Publicado em: 7 de agosto de 2025
Somente até o início da manhã desta quinta-feira, 07 de agosto de 2025, foi mais uma nova ocorrência e oito na quarta-feira (06). Diretor da NTU, associação de todo o País, enfatiza que são ataques aos cidadãos. Presidente de federação paulista, diz que empresários de outros estados já relataram estar preocupados porque nada garante que não ocorram ações semelhantes em outras regiões brasileiras
ADAMO BAZANI
NA RÁDIO ABC:
O número de ataques a ônibus no Estado de São Paulo não para de crescer, apesar de uma queda em relação ao pico de ocorrências, mas ainda mais alta que o perfil habitual dos vandalismos. A preocupação é nacional, em especial entre as entidades e investidores de peso do setor de transportes. Lideranças se manifestaram ao Diário do Transporte.
Um marco triste na história dos transportes nacionais já foi atendido: a poucos dias da onda de ataques a ônibus em São Paulo completar dois meses, o número de casos apenas na capital passou de 600. Até o início da manhã desta quinta-feira, 07 de agosto de 20256, foi mais uma ocorrência, pelo menos, totalizando 609 desde o dia 12 de junho de 2025, quando começaram os ataques que fugiam das características das ações de vandalismo mais comuns. Na quarta-feira (06), foram oito casos.
Tudo se refere a apenas atualizações do sistema municipal da capital paulista, gerenciado pela SPTrans (São Paulo Transporte), da prefeitura.
Em todo o Estado, considerando também os ônibus metropolitanos e municipais das cidades vizinhas da capital e o Litoral, já são mais de mil veículos vandalizados, a grande maioria atingida por pedradas, bolinhas de gude ou esferas metálicas.
Apesar de a quantidade de ocorrências por dia ter caído em relação aos piores momentos desta onda, até então, quando chegaram a ser registrados mais de 50 casos em menos de 24 horas, o clima de insegurança ainda existe.
Isso porque, as motivações não foram esclarecidas ainda pela Polícia Civil e não houve prisões de eventuais mandantes.
Nesta quarta-feira (06), o diretor executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Francisco Christovam, conversou com o Diário do Transporte e a Rádio ABC e disse que, apesar de os casos, nesse momento ocorrerem em São Paulo, a preocupação é nacional, tratando-se de um problema de segurança pública que afeta o desempenho dos transportes. Muito mais que isso, de acordo com Christovam, são as vidas colocadas em risco.
As empresas cobram mais segurança. O representante das companhias diz que, além de serem ataques a ônibus, tratam-se de ataques aos cidadãos, e que os responsáveis precisam ser severamente punidos dentro da lei.
OUÇA:
Em artigo, ainda de meados de julho e enviado ao Diário do Transporte, o presidente da Fetpsp, federação que reúne as viações no Estado de São Paulo, Mauro Herszkowicz, também disse que, em contatos com empresários de outros estados, a preocupação pé nacional também, porque nada garante que ondas semelhantes possam ocorrer em diferentes partes do País.
Segundo o dirigente, a falta de respostas das autoridades de Segurança Pública é uma das principais aflições das companhias de transportes e, acima de tudo, quem está na linha de frente: passageiros e trabalhadores do setor.
Relembre:
EXTERNALIDADES E NÃO SÃO “CASINHOS”: Artigo do Diário do Transporte de 04 de agosto der 2025, reportou a importância do jornalismo factual (hardnews) na cobertura dos interesses do setor de transportes, debateu justamente as externalidades, destacando que, ao relatar casos que parecem “pequenos” e “isolados”, com responsabilidade, a mídia, principalmente a especializada, ajuda a construir entendimentos e soluções para situações mais amplas. Os ataques estão neste contexto.
Relembre:
PRISÃO E LINHAS DE INVESTIGAÇÃO:
Em 22 de julho de 2025, ocorreu a prisão do funcionário público do Estado, Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, que, segundo o Deic (Departamento de Investigações Criminais) confessou 18 ataques, sendo 16 somente no ABC Paulista e um na capital que resultou em um menino de 10 anos ferido. Após isso, o número de casos diários começou a cair, mas a Polícia ainda não sabe ao certo se este é o real motivo.
Não houve ainda nenhuma definição quanto às motivações dos ataques, mas jogos de desafios pela internet e disputas no sindicato dos trabalhadores são teses descartadas.
