Publicado em: 21 de novembro de 2025

Empresa 100% brasileira ressalta, no documento oficial para a COP30, que a América Latina precisa se unir para ser uma das maiores protagonistas na transição energética: “A oportunidade é agora, é hora de virar o jogo” – diz CEO da fabricante
ADAMO BAZANI
A Eletra Industrial, empresa 100% brasileira fabricante de ônibus elétricos e de consultoria especializada em eletrificação de sistemas de transportes urbanos e metropolitanos, lançou na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025) a “Carta de Belém pela Eletromobilidade como estratégia ambiental, econômica e social para a América Latina”
A fabricante participa diferentes painéis da programação oficial sobre descarbonização dos transportes e é responsável, junto com a empresa BRT Amazônia, pela logística de transportes das delegações oficiais com ônibus elétricos.
No documento oficial para o evento internacional da ONU (Organização das Nações Unidas”, a empresa com sede em São Bernardo do Campo (SP) ressalta que a América Latina em toda a história nunca teve uma oportunidade tão relevante como agora de prosperar e se inserir no mercado internacional de bens de alto valor agregado e de conhecimento tecnológico como agora no contexto da transição enérgica. Segundo a carta, a “eletromobilidade na América Latina deve estar no mapa do caminho”.
“Temos recursos naturais, mas tecnologia e parque fabril de toda a cadeia de transportes não poluentes. São ônibus, carros e caminhões elétricos montados, chassis, carrocerias, baterias, eixos, capacitores, inversores, motores, carregadores e geração limpa de energia. Apesar disso, estamos vendo uma invasão de produtos de outras regiões do Planeta nos Países Latino-Americanos” – disse a CEO da Eletra Industrial, Milena Braga Romano.
“É hora de se unir, de virar o jogo, a oportunidade agora. Os governos latino-americanos precisam criar políticas e acordos em blocos para estimular as compras dos veículos elétricos feitos aqui na região. Isso é recuso para a América Latina, geração de emprego, renda e arrecadação. Meio Ambiente é preservado é prosperidade e uma vida melhor, uma chance” – completou.
A Carta de Belém, entregue a autoridades nacionais e internacionais, formadores de opinião e membros da academia, ressalta que a eletromobilidade é estratégica em vários aspectos e que atende aos três pilares básicos da sociedade: ambiental, econômico e social.
Veja na íntegra:
CARTA DE BELÉM PELA ELETROMOBILIDADE COMO ESTRATÉGIA AMBIENTAL, ECONÔMICA E SOCIAL PARA A AMÉRICA LATINA
A eletrificação dos transportes nas cidades é a verdadeira escolha que deve ser tomada pelas nações latino-americanas para atender aos três pilares básicos do que é sustentabilidade de fato: o social, econômico e ambiental. A eletromobilidade na América Latina deve estar no “mapa do caminho”.
Os biocombustíveis têm sua aplicação que pode ser interessante, na área de transportes de médias e longas distâncias, como em caminhões pesados e ônibus rodoviários, neste momento; mas jamais podem ser pretextos para não investir na expansão da Eletromobilidade, em especial para os deslocamentos urbanos e metropolitanos.
Num País como o Brasil, parceiro no Mercosul e em outros acordos e tratados internacionais, onde a geração de energia elétrica é limpa em mais de 90% dos casos, deixar de aplicar esforços em ampliar a infraestrutura de distribuição, carregamento e frotas de ônibus, carros e caminhões de entrega elétricos é, no mínimo, uma decisão pouco inteligente, para não dizer, que poderia estar atendendo a lobbys escusos e pressões suspeitas.
O Brasil e demais nações parceiras na América Latina podem se tornar expoentes e tomarem posição de destaque no mundo, sendo grandes exportadores de tecnologias, veículos, equipamentos e conhecimento.
Sustentabilidade é atender a três pilares básicos.
O Meio Ambiente: Os ônibus, caminhões e carros elétricos não poluem em suas operações e em nações com fontes renováveis e limpas de geração de energia, deixam o ciclo ainda mais vantajoso.
O Econômico: Operar ônibus, caminhões e carros elétricos se mostrou vantajoso e vai ser ainda mais, com o barateamento dos veículos e baterias. A manutenção é mais simples, mais barata e gera menos impactos, com menos óleos, lubrificantes e fluidos que deixam de ser descartados no meio ambiente.
O Social: Nesse aspecto, a indústria brasileira e dos demais parceiros na América Latina ganha de lavada. Afinal, com a produção local de ônibus, caminhões e carros elétricos, bem como de toda sua cadeia de equipamentos, suprimentos, conhecimento e serviços, geramos empregos e rendas aqui. Apoiamos o desenvolvimento social das famílias, que por sua vez, se tornam mais economicamente relevantes, consumindo mais, passeando mais. Geramos arrecadação para o poder público investir no Social…Sim, social não é custo, é investimento. E exportamos, gerando para o Brasil e demais parceiros receitas globais, embarcando não apenas produtos latinos, mas produtos da América Latina de ponta e de alto valor agregado. Atendemos o que as cidades precisam…um transporte mais confortável, eficiente e que não só desloque as pessoas, mas faça o cidadão se sentir bem, prestigiado. Onde há ônibus elétricos, por exemplo, sempre que podem, os passageiros fazem questão de deixar os modelos tradicionais a diesel passarem para esperarem os elétricos. Afinal, ônibus modernos, sem poluição, com quase nada de trepidação e barulho, não só conquistam demanda para os transportes, mas conquistam corações.
Veículo elétrico vai além de não poluir.
Atende à saúde, a preservação da Vida Humana.
Mais um exemplo que vem do ônibus:
Em média, pelo menos três pessoas têm as vidas poupadas e deixam de morrer por problemas de saúde ligados à poluição, quando mil ônibus movidos a óleo diesel saem de circulação e são substituídos por modelos verdadeiramente não poluentes, como elétricos a bateria, trólebus e ETrol (rede aérea e bateria).
A conclusão é de um estudo do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima (C40), divulgado pelo Ministério das Cidades na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025).
Entre as principais conclusões dos estudos da C40 e dos debates nos painéis da CNT estão:
– A CADA MIL ÔNIBUS A DIESEL TROCADOS POR ELÉTRICOS (BATERIA, TRÓLEBUS E ETROL), TRÊS PESSOAS NÃO MORREM POR PROBLEMAS DE SAÚDE ASSOCIADOS À POLUIÇÃO;
– O CICLO DE VIDA DE UM ÔNIBUS ELÉTRICO NO BRASIL E PAÍSES VIZINHOS GERA 77% MENOS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DO QUE UM MODELO A DIESEL EQUIVALENTE;
– OS ÔNIBUS ELÉTRICOS SÃO MAIS CAROS NA AQUISIÇÃO, MAS AO LONGO DO TEMPO SÃO MAIS BARATOS PORQUE DURAM DE 50% A 100% MAIS, TÊM CUSTOS DE MANUTENÇÃO 25% MENORES EM MÉDIA; O CUSTO ENERGÉTICO POR KM (PREÇO DO DIESEL x CUSTO DA ELETRICIDADE);
– ÔNIBUS ELÉTRICOS PODEM ATRAIR OU FIDELIZAR DEMANDA DE PASSAGEIROS, JÁ QUE COM MENOS RUÍDOS E TREPIDAÇÕES SÃO MAIS CONFORTÁVEIS, O QUE PODE MANTER OU AMPLIAS AS RECEITAS DA OPERAÇÃO;
– PODEM SER OPORTUNIDADES DE INDÚSTRIAS E REPRESENTANTES DA AMÉRICA LATINA SE REPOSICIONAREM NO CONTEXTO DA CHAMADA “NEOINDUSTRIALIZAÇÃO”, SE TRANSFORMANDO EM PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE VEÍCULOS MAIS MODERNOS E DE MAIOR VALOR AGREGADO;
– SÃO OPORTUNIDADES DE GERAÇÃO DE EMPREGOS MAIS QUALIFICADOS, COM MAIORES SALÁRIOS, RENDAS E BENEFÍCIOS, ESTIMULANDO TAMBÉM, PARA PREPARAR MÃO DE OBRA MAIS ESPECIALIZADA, UM APERFEIÇOAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR;
– OS GRANDES ENTRAVES HOJE DA INFRAESTRUTURA PARA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA E CARREGAMENTO DAS BATERIAS PODEM SER OPORTUNIDADES PARA MELHORIA DE SERVIÇOS DAS DISTRIBUIDORAS, JÁ QUE AO AJUSTAR AS REDES DE TENSÃO DOS BAIRROS E CIDADES PARA OS ÔNIBUS, OUTROS CONSUMIDORES, COMO RESIDÊNCIAS, ESCOLAS, UNIVERSIDADES, COMÉRCIOS, HOSPITAIS E IGREJAS SÃO BENEFICIADOS;
Contra fatos não há argumentos.
A Eletromobilidade é estratégia em vários aspectos.
A América Latina tem sido invadida por produtos elétricos não adequados às realidades das cidades dos Países da Região porque tais veículos e equipamentos ganham em preços, frutos de políticas agressivas de subvenções de seus países de origem. Estamos perdendo a oportunidade, ficaremos para trás se nada fizermos.
Mas dá tempo, a hora é agora, senão, o custo será alto demais: o custo do atraso.
ELETRA INDUSTRIAL
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes


