Publicado em: 16 de dezembro de 2025

Paralisação total do sistema acontece enquanto trabalhadores do Consórcio Guaicurus reivindicam pagamentos atrasados; segundo prefeitura, repasses estão em dia
ARTHUR FERRARI
A greve dos motoristas do transporte coletivo de Campo Grande (MS) entrou no segundo dia nesta terça-feira (16) sem qualquer previsão de encerramento. Após reunião realizada no fim da tarde desta segunda-feira (15), os trabalhadores decidiram manter a paralisação, e os ônibus operados pelo Consórcio Guaicurus continuam fora de circulação na capital sul-mato-grossense.
Como noticiado pelo Diário do Transporte, a cidade amanheceu sem ônibus na segunda-feira (15) em razão do protesto organizado pelos funcionários do sistema. A principal reivindicação da categoria é o pagamento de salários atrasados referentes ao mês de novembro, além do 13º salário.
Segundo o STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), a retomada das atividades está condicionada à comprovação dos depósitos nas contas dos trabalhadores. O presidente da entidade, Demétrio Freitas, afirmou que a decisão da categoria é manter a paralisação por tempo indeterminado, mesmo diante de multa determinada pela Justiça.
Do outro lado, a Prefeitura de Campo Grande sustenta que não há pendências financeiras com o Consórcio Guaicurus. Em nota, o município informou que, por meio da Agência Municipal de Regulação (Agereg) e da Procuradoria-Geral, todos os repasses previstos em contrato foram realizados e que, inclusive, houve a antecipação de cerca de R$ 3 milhões na tentativa de evitar a greve.
A administração municipal afirma ainda que, somente em 2025, foram transferidos mais de R$ 35 milhões ao consórcio, considerando subsídios e valores de vale-transporte. Para a prefeitura, o movimento grevista é considerado abusivo e ilegal.
A Agereg também apontou uma série de descumprimentos contratuais por parte do Consórcio Guaicurus, como frota envelhecida — com 197 ônibus acima da idade média permitida — e atrasos na contratação de seguro obrigatório. De acordo com a agência, já foram aplicadas multas que somam R$ 12 milhões, além de outras penalidades que ainda estão em fase de análise.
Sem acordo entre trabalhadores, empresa e poder público, o transporte coletivo segue totalmente paralisado, afetando milhares de usuários em Campo Grande.
Arthur Ferrari, para o Diário do Transporte


