Publicado em: 18 de fevereiro de 2025
Mistura ao diesel subiria para 15% a partir do dia 1º, mas equipe econômica de Lula vê riscos de pressão nos valores das matérias primas que também são usadas na alimentação
ADAMO BAZANI
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Governo Federal, comunicou nesta terça-feira, 18 de fevereiro de 2025, que está suspensa a elevação da mistura de biodiesel ao diesel de ônibus e caminhões de 14% para 15%, como tinha sido programado para ocorrer a partir de 1º de março de 2025.
A principal motivação é a alta no preço dos alimentos, já que grande parte da matéria prima usada para a mistura nos veículos também faz parte do consumo das famílias brasileiras nas refeições.
Seria uma bola de neve porque, com o diesel mais caro, os preços dos fretes e transporte de funcionários também cresceriam e, somado ao valor maior da matéria-prima, na prática, haveria um aumento cruzado. Os produtos agrícolas aumentariam o valor do combustível dos caminhões e ônibus, que aumentaria o custo do deslocamento de produtos e trabalhadores e, isso, aumentaria ainda mais o valor dos alimentos.
A política de biocombustíveis, anunciada em outubro de 2024 pela equipe econômica do presidente Luís Inácio Lula da Silva, prevê aumentos graduais na mistura de biodiesel ao diesel, iniciada em 12,5% em 2024, até 25% em 2030.
Não há ainda um novo prazo para a chamada mistura B15 (15%), que entraria em vigor em 1º de março de 2025, seja colocada em prática.
O Governo Federal disse também que investiga eventuais fraudes na mistura. Denúncias apuradas pelo MME (Ministério de Minas e Energia) apontam que, mesmo com a obrigatoriedade dos 14% atuais, muitos produtores e distribuidores estariam vendendo misturas inferiores, como a antiga de 12,5%, mas já com preços maiores, com o valor de 14%.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes