

2020–2022 – A pandemia de Covid-19 provoca queda acentuada na demanda de passageiros, agravando a crise do sistema.

2023–2024 – Relatórios municipais apontam necessidade urgente de renovação da frota, com ônibus já ultrapassando 15 anos de uso.

2025 (agosto) – Prefeitura confirma que a Codepas não participará da nova licitação do transporte coletivo. Companhia seguirá apenas com os serviços de coleta de lixo e estacionamento rotativo pago.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes





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