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Coalizão, iniciativa do Centro de Estudos das Cidades do Insper, propõe plano ambicioso para descarbonizar transporte em 70% até 2050


Estudo técnico detalha 90 ações e servirá de subsídio para o Brasil na COP30, com participação e coordenação do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável

ALEXANDRE PELEGI

Um estudo técnico detalhado, contendo 90 propostas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor de transportes em até 70% até 2050, em comparação a um cenário sem ações, foi entregue ao governo federal em 12 de maio de 2025. Este plano, elaborado pela Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, servirá como subsídio para a Nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima. A iniciativa é destacada pelo Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper, através da participação do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, que co-coordenou o trabalho técnico. O plano deverá ser apresentado pelo Brasil na COP30 em Belém, em novembro.

Conforme explica Sérgio Avelleda, professor e coordenador do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Centro de Estudos das Cidades do Insper, o plano se distingue pela representatividade e pela viabilidade prática das ações. A dinâmica de elaboração reuniu mais de 50 organizações dos setores público, privado, academia e sociedade civil, garantindo a representação de todo o setor de transportes na construção da proposta.

A Coalizão, lançada em 2024 e liderada por entidades como Motiva, CEBDS, CNT e o Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável (uma iniciativa do Laboratório Arq.Futuro do Insper em parceria com a então CCR), atua em seis frentes principais — rodoviária, ferroviária, aquaviária, aérea, mobilidade urbana e infraestrutura transversal. Seu foco é acelerar a transição para um transporte mais limpo, eficiente e integrado, visando posicionar o Brasil como líder climático.

O estudo, subsidiado por diagnósticos do Centro de Estudos das Cidades do Insper, aponta que o setor de transportes é responsável por 11% das emissões brutas do Brasil, equivalente a 260 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2023, com o transporte rodoviário respondendo por mais de 90%. A projeção, sem intervenção, é de um aumento de 63% nas emissões até 2050.

Para conter esse aumento e alcançar a redução de 70%, o plano propõe três vetores principais:

  • Mudança na matriz de transportes, reduzindo a dependência do modal rodoviário e aumentando a participação de ferrovias, hidrovias e cabotagem.
  • Expansão do uso de biocombustíveis, como biodiesel, etanol e biometano.
  • Eletrificação da frota e uso de novas tecnologias para modais de difícil descarbonização.

Estes vetores respondem por cerca de 60% do potencial total de redução. “A principal contribuição para diminuir as emissões é sairmos de uma matriz rodoviarista para uma que privilegie ferrovias, hidrovias e a cabotagem”, sintetiza Avelleda, do Centro de Estudos das Cidades do Insper.

A implementação das 90 medidas demandaria um investimento de R$ 600 bilhões até 2050. Contudo, Sérgio Avelleda, do Insper, ressalta que o custo da inação seria “muito maior”, considerando os impactos dos extremos climáticos e suas consequências para a sociedade e a economia.

As propostas estão divididas em ações de alta viabilidade e de longo prazo. Entre as medidas de curto prazo, destacam-se a renovação e modernização das frotas, o aprimoramento da infraestrutura e a adoção de tecnologias de eficiência energética. As metas de eletrificação incluem alcançar mais de 50% da frota leve e 40% da frota pesada eletrificadas até 2050, o que exige grande expansão da infraestrutura de recarga e estímulo à produção local. Para biocombustíveis, estima-se uma demanda adicional de 25 bilhões de litros em 2050.

Embora o plano tenha sido desenvolvido principalmente pela iniciativa privada, o sucesso depende da “forte articulação com o governo”. Avelleda, do Centro de Estudos das Cidades do Insper, enfatiza que sem coordenação entre governo, setor privado e sociedade, o plano perde sentido. O objetivo é apoiar a delegação brasileira na COP30, demonstrando que o setor de transportes possui soluções concretas para contribuir com as metas climáticas.

Para Avelleda, a crise climática já é uma realidade que impacta diretamente cidades e atividades econômicas. O plano da Coalizão, com base científica e inovação, representa um “chamado à ação coordenada”, com o Brasil buscando liderar a transformação na COP30.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes





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