Publicado em: 16 de agosto de 2025
Brás, Luz e Pindamonhangaba estão entre os marcos arquitetônicos tombados que narram a evolução social, econômica e urbana do estado
ALEXANDRE PELEGI
Em homenagem ao Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado em 17 de agosto, o Estado de São Paulo destaca suas estações ferroviárias como símbolos de memória e preservação cultural. Mais do que pontos de embarque e desembarque, esses espaços são testemunhos vivos de transformações urbanas, sociais e econômicas, marcados pela arquitetura singular e pela relevância histórica no desenvolvimento da malha ferroviária paulista.
Estações reconhecidas como patrimônio histórico
Estação Brás – Inaugurada em 1867, é tombada desde 1982. Conecta linhas da CPTM e do Metrô, transportando diariamente milhares de passageiros e mantendo viva a herança da São Paulo Railway.
Estação Franco da Rocha – Representa o período de expansão da SPR, fundamental para a consolidação do transporte ferroviário no estado.
Estação Jundiaí – Também inaugurada em 1867 pela SPR, teve papel estratégico no escoamento do café até o litoral paulista, consolidando-se como marco urbano e econômico.
Estação da Luz – Símbolo arquitetônico inspirado em construções londrinas, como o Big Ben e a Abadia de Westminster, foi tombada em 1982. Hoje, integra o Metrô (Linhas 1-Azul e 4-Amarela) e continua sendo cartão-postal ferroviário da capital.
Estação Pindamonhangaba (EFCJ) – Inaugurada em 1922, abriga murais em azulejo instalados em 1994 e foi tombada em 2021. Sede administrativa da Estrada de Ferro Campos do Jordão, também conta com um Centro de Memória Ferroviária.
Além delas, outras estações – como Caieiras, Jaraguá, Juventus-Mooca, Perus, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Várzea Paulista – também têm proteção de tombamento.
O papel histórico da ferrovia em São Paulo
A história das ferrovias paulistas está intimamente ligada ao ciclo do café, no século XIX. O grande marco foi a inauguração da São Paulo Railway em 1867, ligando Santos a Jundiaí, fundamental para o escoamento da produção cafeeira. Essa ferrovia impulsionou não apenas a economia, mas também a formação de cidades ao longo da linha, estimulando a urbanização do interior.
Outras companhias ferroviárias surgiram na sequência, como a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a Companhia Mogiana e a Estrada de Ferro Sorocabana, que ampliaram a rede e fortaleceram o transporte de cargas e passageiros. No início do século XX, São Paulo já possuía uma das maiores malhas ferroviárias do Brasil, conectando o interior ao Porto de Santos.
Com o passar das décadas, a ferrovia deixou de ser apenas via de exportação do café e passou a atender também ao transporte urbano e metropolitano, consolidando-se como parte essencial da mobilidade. A partir da segunda metade do século XX, entretanto, o declínio da ferrovia como modal de cargas e a expansão rodoviária alteraram esse equilíbrio. Ainda assim, no transporte de passageiros, as linhas metropolitanas mantiveram seu papel central.
Hoje, ao preservar suas estações históricas, São Paulo também preserva a memória de um período em que a ferrovia foi motor do desenvolvimento econômico e urbano do estado.
Tombamento e conservação
O tombamento garante a preservação da identidade e da memória coletiva. Mais que conservar a estética, protege o papel histórico das estações na vida urbana. Para manter essa herança, a CPTM investe em restauração e conservação. Recentemente, a Estação da Luz passou por obras de restauro, que incluíram a recuperação de fachada, torreões, muros e do prédio administrativo, sob supervisão dos órgãos de preservação.
Dia Nacional do Patrimônio Histórico
A data foi criada em homenagem a Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898–1969), fundador do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1937. Sua atuação pioneira consolidou políticas de preservação em todo o país.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes