Publicado em: 23 de junho de 2025
Já é a segunda viagem internacional que o prefeito da capital paulista tem em agenda relacionada a este tipo de combustível, que é alternativa às dificuldades da eletrificação da frota
ÁDAMO BAZANI e ARTHUR FERRARI
Em mais uma agenda internacional, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes colocou o biometano entre as prioridades para entender o funcionamento e aplicabilidade em sistemas como de transporte coletivo.
Desta vez, foi em Milão, na Itália, que junto de outros 16 municípios de sua área metropolitana deixaram de destinar resíduos urbanos a aterros sanitários. A gestão é feita pela Amsa, empresa que adota um sistema integrado com foco em economia circular, reciclagem, compostagem e incineração com recuperação energética.
Segundo dados do relatório de 2024, Milão separou 139,9 toneladas de resíduos orgânicos, 66,1 t de vidro, 62,2 t de papel e 46,5 t de plásticos e latas. A coleta ocorre em horários definidos, de acordo com o tipo de material e localização da via.
Mais de 50% dos resíduos são encaminhados para usinas de produção de energia, e o restante é tratado em unidades terceirizadas para recuperação de materiais. Nenhum resíduo primário é destinado a aterros. A frota da Amsa conta com mais de 30 caminhões movidos a metano e possui mais da metade dos veículos operando com motores Euro 5 e Euro 6.
“Eles fazem uma reciclagem grande e aquele lixo que não tem como reciclar, eles estão fazendo sistema de combustão, que vira energia elétrica e energia térmica. Em São Paulo vamos ter quatro unidades dessas, que são as UREs, unidades de recuperação energética. São três ecoparques, que terão as quatro UREs, que recebe o lixo, faz a combustão, transforma energia elétrica e energia térmica, tem todo um processo de limpeza, de filtração e que sai a fumaça sem nenhum poluente, sem nenhum cheiro. Isso é o que as grandes cidades do mundo estão fazendo, o que que São Paulo também vai fazer”, disse o prefeito.
O biometano tem sido visto como alternativa pela administração municipal à frota de ônibus, diante das dificuldades da eletrificação. A prefeitura acusa a Enel de não preparar as redes de tensão e fazer as ligações necessárias para que ônibus elétricos sejam ampliados na cidade. Para se ter uma ideia, a meta de 2.600 coletivos morridos na eletricidade para dezembro de 2024 não foi batida, tendo atualmente apenas 550 coletivos desse tipo em circulação.
O resultado para a população na prática é o envelhecimento da frota atual. Desde outubro de 2022, as empresas não podem mais comprar veículos a diesel, mas como a eletrificação não avança, os ônibus estão cada vez mais velhos e problemáticos. A SPTrans ampliou de dez para 13 anos a idade máxima permitida desta frota.
No novo plano de metas, até 2028, a prefeitura propõe, ao invés de 2.200 ônibus elétricos, uma frota de 2.200 ônibus menos poluentes, considerando o biometano.
Como mostrou o Diário do Transporte, a prefeitura já fez um seminário sobre o tema, que mostrou a viabilidade, e a empresa Sambaíba prepara diversos veículos desse tipo, sendo que o primeiro já está sendo testado.
Relembre
Ádamo Bazani, jornalista especializado em transporte
Arthur Ferrari, para o Diário do Transporte