Ganha força a hipótese de descontentamento de algumas empresas de transportes por questões contratuais. No mesmo dia em que começou a onda de ataques, em 12 de junho de 2025, horas antes, o secretário de transportes da cidade de São Paulo, Celso Caldeira, assinou uma portaria instituindo um grupo de trabalho para repassar o contrato da empresa Transwolff, suspeita de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), para a Sancetur, da família Chedid, do interior paulista. Os policiais ainda não estabeleceram uma relação direta, mas o ato está entre as principais suspeitas. Há duas análises. Esta mudança de contrato só atinge a capital e houve depredações fora da cidade de São Paulo, o que poderia enfraquecer a tese. Muito embora, e já não é a primeira vez, que situações locais refletiram em todo o Estado como demonstração de força do crime organizado.
INCÊNDIOS:
Em 06 de agosto de 2025, a NTU também atualizou o número de ônibus incendiados no Brasil.
Segundo o levantamento, no período histórico, entre 1987 e primeiro semestre de 2025, por causa dos incêndios, 23 pessoas morreram e 80 ficaram feridas com gravidade.
Os prejuízos financeiros foram enormes também: R$ 2,3 bilhões. Pelo mesmo valor, o Brasil poderia ter 212 km a mais de corredores de alta capacidade de transportes (BRTs – Bus Rapid Transit) ou 1497 ônibus articulados, superarticulados ou biarticulados zero km.
MESMO COM “VOLTA A QUASE NORMALIDADE”, SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA PERSISTE
Houve uma queda no número de ocorrências diárias. Nos picos de ataque, em junho, alguns dias registraram até mais de 50 ônibus depredados em menos de 24 horas.
Após uma série de prisões e da exposição dos casos, o total começou a cair e hoje se aproxima da média diária de “vandalismo atual” que os transportes sofrem.
Mas, além de estar ainda ligeiramente maior, a falta de esclarecimento por parte da Polícia Civil acerca das motivações das ondas de depredações são elementos que fazem com que até o momento, mesmo com a volta a quase normalidade, a sensação de insegurança continue.
A prisão considerada até o momento mais importante pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais), da Polícia Civil, foi noticiada pelo Diário do Transporte: Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, foi preso após investigações em 22 de julho de 2025. No dia seguinte, o irmão de dele, Sérgio, de 56 anos, que foi delatado por Edson, se entregou e foi preso também. A Polícia tinha mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a Polícia, o funcionário público do Estado confessou 18 ataques, sendo um deles na capital, que resultou numa criança de 10 anos ferida, e a maior parte, 16 casos, ocorreu no ABC Paulista.
Aos policiais, Campolongo disse que a motivação não teria nada a ver com transportes e que suas ações seriam em protesto contra a situação do País. A Polícia não acreditou.
No mesmo dia da prisão, o diretor do Deic, delegado Ronaldo Sayeg, em entrevista coletiva, disse que as hipóteses de desafios por jogos online na internet e disputas no sindicato dos trabalhadores tinham sido praticamente descartada.
OUÇA – COMPLETO: Polícia descarta “jogos de desafios pela internet” como motivação da onda de ataques a ônibus, minimiza possibilidade de disputa sindical e reforça hipótese de empresas
Considerada pela Polícia como início da onda de ataques, 12 de junho de 2025, é a mesma data em que o secretário de transportes da cidade, Celso Caldeira, assinou uma portaria que criou um Grupo de Trabalho que transfere o contrato da empresa Transwolff, investigada por suposta ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para outra companhia, a Sancetur, da família de Nabil Abi Chedid, do interior de São Paulo. A tese considerada pela Polícia reforça a apuração feita pelo Diário do Transporte.
Veja aqui:
PCC, Onda de Ataques a Ônibus, Transwolff e Sancetur: depredações em massa começam no mesmo dia em que prefeitura assina despacho que viabiliza transferência de contratos – VEJA DOCUMENTO
O Deic, oficialmente, por meio do diretor do Departamento, Ronaldo Sayeg, disse que sim, esta é uma das linhas de investigações, o descontentamento de empresas supostamente coordenadas por pessoas que teriam ligação com o crime organizado, mas que ainda não é possível fazer uma relação entre a maior parte dos casos e os atos administrativos sobre contratos.
Nesta semana, policiais do Deic que atuam nas investigações reforçaram que esta é ainda uma das principais teses.
EXTERNALIDADES E NÃO SÃO “CASINHOS”: Artigo do Diário do Transporte de 04 de agosto der 2025, reportou a importância do jornalismo factual (hardnews) na cobertura dos interesses do setor de transportes, debateu justamente as externalidades, destacando que, ao relatar casos que parecem “pequenos” e “isolados”, com responsabilidade, a mídia, principalmente a especializada, ajuda a construir entendimentos e soluções para situações mais amplas. Os ataques estão neste contexto.
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes