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CPTM segue modelo de grandes metrópoles e usará dados de celulares para planejar rede


Com informações de origem e destino captadas pela operadora Claro, companhia terá base inédita para estudos de demanda e expansão da rede ferroviária

ALEXANDRE PELEGI

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) oficializou, no último dia 2 de setembro, a contratação da Claro S.A. para a prestação de serviços de levantamento de dados sobre os deslocamentos da população paulista. O extrato foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo nesta segunda-feira (8), confirmando a homologação e adjudicação da licitação.

Pelo contrato, estimado em R$ 810 mil, com vigência de 12 meses, a operadora de telefonia se compromete a fornecer informações detalhadas a partir dos registros gerados por seus usuários, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esses dados serão disponibilizados em uma plataforma web e também por meio de API, permitindo à CPTM integrar as informações diretamente a seus sistemas internos de planejamento e simulação.

Dados para além da bilhetagem

O projeto marca um avanço importante na forma como a companhia analisa o comportamento dos passageiros. Hoje, grande parte do conhecimento sobre a demanda se apoia em bilhetagens e pesquisas presenciais, instrumentos que, embora úteis, apresentam limitações. Com a parceria, a CPTM passará a contar com uma base de informações muito mais abrangente, obtida a partir da movimentação de milhões de celulares na região metropolitana.

Segundo o edital, o sistema deverá fornecer dados diários sobre origem e destino dos deslocamentos, duração média das viagens, motivos que levaram as pessoas a se moverem — trabalho, estudo, lazer — e até uma segmentação por faixa de renda. Também será possível acompanhar a intensidade dos fluxos em diferentes horários e comparar os resultados com séries históricas.

Além do acompanhamento quase em tempo real, a Claro terá de disponibilizar, sem custo adicional, os dados já existentes desde janeiro de 2023, garantindo à CPTM a possibilidade de construir análises comparativas sobre como a mobilidade da população se comportou nos últimos anos, incluindo períodos de sazonalidade ou impactos específicos, como obras ou mudanças tarifárias.

Planejamento com base em ciência de dados

O material coletado não ficará restrito a relatórios estáticos. A plataforma deve permitir exportação em formatos compatíveis com softwares de simulação, como o EMME, ferramenta amplamente utilizada por técnicos de mobilidade urbana. Isso significa que as informações poderão ser aplicadas diretamente na modelagem de cenários, auxiliando desde estudos de origem-destino até projeções para futuras expansões ferroviárias e integração com outros modos de transporte.

Para a CPTM, o contrato representa um salto qualitativo na forma de planejar sua rede. Em vez de depender de pesquisas pontuais, o uso contínuo de dados de telefonia móvel abre a possibilidade de entender com mais clareza os padrões de deslocamento da população, tornando mais precisa a definição de políticas públicas e investimentos em mobilidade.

Da homologação ao impacto prático

A contratação foi formalizada após o parecer jurídico nº 182, emitido em maio deste ano, que respaldou a licitação. O acordo agora passa a valer até setembro de 2026 e faz parte de um esforço maior do governo estadual em adotar tecnologias de big data no planejamento do transporte público.

Na prática, a medida coloca a CPTM em sintonia com iniciativas já adotadas em grandes metrópoles internacionais, onde o cruzamento de dados anônimos de celulares se consolidou como ferramenta central para o desenho de políticas de transporte e infraestrutura.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes



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