Publicado em: 13 de setembro de 2025
Enquanto isso, a Colômbia reafirma meta de 10% da frota elétrica até 2027, mas enfrenta desafios fora da capital Bogotá
ALEXANDRE PELEGI
A transição para ônibus de baixa e zero emissão segue em ritmo acelerado em parte da América Latina. Na semana de 8 a 13 de setembro de 2025, o Chile consolidou sua posição como líder regional com a chegada de mais ônibus elétricos a Santiago e o lançamento de uma licitação inédita em Concepción. Já a Colômbia reafirmou sua meta nacional de eletrificação para 2027, mas reconheceu desigualdades entre a capital Bogotá e outras cidades do país.
Chile: Santiago chega a 3.125 ônibus elétricos e alcança melhor avaliação da história
O sistema Red Movilidad, que integra o transporte urbano da capital chilena, atingiu em setembro a marca de 3.125 ônibus elétricos em operação — um salto expressivo em comparação aos 779 veículos que circulavam em março de 2022. Trata-se da maior frota elétrica da América Latina e uma das maiores do mundo fora da China.
Segundo o Estudo de Satisfação Empresas Operadoras 2025, a Red Movilidad obteve a melhor avaliação cidadã de sua história, com nota 5,5 para o sistema em geral e 5,7 para os percursos individuais. Mais da metade dos entrevistados (51%) atribuiu nota 6 ou 7 ao sistema, enquanto 63% avaliaram positivamente o seu trajeto habitual.
A pesquisa ouviu 1.000 pessoas e fornece evidências importantes para orientar melhorias contínuas no transporte público da capital chilena. Para o governo, os resultados reforçam a confiança dos usuários e mostram que a eletrificação da frota impacta não apenas o meio ambiente, mas também a qualidade percebida pelos passageiros.
Concepción lança licitação com 50 ônibus elétricos
Fora da capital, o governo regional abriu a licitação para o novo sistema intermunicipal Concepción–Coronel–Lota, que substituirá parte da frota atual em operação no eixo metropolitano do Bío-Bío.
O edital prevê a aquisição de 80 ônibus, sendo 50 elétricos e 30 a diesel Euro 6, destinados a atender corredores de alta demanda que hoje enfrentam frota envelhecida e problemas de confiabilidade.
O novo sistema deverá começar a operar no quarto trimestre de 2026 e contará com infraestrutura de recarga, estações de parada remodeladas e integração tarifária. Para o governo, o projeto funcionará como laboratório regional de descarbonização, replicável em outras áreas metropolitanas chilenas.
Colômbia reafirma meta de 10% da frota elétrica até 2027
Na Colômbia, o Ministério dos Transportes apresentou um balanço sobre a eletrificação do transporte coletivo. O país reafirmou o compromisso de que 10% da frota urbana nacional seja elétrica até 2027, mas o relatório revelou avanços desiguais:
Bogotá já superou a meta, operando mais de 1.500 ônibus elétricos — fruto de contratos firmados desde 2019, que tornaram a capital referência regional.
Medellín mantém projetos piloto com cerca de 80 veículos, mas ainda depende de financiamento externo para ampliar a frota.
Cali e Barranquilla enfrentam dificuldades relacionadas a infraestrutura de recarga e altos custos de aquisição, o que ameaça atrasar suas metas locais.
Segundo o governo, será fundamental ampliar a participação de bancos multilaterais, como BID e CAF, além de fomentar parcerias público-privadas para garantir o cumprimento do cronograma nacional.
Panorama regional
Os anúncios da semana mostram que a América Latina avança em direções distintas:
O Chile consolida liderança, tanto em frota já operacional quanto em novos projetos regionais.
A Colômbia mantém protagonismo em Bogotá, mas precisa superar gargalos financeiros e técnicos em cidades fora da capital.
Para especialistas, a lição é clara: políticas nacionais ambiciosas precisam estar acompanhadas de apoio local e financiamento estável, sob risco de criar uma realidade desigual entre grandes capitais e cidades médias.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes