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Copa Africana mantém ‘revolução’ no comando e pode ter fato inédito em 2026


É uma questão histórica que passa pelo passado de exploração do continente, mas a Copa Africana de Nações conseguiu, após muito tempo, reagir e fazer uma espécie de ‘revolução’ no que diz respeito ao comando das seleções.

O ESPN.com.br acompanha a questão há cerca de 15 anos, e a situação, que já chegou quase ao extremo, virou radicalmente: enfim, a partir de 2021, os técnicos africanos passaram a ser maioria entre as equipes da principal disputa continental.

Mas não era assim, e o ápice do comando estrangeiro se deu em 2015. Ainda com 16 participantes, a CAN teve naquela edição disputada na Guiné-Equatorial 13 países com técnicos ‘gringos’, 12 da Europa, sendo cinco franceses (o único de outra parte do mundo foi o argentino Esteban Becker, que liderou o país-sede). Incríveis 81% – apenas África do Sul, República Democrática do Congo e Zâmbia tiveram comandantes africanos (19%).

Em 2017, no Gabão, os estrangeiros repetiram a maioria contra os africanos no comando: 12 a 4 (75% contra 25%); dois anos depois, no Egito e na primeira vez com 24 seleções, a CAN manteve a tendência de queda neste tópico, mas de novo o levantamento mostrou bem mais técnicos ‘gringos’ que africanos: 16 a 8 (66,6% contra 33,4%).

Enfim, a virada africana

A virada finalmente veio em 2021. Em Camarões, dois terços dos 24 técnicos que começaram a disputa, ou seja, 16, eram africanos, logo, houve uma inversão exata da porcentagem observada em terras egípcias (66,6% contra 33,4%). Sim, a mudança pode ter a ver com o inchaço do campeonato, que chegou à quarta edição com o número atual de seleções (24), mas ainda não há qualquer dado concreto que possa comprovar isto.

O fato é que a ‘revolução’ foi feita. E tem sido mantida. Em 2024, na Costa do Marfim, e agora em 2025/2026, no Marrocos, o índice caiu um pouco em relação há dois anos, mas segue com os técnicos africanos sendo maioria em relação aos estrangeiros: 14 a 10, logo, uma proporção de 58,3% contra 41,7%.

Vale explicar que para este levantamento não foi levado em consideração apenas o local de nascimento dos treinadores, mas toda a sua trajetória no futebol – como a seleção que defendeu quando jogador -, nacionalidade dos pais, entre outros. É o caso, por exemplo, de Amir Abdou, em 2021, que nasceu em Marselha, na França, mas tem pais e nacionalidade de Comores, seleção que praticamente não existia até sua chegada, em 2014 – foi considerado africano; é também a situação do mais famoso técnico do continente na atualidade, Walid Regragui, que surpreendeu o globo ao assumir em cima da hora e mesmo assim levar Marrocos à semifinal e, no fim, ao quarto lugar da Copa do Mundo de 2022, no Qatar. Filho de pais marroquinos, ele nasceu e foi criado no subúrbio de Paris, mas sempre teve ligação com a cultura do país africano e, quando atleta, o lateral-direito jogou pelos Leões do Atlas por oito anos, tendo até sido vice-campeão da CAN em 2004 (final perdida para a Tunísia).

Fato inédito em 2026?

Um verdadeiro escândalo. Foi isto que aconteceu em 2024 com a Costa do Marfim, que sediou a CAN, chegou como uma das candidatas ao título e até venceu a Guiné-Bissau na estreia (1 a 0), mas depois despencou: derrota para a Nigéria (1 a 0) e uma goleada inexplicável sofrida para a modesta Guiné Equatorial (4 a 0).

Diante da vergonha, a federação de futebol do país não teve qualquer dúvida e anunciou a saída do técnico francês Jean Louis-Gasset (que morreu no último dia 26 de dezembro aos 72 anos) antes mesmo de os demais jogos da rodada final da fase de grupos acabarem. Assumiu o auxiliar-técnico, que é o marfinense Emerse Faé, os resultados ajudaram, e os Elefantes não só se classificaram como um dos quatro melhores terceiros colocados como acabaram campeões da competição pela terceira vez na história (2 a 1 sobre a Nigéria na final).

A incrível história de reviravolta dos Elefantes há dois anos, que começaram com um comandante estrangeiro e acabaram com um africano, possibilita agora a chance de algo inédito na história da Copa Africana: por quatro edições seguidas só técnicos do continente acabarem campeões.

Já são três vezes em que o ‘tri’ genuíno aconteceu, uma para o lado estrangeiro e duas para o lado africano. Nas edições de 1984 (Camarões campeão), 1986 (Egito campeão) e 1988 (Camarões campeão), o então iugoslavo Radivoje Ognjanović, o inglês Mike Smith e o francês Claude Le Roy, nesta ordem, saíram vitoriosos; o ‘troco’ veio em 2006, 2008 e 2010, quando o egípcio Hassan Shehata levou os títulos com o Egito.

Na atual sequência, o argelino Djamel Belmadi venceu em 2019 com a Argélia, o senegalês Aliou Cissé ganhou com Senegal em 2021 e, por fim, como já relatado, o marfinense Emerse Faé ficou com a taça ano passado com a Costa do Marfim. Na história, após 34 edições (esta de 2025 é a 35ª), a divisão de títulos é esta: Africanos – 19; Estrangeiros – 15.

Nesta quarta-feira (31), serão conhecidos os últimos classificados da fase de grupos, e aí saberemos quantos técnicos estrangeiros e africanos seguirão na briga pelo título de 2025/2026 da CAN, que terá nova edição em 2027, com três países-sede, Quênia, Tanzânia e Uganda, e outra já em 2028, quando passará a ser disputada de quatro em quatro anos, o que não fará mais a competição ter disputas em anos de Copa do Mundo.

Veja, abaixo, quem são os técnicos da CAN 2025, se são africanos ou estrangeiros e algumas curiosidades

  • Total de técnicos: 24

  • Africanos: 14 (58,3%)

  • Estrangeiros: 10 (41,7%)

  • Seleções comandas por técnicos do próprio país: 11

  • Seleções comandas por técnicos africanos de outros países: 3 (Botsuana, Nigéria e Sudão)

Grupo A

Comores

  • Stefano Cusin, canadense-italiano (nasceu em Montreal, no Canadá), 57 anos

Mali

  • Tom Saintfiet, belga, 52 anos

  • ‘Senhor África’ (já comandou 7 seleções do continente – Namíbia, Zimbábue, Etiópia, Malauí, Togo, Gâmbia e Mali)

Marrocos

Zâmbia

Grupo B

África do Sul

  • Hugo Broos, belga, 73 anos

  • Lenda do futebol belga

  • Campeão da CAN em 2017, com Camarões (Terceiro com a África do Sul em 2023)

Angola

  • Patrice Beaumelle, francês, 47 anos

  • Bicampeão da CAN (2012, com Gâmbia, e 2015, com a Costa do Marfim)

Egito

  • Hossam Hassan, egípcio, 59 anos

  • 3 vezes campeão da CAN

  • Maior goleador da seleção do Egito (69 gols em 177 jogos – Salah tem 65)

  • Ídolo do Al-Ahly-EGI

Zimbábue

Grupo C

Nigéria

  • Éric Chelle, malinês, 48 anos

  • Era zagueiro

  • Nasceu na Costa do Marfim (Abdijan), filho de mãe malinesa e pai francês

Tanzânia

Tunísia

  • Sami Trabelsi, tunisiano, 57 anos

  • Era defensor e jogou a Copa de 1998 com o país

Uganda

  • Paul Put, belga, 69 anos

  • Outro técnico ‘Senhor África’ (já treinou 6 seleções do continente – Gâmbia, Burkina Faso, Quênia, Guiné, Congo e Uganda)

Grupo D

Benin

  • Gernot Rohr, alemão, 72 anos

  • Jogou no timaço Bayern de Munique-ALE do começo dos anos 1970, mas não teve sucesso; no Bordeaux-FRA de 1977 a 1989, virou ídolo: campeão do Francês 3 vezes (1984, 1985 e 1987) e da Copa da França duas (1986 e 1987)

  • Outro técnico ‘Senhor África’ (já comandou 5 seleções do continente – Gabão, Níger, Burkina Faso, Nigéria e Benin)

Botsuana

República Democrática do Dongo

Senegal

Grupo E

Argélia

  • Vladimir Petkovic, bósnio-suíço, 62 anos

  • Ganhou a Copa da Itália 2012/2013 com a Lazio

Burkina Faso

Guiné-Equatorial

  • Juan Micha, guinéu-equatoriano, 50 anos

  • Desde março de 2021 no cargo

Sudão

Grupo F

Camarões

Costa do Marfim

  • Emerse Faé, marfinense, 41 anos

  • Campeão da CAN 2024 com a Costa do Marfim após começar como assistente e assumir o comando técnico durante a competição

Gabão

Moçambique

  • Francisco Queriol Conde Júnior, Chiquinho Conde, moçambicano, 60 anos

Levantamento sobre técnicos

  • Africanos – 14 (Marrocos 1 + Zâmbia 1 + Egito 1 + Mali 1 + Tunísia 1 + África do Sul + Senegal 1 + Burkina Faso 1 + Guiné-Equatorial 1 + Gana, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Moçambique)

  • Nigéria com malinês

  • Botsuana com sul-africano

  • Sudão com ganês

  • Estrangeiros – 10 (Bélgica 3 + França 2 + Alemanha 1 + Argentina 1 + Canadá/Itália 1 + Bósnia/Suíça 1 + Romênia 1)

CAN 2015

  • 16 seleções

  • Estrangeiros – 13 (81%)

  • Africanos – 3 (19%)

CAN 2017

Estrangeiros – 12 (75%)

  • Jose Antonio Camacho, Espanha (Gabão)

  • Paulo Duarte, Portugal (Burkina Faso)

  • Hugo Broos, Bélgica (Camarões)

  • Georges Leekens, Bélgica (Argélia)

  • Henryk Kasperczak, Polônia (Tunísia)

  • Michel Dussuyer, França (Costa do Marfim)

  • Claude Le Roy, França (Togo)

  • Hervé Renard, França (Marrocos)

  • Avram Grant, Israel (Gana)

  • Milutin Sredojevic, Sérvia (Uganda)

  • Alain Giresse, França (Mali)

  • Héctor Cúper, Argentina (Egito)

Africanos – 4 (25%)

  • Baciro Candé, Guiné-Bissau (Guiné-Bissau)

  • Callisto Pasuwa, Zimbábue (Zimbábue)

  • Aliou Cisse, Senegal (Senegal)

  • Florent Ibenge, República Democrática do Congo (República Democrática do Congo)

CAN 2019

  • 24 seleções

  • Estrangeiros – 16

  • Africanos – 8

CAN 2021

Estrangeiros – 8 (33,4%)

  • Toni Conceição, Portugal (Camarões)

  • Vahid Halilhodzic, Bósnia e Herzegovina (Marrocos)

  • Milovan Rajevac, Sérvia (Gana)

  • Patrice Neveu, França (Gabão)

  • Carlos Queiroz, Portugal (Egito)

  • Didier Gomes Da Rosa, França (Botsuana)

  • Tom Saintfiet, Bélgica (Gâmbia)

  • Patrice Beaumelle, França (Costa do Marfim)

Africanos – 16 (66,6%)

  • Firmin Sanou, Burkina Faso (Burkina Faso)

  • Wubetu Abate, Etiópia (Etiópia)

  • – Pedro Leitão Brito (Bubista), Cabo Verde (Cabo Verde)

  • Aliou Cisse, Senegal (Senegal)

  • Norman Mapeza, Zimbábue (Zimbábue)

  • Kaba Diawara, Guiné (Guiné)

  • Meke Mwase, Malauí (Malauí)

  • Amir Abdou, França-Comores (Comores)

  • John Keister, Inglaterra-Serra Leoa (Serra Leoa)

  • Djamel Belmadi, Argélia (Argélia)

  • Augustine Eguavoen, Nigéria (Nigéria)

  • Burhan Tia, Sudão (Sudão)

  • Baciro Candé, Guiné-Bissau (Guiné-Bissau)

  • Mondher Kebaier, Tunísia (Tunísia)

  • Mohamed Magassouba, Mali (Mali)

  • Juan Micha, Guiné-Equatorial (Guiné-Equatorial)

CAN 2023 (disputada em 2024)

Estrangeiros – 10 (41,7%)

  • Jean-Louis Gasset, França (Costa do Marfim) MUDOU DEPOIS

  • José Peseiro, Portugal (Nigéria)

  • Rui Vitória, Portugal (Egito)

  • Chris Hughton, Inglaterra-Irlanda (Gana)

  • Tom Saintfiet, Bélgica (Gâmbia)

  • Pedro Gonçalves, Portugal (Angola)

  • Hubert Velud, França (Burkina Faso)

  • Hugo Broos, Bélgica (África do Sul)

  • Sebastien Desabre, França (República Democrática do Congo)

  • Avram Grant, Israel (Zâmbia)

Africanos – 14 (58,3%)

  • Baciro Candé, Guiné-Bissau (Guiné-Bissau)

  • Juan Micha, Guiné-Equatorial (Guiné-Equatorial)

  • Conde Chioquinho, Moçambique (Moçambique)

  • Pedro Leitão Brito (Bubista), Cabo Verde (Cabo Verde)

  • Aliou Cisse, Senegal (Senegal)

  • Rigobert Song, Camarões (Camarões)

  • Kaba Diawara, Guiné (Guiné)

  • Djamel Belmadi, Argélia (Argélia)

  • Amir Abdou, França-Comores (Mauritânia)

  • Jalel Kadri, Tunísia (Tunísia)

  • Collin Benjamin, Namíbia (Namíbia)

  • Eric Chelle, Mali (Mali)

  • Walid Regragui, França-Marrocos (França-Marrocos)

  • Adel Amrouche, Argélia (Tanzânia)



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