Publicado em: 4 de junho de 2025
Viações e prefeituras são notificadas oficialmente. Novos índices podem evitar paralisação total. Outra assembleia deve ser realizada na sexta-feira (06)
ADAMO BAZANI
Colaboraram Vinícius de Oliveira e Yuri Sena
As companhias de ônibus que operam no ABC Paulista se pronunciaram na noite desta terça-feira, 04 de junho de 2025, sobre a decisão dos trabalhadores em assembleia realizada na parte da tarde e que rejeitou a nova contraproposta de reajustes nos salários e benefícios apresentada pelos empresários. (As empresas ressaltam que hoje o salário dos motoristas do ABC é o segundo maior da categoria em todo o País, superando R$ 4,2 mil, que a contraproposta supera a inflação acumulada e pedem bom senso do Sintetra para evitar que dezenas de milhares de pessoas sejam prejudicadas com uma greve de ônibus. – VEJA NOTA OFICIAL INTEIRA MAIS ABAIXO)
A advogada do SETC-ABC, sindicato dos empresários, Eliane Pires Sabadin, disse ao Diário do Transporte e à Rádio ABC, que as companhias esperam bom senso para que não haja greve.
OUÇA:
Como mostrou o Diário do Transporte, ao fim do ato promovido pelo Sintetra, sindicato dos trabalhadores, por volta de 17h, os participantes seguiram em passeata da Vila Assunção, onde fica a entidade em Santo André (SP), pelas ruas do centro, como a Perimetral até o Terminal Santo André Oeste, o mais movimentado da cidade, que ficou fechado por cerca de uma hora.
As companhias de ônibus e prefeituras foram notificadas oficialmente. Novos índices podem evitar paralisação total, mas os trabalhadores não descartam novos protestos pontuais como oque ocorreu em Santo André (SP). Uma greve total, se ocorrer, para respeitar a legislação que determina 72 horas de antecedência a partir da decisão em assembleia, não vai deve ser realizada ainda nesta semana. Uma nova assembleia de trabalhadores deve ocorrer na sexta-feira (06).
O SETC/ABC (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do ABC), por meio de nota oficial, disse que as viações lamentam a decisão em assembleia e dizem que valores oferecidos superam dissídios (decisões judiciais trabalhistas) de outras categorias, inclusive de algumas representadas pelo mesmo Sintetra.
Na nota oficial, as viações ainda dizem que dezenas de milhares de pessoas podem ter ferido o direito de ir e vir com uma greve em pleno andamento de negociações e que população é prejudicada duas vezes pela “intransigência do Sintetra: caso haja uma paralisação total e em forma de ampliação de custos e sucateamento dos transportes”.
Inicialmente, as empresas ofereceram a reposição da inflação, de 5,32% pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Depois os relatam que aumentaram os índices no que classificaram de gestos positivos
Num gesto de boa vontade, diálogo e disposição, elevamos a proposta para 6% de reajuste nos pisos salariais e 7% sobre o Vale-Alimentação e sobre a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), sendo que o setor fechou as contas no prejuízo.
PEDIDOS INICIAIS:
Os trabalhadores rejeitaram o reajuste salarial e nos benefícios de 5,32% que reflete o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) oferecido pelas empresas. Entre os pedidos estão 5,32% de INPC mais aumento real de 8%, mesma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para quem trabalha em ônibus com ou sem cobrador, salário unificado entre motoristas de ônibus grandes (convencionais, articulados e trólebus) e mídis (micrões), além de VA (Vale Alimentação) em maiores valores.
A advogada do SETC-ABC, sindicato dos empresários, Eliane Pires Sabadin, disse ao Diário do Transporte e à Rádio ABC, que as companhias esperam bom senso para que não haja greve.
OUÇA:
“Bom dia, Adamo Bazani, Ricardo Leite, ouvintes da Rádio ABC, leitores do Diário do Transporte. Aqui quem fala é Eliane Pires Sabadin, advogada do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do ABC. Inicialmente, gostaríamos de lamentar a decisão da assembleia realizada na data de ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores, Sintetra, que após a negativa da proposta, fechou vias importantes do centro de Santo André e o principal terminal de ônibus da cidade. A proposta por nós apresentada supera a inflação acumulada do período, dos últimos 12 meses. As empresas nunca se negaram a negociar e o objetivo é a conciliação. Eu gostaria de ressaltar que o piso salarial da categoria é o segundo maior do país. Então, desta forma, pedimos o bom senso. A principal preocupação do sindicato patronal nesse momento é deixar de atender a população, e temos conhecimento que uma greve poderá prejudicar dezenas e milhares de pessoas que são atendidas pelo nosso transporte coletivo que faz a ligação do ABC com a capital, terão o seu direito de ir e vir impedido nesse momento. Estamos dispostos a negociar, abertos à negociação e torcendo pela conciliação.”
Presidente do Sindicato das viações – SETC-ABC (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do ABC), Milena Braga Romano, hoje reúne a maior frota de ônibus de toda a região do ABC, com NEXT Mobilidade (ônibus intermunicipais comuns, seletivos e do Corredor ABD – “trólebus), BR7 Mobilidade (sistema municipal de São Bernardo do Campo), além da companhia de fretamento e transporte escolar, Diastur. Tudo somado, chega a cerca de mil coletivos. A empresária deve também tentar o máximo para evitar a greve.
A região também é operada por empresas de outros grupos e que operam em outras cidades:
ÔNIBUS DO ABC PAULISTA:
MUNICIPAIS
Santo André
– Consórcio União Santo André, formando por Viação Guaianazes, Viação Curuçá, Viação Vaz e ETURSA -Empresa de Transportes Urbanos Rodoviários. (linhas gerais – maior parte do sistema);
– Suzantur (Sistema de Vila Luzita – maior demanda concentrada);
São Bernardo do Campo
BR 7 Mobilidade
São Caetano do Sul
VIPE (Viação Padre Eustáquio)
Diadema
Suzantur
Mauá
Suzantur
Ribeirão Pires
Suzantur (Rigras)
Rio Grande da Serra
Viação Talismã
Metropolitanos (ônibus comuns, ônibus seletivos e Corredor ABD – “trólebus” )
NEXT Mobilidade – mesmo grupo da BR 7, de São Bernardo do Campo.
Escolares e fretamento
Diastur – mesmo grupo da BR 7, de São Bernardo do Campo
OPERAÇÕES DIFERENTES:
Apesar de as sete cidades do ABC estarem conectadas, cada município possui uma realidade operacional diferente.
Por exemplo, enquanto São Caetano do Sul tem tarifa zero, sendo 100% subsidiada pela prefeitura, as outras cidades dependem de um mix de tarifas e repasses parciais.
Enquanto São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra possuem apenas uma empresa nas linhas municipais; em Santo André, há um consórcio com quatro companhias de transporte e mais um sistema com contrato emergencial.
Há também o sistema intermunicipal cujas regras de remuneração e repasse são do Governo do Estado.
Veja matérias anteriores sobre o tema no link:
Greve de ônibus no ABC: Articulação de prefeitos deve começar com viações sobre custos operacionais, mas são esperadas políticas de médio e longo prazos – VÍDEO
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaboraram Vinícius de Oliveira e Yuri Sena