Contribuições abordaram principalmente aspectos jurídicos e operacionais do edital; leilão está previsto para ocorrer na B3 no primeiro quadrimestre de 2026
ALEXANDRE PELEGI
A consulta pública on-line sobre a nova concessão do transporte coletivo de Curitiba (PR) registrou 537 manifestações entre os dias 19 de setembro e 17 de novembro de 2025, segundo balanço divulgado pela prefeitura. Os questionamentos encaminhados pela sociedade e as respectivas respostas foram consolidados pela administração municipal e servirão de base para a versão final do edital.
De acordo com o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, o volume de contribuições demonstra amplo interesse da sociedade e do mercado no processo. “Foi um número expressivo, que mostrou engajamento da população, de empresas interessadas no leilão e de entidades de classe. Estamos construindo em parceria com a população o edital que vamos apresentar no primeiro quadrimestre do próximo ano”, afirmou.
Entre os temas mais recorrentes nas manifestações, questões jurídico-contratuais concentraram 48% do total. Em seguida apareceram aspectos operacionais (22%), econômico-financeiros e tarifários (6,6%), engenharia e infraestrutura (5,8%) e governança e processo (4,5%). Também foram realizadas audiências públicas presenciais nos dias 1º e 15 de outubro, com o mesmo objetivo de coletar sugestões antes da publicação definitiva do edital.
A administração municipal destaca que o processo busca ampliar a transparência e fortalecer o diálogo entre poder público e sociedade, de forma a aprimorar o serviço de transporte coletivo e adequá-lo às necessidades da população da capital paranaense.
O que prevê a nova concessão
A nova concessão do transporte coletivo de Curitiba prevê modernização do sistema, com novas rotas, integração temporal entre todas as linhas, investimentos em ônibus de zero emissões e foco na melhoria da qualidade e da agilidade dos deslocamentos.
O modelo de concessão será dividido em cinco lotes, sendo dois de BRT, que abrangem as linhas que operam em canaletas exclusivas, e três lotes regionais (Norte, Sul e Oeste). Os contratos terão prazo de 15 anos, e o leilão deverá ser realizado na B3, até o final do primeiro quadrimestre de 2026.
Os investimentos estimados somam R$ 3,7 bilhões ao longo do contrato. Estão previstas a aquisição de 245 ônibus elétricos nos primeiros cinco anos, além de 149 veículos a diesel Euro 6 no início da concessão e outros 1.084 ônibus ao longo do período contratual.
O projeto inclui ainda a implantação de dois eletropostos públicos, nos terminais Capão Raso e Capão da Imbuia, a construção e requalificação de 16 estações-tubo, a reformulação de 30 itinerários e a criação de cinco novas linhas. Um dos pontos destacados pela prefeitura é a criação de um fundo garantidor inédito, voltado a dar maior segurança financeira à concessão, além da adoção de novos indicadores de qualidade do serviço.
A transição para o novo modelo deverá durar até dois anos, período em que a tarifa permanecerá congelada em R$ 6.
Atualmente, o sistema integrado de mobilidade de Curitiba conta com 309 linhas, 22 terminais, 330 estações-tubo e frota de 1.189 ônibus, transportando cerca de 555 mil passageiros pagantes por dia útil e 6,4 milhões de viagens por mês.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes


