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Estudo releva que é mais vantajoso manter trólebus e o sistema E-Trol em São Francisco que adotar ônibus elétricos a bateria


Na avaliação de especialista ouvido pelo Diário do Transporte, cada município tem uma realidade diferente e que devem ser feitos estudos para cada caso, mas trabalho demonstra que a cidade “protege os recursos públicos e o meio ambiente” optando pelo sistema expandido com trólebus dotados de bateria que deixa autônoma a operação em alguns trechos

ADAMO BAZANI

Trólebus modernos ou desativar as redes e substituir por ônibus a bateria?

O dilema que é enfrentado pela cidade de São Paulo, com as recentes baixas de 12 trólebus dos antes 201 da frota e com as declarações do prefeito Ricardo Nunes, sobre uma eventual desativação da rede, teve uma resposta, ao menos para o sistema de São Francisco, nos Estados Unidos, onde estudo independente concluiu: manter os trólebus e modernizar as redes, inclusive com modelos que circulam conectados à rede aérea, mas que têm baterias que deixam a circulação autônoma em alguns trechos, pode ser mais interessante do ponto de vista ambiental e econômico.

No Brasil, esta tecnologia é conhecida como E-Trol e vai integrar um corredor de ônibus na Grande São Paulo, de 18 km, entre a capital e o ABC Paulista, o BRT-ABC.

Tecnicamente, este modelo é denominado de IMC – In Motion Charging, ou Carregamento em Movimento, porque quando estes veículos estão conectados à rede aérea estão carregando as baterias.

Atualmente, São Franscisco possui 278 trólebus, a maior frota atualmente em operação no mundo.

O estudo foi encomendando pelo sindicato dos trabalhadores da agência de transportes de São Francisco, conhecida localmente como “Muni”.

De acordo com o levantamento, se a infraestrutura elétrica já existente for aproveitada, ou seja, a rede de trólebus, colocando os veículos E-Trol ou IMC, seria possível mais que dobrar a frota de ônibus não poluentes. Para isso, no caso de São Francisco, essa frota cresceria mais de 100%, porém com apenas 33% a mais de rede aérea implantada. Na cidade norte-americana, por exemplo, a rede de ônibus não poluentes somaria 338 km.

Em realidades como a de São Paulo, que não conseguiu cumprir as metas de eletrificação de frota por causa da falta de infraestrutura para recarga de baterias, considerar manter e renovar a rede de trólebus, inserindo E-Trol/IMC poderia ser estratégico para cumprir a lei municipal que determina que até 2038 nenhum coletivo da cidade emita CO2.

A meta era de que até dezembro de 2024 seriam 2,6 mil ônibus elétricos. Em dezembro de 2025, são pouco mais de mil.

Desde 17 de outubro de 2022, as viações da capital paulista são impedidas de comprar ônibus a óleo diesel. Como não há infraestrutura para o ritmo de renovação do total de quase 13 mil coletivos na cidade, a frota está envelhecendo e a gerenciadora do sistema, a SPTrans (São Paulo Transporte) autorizou que as viações rodem com ônibus de até 13 anos em vez de 10 anos, como previsto originalmente nos contratos.

O Diário do Transporte ouviu o membro do Comfrota (comitê da cidade de São Paulo que acompanha a troca de frota), o especialista e engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e especialização internacional, Olímpio Alvares, que disse que cada município tem uma realidade diferente e que devem ser feitos estudos para cada caso, mas o trabalho demonstra que a cidade “protege os recursos públicos e o meio ambiente” optando pelo sistema expandido com trólebus dotados de bateria que deixa autônoma a operação em alguns trechos.

“Cada caso deve ser analisado com suas especificidades, com estudos próprios para cada sistema de transportes. O estudo confirma a vantagem competitiva dos sistemas IMC diante das alternativas existentes de eletrificação do transporte público. Ou seja, o estudo demonstra que a cidade ‘protege os recursos públicos e o meio ambiente’ optando pelo sistema expandido com IMC” explicou.

“Necessário ressaltar, entretanto, que os estudos comparativos de TCO – Custo Total de Propriedade e impacto ambiental no ciclo de vida, são extremamente relevantes – e indispensáveis -, pois cada caso e local é muito distinto de outro” prosseguiu Olímpio ao Diário do Transporte, sugerindo que, antes de decisões mais radicais, todas as possibilidades e tecnologias devem ser estudadas e analisadas e, dependendo dos resultados, um mix de soluções ser considerado.

O especialista ainda apontou ao Diário do Transporte outras vantagens de manter as redes de trólebus com modelos que têm recarga em movimento para a realidade de São Franciso.

“É interessante ressaltar neste caso de São Francisco, que para os ônibus elétricos convencionais a bateria (sem rede aérea), há um alto custo do grande número de subestações, que parece ser ignorado, já que muitas vezes, são fornecidas pela concessionária de energia – além das reformas milionárias da rede para migração para alta tensão. Com os trólebus IMC, a recarga de baixa corrente aumenta a vida útil das baterias, que são muito menores, e permite uma frota menor (com menos motoristas) para o mesmo volume de transporte; além disso, praticamente elimina a necessidade da incômoda infraestrutura de recarga e seus custos gerais na garagem. Lembre-se ainda, que o Poder Público deve necessariamente disponibilizar os merecidos subsídios ambientais ao comprovado e centenário Trólebus”  – explicou Olímpio ao repórter Adamo Bazani, do Diário do Transporte.

As conclusões do estudo mostram:

  • Ao contrário dos trólebus tradicionais, os trólebus da IMC vêm equipados com baterias a bordo e não precisam de fios aéreos em todas as suas rotas, o que lhes permite maior flexibilidade em termos de infraestrutura e trajetos, além de reduzir custos. Um aumento de 33% na fiação aérea permitiria à cidade dobrar sua frota de ônibus elétricos, adicionando 338 quilômetros (210 milhas) de serviço eletrificado.
  • Os trólebus IMC são mais eficientes em termos energéticos do que os ônibus elétricos a bateria. Eles carregam ao longo do dia através das catenárias aéreas e, portanto, têm uma curva de demanda de eletricidade mais suave do que os ônibus elétricos a bateria.
  • Os trólebus da IMC possuem baterias significativamente menores do que os ônibus elétricos a bateria. A redução do tamanho das baterias também diminuirá a necessidade de espaço para abrigar os ônibus na cidade e limitará a quantidade de materiais necessários para a fabricação das baterias, como o lítio.
  • A eficiência dos trólebus da IMC reduziria em 18% o número de veículos de transporte público necessários para a prestação do serviço, em comparação com os ônibus elétricos a bateria, e economizaria dinheiro para São Francisco durante a transição de sua frota.
  • Em São Francisco, já existe uma força de trabalho experiente e robusta que realiza a manutenção e o reparo de uma geração anterior de trólebus da IMC. A expansão da frota proporcionaria segurança a longo prazo para os trabalhadores sindicalizados, além de criar novas oportunidades de emprego.

Veja o sumário do levantamento de 2023, mas atualizado recentemente, obtido pelo Diário do Transporte:

O Potencial dos Trólebus

Análise de Alternativas para a Eletrificação do Muni de São Francisco

(RESUMO TRAZIDO PELO REPÓRTER ADAMO BAZANI, DO DIÁRIO DO TRANSPROTE)

por Andrés Díez Restrepo, José Valentín Restrepo, Mauricio Restrepo Restrepo, Lina María Parra Hoyos, Matthew Haugen e Alex Lantsberg

em parceria com a Universidad Pontificia Bolivariana, Universidad del Norte, Metro de Medellín, The San Francisco Electrical Construction Industry (SFECI) e IBEW Local 6

A transformação do transporte será uma parte crucial do esforço de descarbonização nos Estados Unidos, onde o transporte de pessoas e mercadorias gera mais emissões de gases de efeito estufa do que qualquer outro setor. O transporte público de massa será um pilar fundamental da transição verde, pois pode deslocar pessoas utilizando muito menos energia e recursos do que veículos particulares – elétricos ou não. A cidade de São Francisco reconhece há muito tempo os inúmeros benefícios do transporte público, incluindo o uso de trólebus por mais de 80 anos como parte de seu sistema de transporte coletivo. 

Os trólebus são veículos de transporte público elétricos com pneus de borracha, alimentados por fios aéreos em vez de motores de combustão interna a bordo, e são ideais para o terreno íngreme de São Francisco. Em 2019, a Califórnia aprovou a regra de Transporte Limpo Inovador, que exige que a cidade elimine gradualmente os veículos de transporte público movidos a diesel em favor de alternativas com emissão zero. Embora existam vários caminhos para eletrificar a frota de ônibus de São Francisco, uma nova análise mostra que  proteger e expandir o robusto sistema de trólebus da cidade e eletrificar sua frota a diesel por meio da moderna tecnologia de carregamento em movimento (IMC) pode ser mais barato e mais eficiente em termos de recursos para atingir as metas climáticas da cidade.

  • Ao contrário dos trólebus tradicionais, os trólebus da IMC vêm equipados com baterias a bordo e não precisam de fios aéreos em todas as suas rotas, o que lhes permite maior flexibilidade em termos de infraestrutura e trajetos, além de reduzir custos. Um aumento de 33% na fiação aérea permitiria à cidade dobrar sua frota de ônibus elétricos, adicionando 338 quilômetros (210 milhas) de serviço eletrificado.
  • Os trólebus IMC são mais eficientes em termos energéticos do que os ônibus elétricos a bateria. Eles carregam ao longo do dia através das catenárias aéreas e, portanto, têm uma curva de demanda de eletricidade mais suave do que os ônibus elétricos a bateria.
  • Os trólebus da IMC possuem baterias significativamente menores do que os ônibus elétricos a bateria. A redução do tamanho das baterias também diminuirá a necessidade de espaço para abrigar os ônibus na cidade e limitará a quantidade de materiais necessários para a fabricação das baterias, como o lítio.
  • A eficiência dos trólebus da IMC reduziria em 18% o número de veículos de transporte público necessários para a prestação do serviço, em comparação com os ônibus elétricos a bateria, e economizaria dinheiro para São Francisco durante a transição de sua frota.
  • Em São Francisco, já existe uma força de trabalho experiente e robusta que realiza a manutenção e o reparo de uma geração anterior de trólebus da IMC. A expansão da frota proporcionaria segurança a longo prazo para os trabalhadores sindicalizados, além de criar novas oportunidades de emprego.

À medida que mais agências de transporte público nos EUA começam a desenvolver seus próprios planos de eletrificação, essas descobertas têm implicações e aplicações muito mais amplas. Os trólebus, um meio de transporte frequentemente negligenciado, podem ser a chave para sistemas de transporte eficientes em termos de recursos, operacionalmente simples e econômicos, essenciais para limitar a crise climática.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes



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