Publicado em: 2 de agosto de 2025
Após registrar queda e permanecer sem atingir meta contratual, concessionária poderá sofrer perda de receitas variáveis previstas no contrato
ALEXANDRE PELEGI
A pesquisa de satisfação semestral da ViaMobilidade, concessionária responsável pela operação das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, revelou diferenças significativas na percepção dos passageiros sobre os serviços prestados no primeiro semestre de 2025.
Na Linha 9-Esmeralda, o Índice Geral de Satisfação (IGS) caiu para 53 pontos, abaixo do mínimo contratual de 57 pontos, resultando em nova nota zero para a concessionária. A queda ocorreu após um breve avanço no semestre anterior, quando a linha havia atingido 57,2 pontos e pontuado pela primeira vez desde o início da concessão. Entre os atributos avaliados, acessibilidade, conforto e confiabilidade foram os que apresentaram maior insatisfação dos usuários.
A Linha 9 conecta a estação Osasco à estação Bruno Covas/Mendes-Vila Natal, passando por importantes pontos da cidade como Pinheiros, Hebraica-Rebouças e Cidade Jardim. É a mais rentável do sistema de trens metropolitanos, transportando em média cerca de 600 mil passageiros por dia, conforme informações do governo estadual.
Já a Linha 8-Diamante, que opera entre as estações Júlio Prestes e Itapevi, mostrou evolução discreta, alcançando 62,9 pontos, sete pontos a mais em relação à pesquisa anterior. Houve melhora em oito indicadores, especialmente em comunicação e climatização dos trens. Apesar do avanço, a linha continua sem pontuação, já que a nota mínima exigida pelo contrato é de 70 pontos.
A ViaMobilidade assumiu a operação das duas linhas da CPTM em 27 de janeiro de 2022, após vencer leilão de concessão realizado pelo Governo de São Paulo em abril de 2021. O contrato prevê 30 anos de operação, incluindo investimentos em modernização da infraestrutura, compra de novos trens e melhorias no atendimento aos passageiros.
A concessionária é formada pelo Consórcio ViaMobilidade Linhas 8 e 9, integrado pelas empresas CCR S.A. (com participação majoritária) e Ruam Participações S.A., pertencente ao Grupo Ruas, tradicional operador do transporte coletivo na capital paulista.
O Índice Geral de Satisfação (IGS) é um dos indicadores que definem a pontuação anual da concessionária. Quando a avaliação fica abaixo da meta contratual – 57 pontos para a Linha 9 e 70 pontos para a Linha 8 –, a empresa não recebe pontuação adicional (ISP), o que implica perda de receitas variáveis previstas no contrato e pressão para corrigir deficiências apontadas pelos passageiros.
Além disso, resultados negativos podem embasar aplicação de penalidades por parte do Governo do Estado, já que o contrato de concessão prevê mecanismos de compensação e sanções em casos de desempenho insatisfatório.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes