Publicado em: 19 de novembro de 2025

Para isso, empresa que começou um sistema de transportes do zero na região metropolitana do Pará aposta no regionalismo e na linguagem acessível a todos os públicos
ADAMO BAZANI
Colaborou Arthur Ferrari
Uma das áreas que os transportes coletivos ainda são muito carentes no Brasil, principalmente no setor de ônibus, é a comunicação. Comunicação institucional, comunicação para o passageiro, comunicação para o gestor público, enfim, muitas empresas de ônibus têm serviços interessantes, fazem ações diferenciadas, mas não sabem fazer chegar essas informações à população.
O BRT Amazônia, concessionária do BRT Metropolitano de Belém, que teve inauguração recente e começou a operar em 1º de novembro de 2025, quer quebrar esse paradigma. O Diário do Transporte mostrou que o ministro das cidades, Jader Barbário, tomou o sistema como referência nacional em operação e adoção responsável de ônibus elétricos não poluentes e quer replicar o sistema pelo ministério ao qual comanda em todo o país.
Relembre
Porém, nada disso funciona sem o passageiro, que precisa ser informado adequadamente do serviço que lhe é prestado, ainda mais quando é novo, que é o caso deste sistema. O Diário do Transporte, a convite da Eletra Industrial, empresa que fornece os ônibus elétricos para o BRT Amazônia, conversou com Tiago Therci, gestor de comunicação do BRT Amazônia e do Grupo Operacional. Segundo o Tiago, o primeiro grande desafio foi explicar à população sobre um sistema para o qual os passageiros ainda não tinham nenhuma familiaridade.
A reportagem mostrou que as ligações metropolitanas, antes do BRT, eram feitas apenas por vans, pagamento somente com dinheiro e as linhas não tinham uma numeração específica. O BRT Amazônia já traz uma organização de comunicação, em parceria com o governo do Pará, por meio da assessoria de comunicação da ARCON, que é a agência estatal que regulamenta os contratos de serviços públicos. Um dos primeiros passos, segundo o Tiago Therci, foi adaptar a linguagem de um novo sistema de transportes, com uma bilhetagem eletrônica diferente do que já se conhecia, e uma distribuição de linhas, à linguagem da população. Assim, o regionalismo foi um dos aspectos abordados.
Além disso, de acordo com o Tiago Therci ao repórter Adamo Bazani, um dos trunfos que a população tem entendido melhor é a diferenciação por cores dos tipos de linhas. Os ônibus que saem de Marituba e são de linhas troncais dos corredores são da cor roxa, já os que saem de Ananindeua são de cor verde. Os alimentadores, que levam as pessoas de bairros e cidades ao entorno do corredor, que trafegam fora, dando espaço exclusivo, possuem a cor azul. Esta comunicação tem facilitado não somente a compreensão do passageiro, mas também torna o usuário um multiplicador de informação, porque não basta apenas entender, o passageiro também tem de se sentir capaz de explicar as linhas para seus familiares, amigos e vizinhos.
Tiago ainda contou que a bilhetagem eletrônica “Pra já” também teve um nome para fixar na população a ideia de que o sistema é rápido, tanto o de pagamento de passagens quanto a própria duração das viagens, por isso o termo “Pra já” também lança mão do regionalismo. Você entra no ônibus e é “pra já”, você já está chegando ao seu destino, você pega o seu bilhete e é “pra já”. Já conseguiu passar na catraca.
A reportagem acompanhou os bastidores da gravação de um vídeo institucional do governo federal sobre o legado da COP 30, os investimentos em Belém e na região metropolitana e o desenvolvimento com o evento internacional e com o apoio de verbas federais em diversos projetos, inclusive de mobilidade, por meio do Ministério das Cidades.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


