Publicado em: 27 de dezembro de 2024
Capital registrou 239 casos no período citado; prejuízo financeiro na última década chega a R$ 365 milhões
VINÍCIUS DE OLIVEIRA
A Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro) divulgou nesta sexta-feira, 27 de dezembro de 2024, um levantamento que aponta que o estado do Rio de Janeiro teve, em média, um ônibus incendiado de forma criminosa a cada nove dias entre 2014 e 2024.
Nos últimos dez anos, um total de 430 coletivos foram atacados e destruídos em 25 cidades, o que acaba por afetar as vias públicas, paralisa atividades econômicas no entorno e põe em risco a segurança de passageiros, rodoviários e moradores das regiões onde os ataques ocorrem, principalmente em municípios da Região Metropolitana.
Estes são os dez municípios com mais incidentes entre 2014 e 2024: Rio de Janeiro (239), Duque de Caxias (55), Nova Iguaçu (24), Magé (18), Niterói (17), São Gonçalo (16), Belford Roxo (12), Japeri (8), Macaé (8) e São João de Meriti (6).
A estimativa é de que o prejuízo financeiro na última década chega a R$ 365 milhões, considerando que cada ônibus novo custa, em média, R$ 850 mil.
De acordo com a Semove, apenas um ônibus caso incendiado deixa de transportar até 70 mil passageiros em seis meses, tempo necessário para a reposição do veículo.
“São recursos que poderiam estar sendo investidos na melhoria da mobilidade urbana, em busca da qualidade que o passageiro tanto deseja. A segurança, não só nos ônibus, como também nos acessos e no ponto de espera, é um fator que influencia o comportamento do usuário e pode afastá-lo do transporte público. Compartilhar essas informações numa ferramenta pública é uma contribuição importante que o setor de ônibus pode dar às autoridades responsáveis e a toda sociedade em prol de um transporte cada vez melhor, mais seguro e eficiente”, explica a diretora de Mobilidade da Semove, Richele Cabral.
“Cada ônibus incendiado é menos um ônibus nas ruas no dia seguinte e menos um ônibus que está em circulação que deixa de ser renovado. Sem dúvida, o maior prejuízo é o do passageiro, que terá menos opções de transporte. Deve ser lembrado que não há seguro para ataques criminosos a ônibus, e o prejuízo é de todos”, complementa a diretora.
Com o intuito de alertar as autoridades responsáveis pela segurança e informar a sociedade sobre os prejuízos à mobilidade urbana, a federação está lançando a plataforma Ônibus em chamas, que reúne dados sobre os veículos incendiados em atos de vandalismo desde 2014.
Os usuários poderão consultar cada caso registrado no Estado, tendo acesso a informações como data, local e quantidade de ataques; a empresa responsável pela operação da linha e os custos para reposição dos coletivos destruídos.
O lançamento da plataforma no site da Semove será marcada pela campanha “Quando um ônibus é queimado, quem perde é você”, que vai disponibilizar à população informações sobre o impacto que os ataques causam diariamente a quem precisa se deslocar utilizando o transporte público. A divulgação será feita em terminais de ônibus, em pontos de grande movimento e nas redes sociais da Semove.
Vinícius de Oliveira, para o Diário do Transporte